10 mil pessoas pedem investigação aos youtubers portugueses à Polícia Judiciária

Rui Bacelar
Rui Bacelar
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Mais de 10 mil pessoas já assinaram a petição pública que clama por uma investigação formal aos youtubers portugueses e influenciadores digitais. O clamor é dirigido à Polícia Judiciária, bem como ao Supremo Tribunal de Justiça.

Os subscritores pedem que os "esquemas aliciantes" sejam investigados pelas autoridades, condenando o que classificam como burla por parte dos influenciadores digitais. Em causa está a venda de cursos sobre mercados financeiros, criptomoedas, Forex, etc.

Youtubers portugueses expostos pela comunidade de utilizadores

Bitcoin

Expondo o que consideram ser esquemas altamente aliciantes e dirigidos à base de seguidores e subscritores, maioritariamente de tenra idade, a Petição tem cerca de 10 mil assinaturas e tem dominado as redes sociais, particularmente as trends do Twitter.

O documento identifica como problemática a "premissa de enriquecer rapidamente" como principal motivação. A agravante sendo o facto de ser uma tendência em crescimento no YouTube e comunidade online, aproveitando-se dos seus milhões de seguidores.

Sendo "normalmente praticado por influenciadores, que usando a sua influência e/ou exibindo luxos além de claro a posterior venda de cursos e/ou uso de sistema de afiliados e através deste sistema promovendo corretoras com alavancagens enormes que permitem o enriquecimento desonesto destes burlões à custa de perdas enormes por parte das pessoas burladas."

"Estes burlões usam os mercados financeiros como ilusão para o enriquecimento rápido para enganar as pessoas burladas como, por exemplo, forex, ações e criptomoedas", lê-se também no documento online.

RedLive13, o youtuber e hacker que pegou no archote

A petição ganhou nova tração após os esforços e exposição dada ao assunto pelo canal RedLive13. Foi sob esta alcunha que o youtuber e hacker ou pirata informático começou por revelar o engodo dos cursos em questão.

Ao longo de vários vídeos, o responsável pelo canal RedLive13 deu a conhecer os cursos vendidos, a cerca de 400 euros, através do servidor de Discord criado para o efeito. Atualmente, o servidor tem mais de 15 mil membros e continua a crescer.

Estas vozes de protesto expõe o que consideram como burla, com a agravante de ser perpetrada junto dos mais novos. Isto uma vez que a maioria dos youtubers portugueses têm a sua maior base de subscritores junto das crianças e jovens menores de idade.

O Twitter vibra com o "cancelamento" aos canais visados

Iguana do Windoh fugiu? ou morreu por falta de cuidados@WinndohSe traiste a Angie Costa, porque não haverias de trair os teus inscritos.Transparência diz ele. pic.twitter.com/Lsu54UBOWz

— redlive13 (@redliveOfficial) 3 de março de 2021

O resultado é uma ação de "cancelamento" coletivo aos canais de YouTube em questão. Atualmente as ações deRedLive13 continuam a desdobrar-se na exposição destas práticas e sensibilização para a literacia digital e financeira.

As atenções do hacker e youtuber RedLive13, de 21 anos, concentram-se no youtuber português Windoh. Este é um dos maiores influenciadores digitais da atualidade, tendo chegado a trabalhar com a MEO (Altice Portugal) em spots publicitários.

Atualmente é o assunto mais quente do Twitter em Portugal, dominando as trends, ao mesmo tempo que a Petição Pública continua a reunir mais assinaturas. O abaixo-assinado é apenas uma das várias ações tomadas pela comunidade online.

Windoh, alcunha e nome do canal de Diogo Figueiras, que até há pouco tempo vendia cursos de investimento em ações e criptomoedas a 400 euros, já veio a público defender-se. O influenciador reagiu e classificou como blasfémias, mentiras e de serem apenas rumores.

RedLive13 sustenta a alegação de burla naquilo que diz ser conteúdo "copypaste" da Wikipedia". Os cursos em questão foram divulgados gratuitamente no servidor de Discord criado para o efeito.

Windoh, o youtuber português no centro da controvérsia

#CancelarWindoh#CancelarNumeiro#CancelarDavidGYT#CancelarFerp Desculpa windoh por pouco esquecia-me de ti! pic.twitter.com/qCV2SJSOmE

— redlive13 (@redliveOfficial) 2 de março de 2021

O "líder" desta ação de cancelamento, RedLive13, foi identificado em abril de 2020 pela Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e à Criminalidade Tecnológica da Polícia Judiciária.

Em causa estavam o acesso indevido às várias sessões de Zoom que então divulgou no YouTube. A prática de zoombombing manchou o seu passado, mas terá agora colocado os seus conhecimentos ao serviço de uma causa maior.

Sublinhamos que além das ditas práticas de burla, RedLive13 expõe outra irregularidade, a promoção de sites de apostas online sem licença para operar em Portugal. Esta prática será comum entre grandes youtubers portugueses como o Windoh.

Aliás, já em 2019 a reportagem da Rádio Renascença expunha a promoção de sites ilegais de apostas. A prática foi detetada em canais como o Wuant, Windoh, Sirkazzio, Tiagovski, entre outros youtubers influentes.

Hugo Medeiros foi um dos primeiros youtubers a expor a prática em Portugal

Hugo Medeiros foi outro dos youtubers a trazer à luz esta temática. O responsável pelo canal de YouTube "MedHug" veio, por várias vezes, denunciar os supostos esquemas que envolvem mercados financeiros, vendas de cursos e criptomoedas.

Mais ainda, Medeiros terá sido pressionado pelos representantes legais de alguns dos youtubers portugueses a remover as suas acusações. Algo que veio a fazer, removendo um dos vídeos do ar, mas não se coibindo de "continuar a luta online".

A coação denunciada por Medeiros acabou por atrair mais atenções para a sua mensagem.

Entretanto, o youtuber Windoh já terá procedido à devolução das quantias pagas pelas 22 pessoas que compraram então o seu curso por 400 euros.

Os canais de YouTube indicados na Petição Pública são os seguintes:

  • Numeiro - João Barbosa
  • Windoh - Diogo Figueiras:
  • DavidGYT - David Soares;
  • Ferp - Fábio Pereira
  • Claudio André;
  • Fx_Papi;
  • Joaofox92;
  • Jamestradingjar;
  • Consultor.academy;

Por fim, segundo avança o Expresso, a PJ estará a analisar os cursos de criptomoedas organizados pelos youtubers portugueses em questão.

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Rui Bacelar
Rui Bacelar
O Rui ajudou a fundar o 4gnews em 2014 e desde então tornou-se especialista em Android. Para além de já contar com mais de 12 mil conteúdos escritos, também espalhou o seu conhecimento em mais de 300 podcasts e dezenas de vídeos e reviews no canal do YouTube.