EUA podem voltar a negociar com a Huawei para garantir a sua supremacia na Tecnologia

Rui Bacelar
Rui Bacelar
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A Huawei arca com severas restrições desde 2019 quando o então Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, colocou a fabricante chinesa na "Entity List", a "lista negra" dos EUA. Acusando a tecnológica de ter ligações ao Partido Comunista Chinês, bem como ao exército da China, o destino da Huawei ficaria selado desde então.

Impedida de negociar com qualquer empresa norte-americana, valendo o mesmo para as empresas norte-americanas que quisessem encetar negociações com a empresa chinesa, a sua posição no mercado global derraparia. Aliás, nem no seu mercado doméstico a Huawei conseguiu segurar-se junto das maiores fabricantes e tal cenário não mudará num futuro próximo.

Possível alívio das sanções visa assegurar a posição dos EUA, não da Huawei

The Biden administration plans to broaden curbs on US shipments of semiconductors for artificial intelligence and chipmaking tools to China, Reuters reported https://t.co/MbkJEwLZj8

— Bloomberg (@business) 12 de setembro de 2022

Segundo avança a publicação Bloomberg, o governo dos EUA quer aliviar as restrições na partilha de tecnologia com as empresas colocadas na "lista negra". Fá-lo-ão, contudo, nos seus termos estritos e com o intuito de evitar que a China se torne a nova potência tecnológica do mundo.

O raciocínio sendo particularmente simples. Ao barrarem toda e qualquer tecnologia Às empresas chinesas, estas foram obrigadas a desenvolver soluções próprias em todos os campos e áreas relevantes. O resultado? A China assim o tem vindo a fazer, ao ponto de preocupar os decisores norte-americanos, podendo a sua nação ficar para trás nesta corrida "High Tech".

Assim sendo, o Departamento de Comércio dos EUA estará a trabalhar num alívio de certas restrições com vista à partilha de software e determinadas tecnologias (de baixo nível de segurança).

Tudo para garantir que os EUA estão presentes no palco tecnológico global e respetivo processo decisório.

Todavia, até ao momento o departamento de comércio não anunciou a lista de tecnologias que pode ser partilhada com a Huawei e outras tecnológicas chinesas. Assim que tal suceda, também o daremos a conhecer aos leitores 4gnews.

Retração das empresas norte-americanas veio dar mais espaço e relevância à China

Huawei

Em 2019, as empresas norte-americanas retiveram-se de toda e qualquer negociação com empresas tecnológicas sediadas na China.

O resultado? O tecido empresarial norte-americano ficou de fora do processo decisor de novos padrões de tecnologia a serem cada vez mais decididos na China. Portanto, para voltarem a ter uma palavra a dizer na formação de padrões, as negociações devem ser parcialmente retomadas.

A Huawei é apenas uma das empresas que podem ser abrangidas pelo possível levantamento de sanções. As declarações foram feitas por Alan Estevez, representante do departamento norte-americano de comércio.

EUA querem continuar no topo do mundo "Tech"

As sanções impostas pelos EUA em 2019 afetaram particularmente a Huawei e o seu modelo de negócios. A empresa chinesa continua impedida de utilizar tecnologia norte-americana, especialmente no respeitante às redes móveis de 5.ª geração, o 5G.

Sem outra hipótese a não ser o desenvolvimento de soluções próprias, a marca desenvolveu o seu próprio sistema operativo, HarmonyOS com algum sucesso no mercado doméstico. Entretanto, a sua posição nos mercados globais continua a decair de ano para ano.

Por fim, tal como avança a HuaweiCentral, um potencial levantamento das sanções pode dar à Huawei um tão necessário balão de oxigénio. Não é, ainda, demasiado tarde para a empresa voltar ao mercado de smartphones Android, mas só o tempo o dirá.

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Rui Bacelar
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O Rui ajudou a fundar o 4gnews em 2014 e desde então tornou-se especialista em Android. Para além de já contar com mais de 12 mil conteúdos escritos, também espalhou o seu conhecimento em mais de 300 podcasts e dezenas de vídeos e reviews no canal do YouTube.