Vade retro 2020, mas deixa-nos estes bons smartphones. Entre surpresas de fabricantes que, de tão estabelecidas e dominantes, se tornaram previsíveis, às jovens promessas que olham para a Europa com apetite redobrado perante o desaire alheio, estas são as escolhas do vosso autor, Rui Bacelar.
Após testar, estudar e recomendar os integrantes desta seleção, chegou o momento para discorrer um pouco sobre cada um deles e as marcas que representam. Avisa-se o leitor, o curioso, entusiasta, ou representante que a verdade se serve crua.
Samsung Galaxy S20 FE 5G: "a surpresa"
Habituei-me a bons smartphones Samsung. Afinal, o que mais podia esperar da maior fabricante mundial de dispositivos móveis? Tomei-lhe o gosto com o Galaxy S4 de linhas bem definidas e ri-me um bom bocado com o S5. Seguiu-se o S6, a primeira joia da Samsung a que daria lugar o impecável S7, um dos melhores smartphones Samsung a par do Galaxy S3.
Foi a partir dos Galaxy S8 que fiquei realmente a gostar do que era feito pela marca, firmando-se o sentimento com os Galaxy S9. Pouco depois, com os Galaxy S10 dei por mim aborrecido e nos Galaxy S20 não vi nada que gritasse "Samsung", ou líder indiscutível de mercado, a não ser o preço alto e aí não há nada para gostar. Caro e bom há muito quem faça. Acessível, nem tanto.
Em 2020 a Samsung destacou-se na relação preço / qualidade com o Samsung Galaxy S20 FE 5G, um nome grande para um smartphone que desafiou as minhas expectativas, mas que me intrigou profundamente. A dualidade entre o plástico e metal, as cores refrescantes e o absoluto desempenho nos vetores que realmente importam. Velocidade, ecrã, câmara, design e preço.
Esperei que o Galaxy S20 FE 5G me desiludisse. Esperei durante todo o tempo em que o testei. Nunca o fez. Em 2020 a Samsung surpreendeu-me com um smartphone que preenche todos os moldes e não custa uma pequena fortuna. Um bem-haja.
Huawei P40 Pro: "o malfadado"
O Huawei P40 Pro foi o smartphone que mais me cativou em 2020, mas oxalá o pudesse recomendar de consciência tranquila. É, na minha ótica, o smartphone mais elegante do ano, que mais prazer me proporcionou sempre que pegava nele. Uma pérola autêntica.
E a câmara fotográfica meus caros, mas que máquina esta. Um belo pedaço de hardware com a capacidade de despertar a criatividade e arrancar-me dos hábitos sedentários para ir fotografar. Sim, com um telemóvel (inteligente), não que faltem máquinas por aqui, mas foi a primeira vez em que me senti completo e preparado para captar os melhores momentos com um smartphone.
Escusado será dizer que o Huawei P40 Pro é rápido, repleto de comodidades, e até o "click" dos botões físicos me trouxe sensações positivas. Há, depois, um pequeno problema, coisa pouca, uma insignificância chamada Google e que por acaso domina a Internet.
A geração Huawei P40 Pro foi o canto do cisne para esta outrora marca dominante, mas cuja idade de ouro chegou definitivamente ao fim. A falta de serviços e aplicações Google é, em 2020, uma desvantagem incontornável, ainda que tal possa vir a mudar à medida que os HMS amadurecem.
OPPO Reno4 5G: a promessa
OPPO, finalmente em Portugal. A gigante chinesa é uma das maiores rivais da Huawei no seu mercado natal, lança-se este ano em terras lusas com a geração OPPO Reno4. Trata-se de uma fabricante bem estabelecida que agora almeja chegar ao topo do mercado no nosso país, tendo capital e know-how sobrante para o fazer. O primeiro contacto com a marca foi bastante positivo.
Fazendo-se representar de forma humildemente humana, a OPPO deu os primeiros passos em Portugal, ainda que de forma tímida, mas suficiente para deixar antever alguns trunfos dos seus produtos. O carregamento rápido, por cabo, é algo que nunca tinha visto e não fosse este mesmo cabo um empecilho face ao carregamento wireless e estava completamente rendido ao mesmo.
Com o OPPO Reno4 5G e Reno 4 Z 5G em mãos, pude testar as premissas da fabricante, desde a sua interface onde o verde é a cor de destaque, às modificações do sistema operativo Android. Algumas úteis, mas muitas ainda manifestamente orientais. Algo que a fabricante seguramente trabalhará no sentido de adaptar os seus bons smartphones para o mercado da Europa.
A OPPO é uma fabricante de topo que se quer afirmar sobretudo no segmento premium. Serve isto para dizer que os seus preços são mais altos que outras concorrentes, mas há nos seus produtos caraterísticas e tecnologias que farão a diferença em 2021.
Xiaomi Mi 10T Lite 5G: o imbatível
Chegamos à vez da Xiaomi. Aos rodos de smartphones, telemóveis, telefones, aos gadgets campeões da relação preço / qualidade. Não há mesmo como fugir da Xiaomi e ao seu ecossistema de produtos, sobretudo quando há bons smartphones que merecem todo o nosso destaque e atenção. Escolhi o Xiaomi Mi 10 T Lite 5G, mas podia igualmente ter optado pelo POCO X3 NFC.
Este é o smartphone que dá resposta à maioria das necessidades dos utilizadores sem custar uma pequena fortuna. O resto? São maioritariamente criações de marketing, necessidades artificiais e inflacionadas por nomes sonantes, chavões e prefixos ou sufixos como "Pro", "Ultra", ou "Plus" - podem até fazer um pouco mais e melhor, mas também acabam por custar o dobro.
É perante esta reflexão - "afinal o que é que precisamos num bom smartphone" - que dou por mim a recomendar o Xiaomi Mi 10T Lite 5G no final de 2020. Tem um bom preço, boa construção, design elegante e acima de tudo é rápido e competente! Não há forma de refutar o mérito deste produto a não ser com o ritmo quase frenético com que a marca tende a substituir os seus modelos.
De qualquer modo, a Xiaomi é marca inevitável quando o orçamento não é ilimitado. Aqui tens uma boa compra, seja nas lojas online ou nas lojas físicas oficiais, as Mi Store. Em 2020 a Xiaomi implementou-se em Portugal, em 2021 continuará a crescer.
Apple iPhone 12 Pro: o cobiçado
O fruto proibido. O jogo de marketing. A simplicidade aliciante de uma plataforma que "simplesmente funciona". E a cor, vejam-se só este belo azul profundo, se bem que ainda há o iPhone 12 Pro Max, mas até o meu FOMO (fear of missing out) tem limites. Em 2020 escolho o Apple iPhone 12 Pro como objeto de desejo, não propriamente sonho de consumo, mas decididamente cobiçado.
Enquanto utilizador de computadores Apple, a transição para iPhone é um passo provavelmente inevitável. Não obstante, o valor cobrado pelos produtos de Cupertino, sobretudo no departamento mobile, dificilmente é justificável no mercado nacional. Por isso apelido-o de produto de cobiça, não sendo certamente uma necessidade.
Certo é que os méritos do A14 Bionic são dignos de nota, que a construção brilhante e o design com um toque clássico me derreteram, mas continuamos a esbarrar em bem mais de mil euros. Seja como for, já há vários anos que a Apple não me fazia vibrar de tal forma com o lançamento de um smartphone e nem falemos dos novos MacBook com o processador M1, ousados!
O Apple iPhone 12 Pro é um smartphone quase banal na medida em que se tornou tão popular que se pode confundir com sinónimo de smartphone, existindo conforto nessa normalidade. Até as suas câmaras, com "apenas 12 MP", mas como não tenho por hábito imprimir pósteres ficaria tão bem servido com essa "mísera" resolução. É bonito, rápido, cativante, mas caro, muito caro.
2020 não foi assim tão mau, no mercado de smartphones, entenda-se.
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