A cada ano que passa, a pergunta mantém-se: como a Xiaomi consegue continuar a melhorar a sua pulseira de atividade, mantendo-a tão acessível? A nova Xiaomi Smart Band 10, que chegou a Portugal por 49,99 € menos de 24 horas depois do seu lançamento na China, é a resposta.
Esta não é uma revolução, é uma evolução. Usei-a como meu wearable principal durante as duas semanas, para trabalhar, dormir, treinar e viver o dia a dia. Neste artigo conto-te porque é que ela continua a ser a recomendação óbvia para a esmagadora maioria das pessoas.
Unboxing
A experiência de abrir a caixa de uma Smart Band é sempre simples e direta. Encontras a pulseira, já com a bracelete de silicone preta colocada, o pequeno cabo de carregamento magnético (USB-A) e os manuais.
Como é habitual, não há botão físico para a ligar; ela ganha vida assim que a encostas ao carregador pela primeira vez. É importante referir neste campo que continuamos a ter o mesmo carregador das gerações anteriores e o mesmo sistema intuitivo de colocar braceletes.
Ecrã e desempenho
O ecrã sempre foi um dos pontos fortes das smart bands da Xiaomi. Mas na décima geração, ele está simplesmente espetacular. O painel AMOLED cresceu para as 1,72 polegadas, e esta diferença de tamanho nota-se imediatamente, tornando toda a informação mais fácil de ler.
O aproveitamento do ecrã é excelente, com margens bastante reduzidas que lhe conferem um aspeto mais moderno e imersivo, mantendo o icónico formato oval. Temos agora margens simétricas de apenas 2,0 mm e aproveitamento de ecrã face ao corpo de 72%.
A taxa de atualização de 60 Hz, que se mantém face à geração anterior, garante que todas as animações e o scrolling pelos menus fluidos, sem qualquer tipo de "engasgo" ou atraso. A qualidade do painel AMOLED está lá toda, com cores vibrantes e pretos profundos.
O brilho dá um salto de 1200 para 1500 nits nesta geração. Nos meus testes, mostrou-se mais do que suficiente para uma legibilidade impecável, mesmo debaixo do sol intenso do nosso verão.
O brilho automático também funciona de forma competente, ajustando-se bem às diferentes condições de luz sem que tenhas de te preocupar com isso. E não esquecer que é possível usar o ecrã sempre ligado. Em termos de desempenho de interface, o HyperOS 2 que a equipa mostra-se rápido e responsivo, seguindo a linha da geração anterior.
Design, construção e conforto
A Xiaomi mantém nesta geração a aposta numa construção de qualidade superior, que já tínhamos visto na sua antecessora. O corpo tem uma estrutura metálica em liga de alumínio, o que lhe confere um toque e uma aparência muito mais premium do que o plástico de outros tempos.
Apesar desta construção mais nobre, a Smart Band 10 continua a ser incrivelmente leve. Pesa apenas 15,95 gramas sem a bracelete. O resultado é o conforto excecional a que esta série já nos habituou. É, sem dúvida, dos wearables mais confortáveis do mercado para usar 24/7, especialmente para dormir. Simplesmente esqueces-te que a tens no pulso.
O sistema de troca de braceletes, estreado nas gerações anteriores, continua a ser fácil e rápido, e a boa notícia é que as braceletes da Smart Band 8 e 9 são compatíveis. Ou seja, podes usar as desses modelos sem problemas. A resistência à água de 5 ATM também se mantém, pelo que podes levá-la para a natação sem preocupações.
Saúde e desporto
A Smart Band 10 continua a ser uma excelente ferramenta para monitorizar a tua saúde e atividade física. Isto, claro, se fores um utilizador mais básico. Não podes esperar neste campo o desempenho de smartwatches que, em muitos casos, custa 10 vezes o seu preço.
Tens monitorização contínua do ritmo cardíaco, da saturação de oxigénio no sangue (SpO2) e dos níveis de stress. A monitorização do sono, segundo a Xiaomi, foi melhorada e continua a dar-te dados muito detalhados sobre a qualidade e os ciclos do teu descanso. Notei que vai ao encontro das horas que dormi, sem grandes discrepâncias.
O novo sensor de movimento de 9 eixos torna o registo das tuas atividades mais preciso, desde a análise da tua forma de corrida até ao reconhecimento das tuas braçadas na natação. Junta a isto métricas mais avançadas como VO₂ max, carga de treino, tempo de recuperação e um novo plano de melhoria de sono de 21 dias.
Para os desportistas, há mais de 150 modos de desporto à escolha e continua a fazer tracking automático de atividades, se assim o ativares. Também dispõe de curso de corrida, com o qual podes fazer corridas ou caminhadas mais personalizadas, desde as mais básicas até corridas de resistência ou intervaladas.
No entanto, o seu maior "calcanhar de Aquiles" mantém-se: não tem GPS integrado. Isto significa que, para registares o percurso e teres dados de distância precisos em atividades ao ar livre como corrida ou ciclismo, continuas a precisar de levar o telemóvel contigo. É algo que, por enquanto, está reservado à versão ‘Pro’.
Interação e funcionalidades
O motor de vibração da Smart Band 10 é forte e preciso, excelente para notificações e para usar como despertador silencioso. Já o adorei na anterior geração e está ainda mais personalizado. Agora podes definir determinados tipos de vibrações para o despertador ou para as notificações.
Continuas a ter funcionalidades úteis como ver o calendário, controlar a música ou a câmara do telemóvel e consultar a meteorologia. No caso da meteorologia está agora mais atrativa e adequada aos momentos do dia e do próprio estado do tempo.
A app Mi Fitness continua a ser o centro de controlo, onde personalizas os muitos mostradores disponíveis e analisas os teus dados, com a vantagem de poder sincronizar com Strava, Google Fit e Apple Health.
Onde continua a haver espaço para melhorar é na interatividade dos mostradores: poucos têm atalhos clicáveis para as funções. No entanto, gostei da cada vez maior e diversa oferta de mostradores na app. Inclusive este ano temos mostradores interativos.
Como já é habitual na versão global, não há NFC para pagamentos. Não é algo que esperaria ver. No entanto, é algo que continuo a achar que a Xiaomi devia ponderar adicionar a este produto no futuro, pois acredito que poderia alavancar sobremaneira as suas vendas.
Autonomia
A autonomia continua a ser simplesmente brutal. A Xiaomi promete até 21 dias de uso típico, 9 dias com o ecrã sempre ligado e 8 dias em uso pesado. Nos meus testes, esses números vão ao encontro da realidade.
Com as monitorizações ativas e fazendo algum desporto, consegues sem grandes programas duas semanas (14-15 dias) de bateria. É uma tranquilidade que te permite ir de férias e deixar o carregador em casa.
Vale a pena o upgrade face à Xiaomi Smart Band 9?
Esta é a pergunta ‘que não quer calar’ sempre que é lançado novo modelo. Vou ser direto. Se já tens uma Xiaomi Smart Band 9, o upgrade para a 10 não é, na minha opinião, essencial ou urgente. As melhorias são incrementais.
Ganhas um ecrã visivelmente maior e mais imersivo, o que é ótimo. Mas o núcleo da experiência (bateria, sensores, software, ausência de GPS/NFC, construção em metal) é muito semelhante. A não ser que valorizes muito o ecrã maior, podes perfeitamente manter a tua Band 9.
No entanto, se vens de uma Smart Band 8 ou de um modelo mais antigo, o salto para a Band 10 é maior e vale totalmente a pena. O ecrã é de outra liga, o design é mais premium, é mais precisa nos sensores e o sistema de troca de braceletes é muito mais conveniente face aos modelos antigos.
E se estás a comprar a tua primeira pulseira inteligente, a decisão é ainda mais simples. Por uma pequena diferença de preço para a Band 9, a Smart Band 10 é a escolha óbvia. O ecrã maior e mais imersivo justifica plenamente o pequeno investimento extra.
Conclusão
A Xiaomi Smart Band 10 chega e reforça a ideia que já tínhamos. No que toca a pulseiras de atividade com uma excelente relação qualidade/preço, a Xiaomi continua a não ter rival. Pega em tudo o que já era bom na geração anterior e junta uns ‘pozinhos’.
A autonomia de bateria que te faz esquecer do carregador, o conforto exemplar e as muitas funcionalidades de saúde e melhora no ponto mais visível. O ecrã está maior, mais imersivo e com um aproveitamento de moldura superior. E mantém a boa construção metálica.
Continuamos a sonhar com o dia em que a versão global traga GPS integrado e NFC para pagamentos. São estes os únicos "senãos" que a impedem de ser uma pulseira absolutamente perfeita nesta faixa de preço.
Se procuras a tua primeira smartband ou queres fazer um upgrade a um modelo com mais de um ano, a Xiaomi Smart Band 10 continua a ser a escolha óbvia, inteligente e, arrisco dizer, a melhor do mercado no seu segmento. Por 49,99 €, continua a ser o produto a considerar neste segmento.