Quando chegou ao mercado, o Nothing Phone (1) foi uma pedrada no charco. Um smartphone com um design único, que conquistou uma indústria adormecida em termos de design. Com a chegada do Nothing Phone (2), será que segue essa tendência? É isso que tentaremos descobrir nesta análise.
Ao longo das últimas duas semanas tive oportunidade de testar este smartphone nos mais variados parâmetros numa base diária. Neste artigo conto-te a minha opinião sobre um aparelho que é uma evolução natural. Custa desde 679 € em Portugal.
Especificações técnicas do Nothing Phone (2)
- Processador: Snapdragon 8+ Gen 1
- RAM e ROM: 8 GB + 128 GB / 12 GB + 256 GB (versão testada) / 12 GB + 512 GB
- Peso e dimensões: 201,2 g; 162,1 x 76,4 x 8,6 mm
- Ecrã: 6,7 polegadas, OLED LTPO, taxa de atualização 1-120 Hz, Full HD+, pico de brilho de 1600 nits
- Áudio: altifalantes estéreo e 3 microfones de alta definição
- Câmaras: 50 MP Sony IMX890 (principal), 50 MP Samsung JN1 (Ultrawide), 32 MP Sony IMX615 (frontal)
- Bateria: 4700 mAh, carregamento de 45 W (fio), 15 W (sem fio) e 5 W (reverso)
- Suporte: 3 anos de atualizações Android; 4 anos de patches de segurança a cada 2 meses
- Biometria: sensor de impressões digitais no ecrã e reconhecimento facial
- Certificação: IP54
- Conetividade: 5G, Wi-Fi, Bluetooth 5.3, NFC, Dual SIM
- Na caixa: Nothing Phone (2), cabo Nothing (usb-c para usb-c), protetor de ecrã pré-aplicado e tarjeta de ejeção de cartões SIM
Unboxing do Nothing Phone (2)
Desde o unboxing que se notam os intentos ambientais da Nothing nesta geração. Sem perder cariz estético, a marca presenteia os utilizadores com uma caixa ausente de qualquer plástico na sua construção.
No interior encontras o smartphone com película protetora pré-aplicada, bem como o novo cabo USB-C para USB-C com pontas transparentes da Nothing. Tens também a ferramenta para ejetar os cartões SIM e os habituais manuais de utilizador.
Um design ímpar
Tive oportunidade de testar o Phone (1) e no Phone (2) há um sentimento que se mantém: é um smartphone que em design e construção parece mais caro do que realmente é. Na verdade a marca pouco mexeu nesta geração, mas soube melhorar nos pontos certos.
A Glyph Interface é agora composta por 33 áreas únicas de iluminação (ao invés das 16 da anterior geração). E se para uns esta é uma zona ‘gimmick’, para outros pode ser fator decisivo para comprar este smartphone.
Estas luzes permitem-te poder focar noutras tarefas e ser apenas notificado de forma luminosa sem a desatenção natural que um ecrã provoca. Mas também te permitem criar padrões para toques, ver o estado do carregamento, do volume ou mesmo da distância a que o teu motorista Uber se encontra.
Construção aprimorada
Como é um smartphone maior, a marca optou também por fazer a traseira com margens relativamente curvas. O que ajuda bastante na ergonomia. Além disso, também temos um tom mais acinzentado ao invés do preto da anterior geração. Uma questão de gosto, dirão. Mas gosto bastante.
Mantém-se um equipamento com moldura em alumínio 100% reciclado, e o refinamento na construção transporta-se para a frente. As margens do ecrã continuam a ser totalmente simétricas, e é de forma positiva que vemos a câmara frontal a ser transportada do canto superior esquerdo para o meio para melhor simetria.
O Nothing Phone (2) é um smartphone que se diferencia dos demais no seu aspeto. Chame-se o que se chamar à sua traseira, é único na forma de pensar o design transparente e não há como não o elogiar nesse campo. Nesta faixa de preço, ainda ter IP54 pode ser considerado um ponto fraco.
Ecrã maior, mais brilhante, fluido e poupadinho
O ecrã do Nothing Phone (2) dá um passo de gigante face à anterior geração por duas razões: passa ser um painel LTPO e passa a ter um pico de brilho de 1600 nits. E na utilização regular, isto faz toda a diferença.
Passa de 6,55 para 6,7 polegadas, mas isso pouco se nota, o que só pode ser positivo. Com a tecnologia LTPO neste painel OLED, a taxa de atualização adapta-se ao que estás a usar e varia entre 1 e 120 Hz. Dessa forma ajuda-te a poupar bateria quando é necessário.
Uma das críticas feitas ao Phone (1) era o seu baixo brilho de 700 nits. Pois bem, a marca deu um salto para pico de brilho de 1600 nits, o que faz com que tenhamos um painel com muito melhor desempenho no exterior.
As margens são simétricas, e ficaram ligeiramente mais finas. Acaba por nos dar uma sensação de praticamente ecrã completo, ótimo para consumir vídeos ou para jogar. Mas também é um prazer fazer aquele scroll infinito nas redes sociais com este painel.
Sabemos que não é um ecrã de topo, apenas por pequenos pormenores. Tem proteção Gorilla Glass, mas não Victus. E a resolução fica-se pelo Full HD+, mais que suficiente para mim, mas outros utilizadores podem sentir que querem mais. Também está um ecrã mais respondivo ao toque com uma sensação háptica melhorada.
Altifalantes com margem para melhorar
A Nothing continua a trabalho por fazer com o áudio dos seus smartphones. Não me interpretes mal, o Phone (2) fornece boa qualidade de áudio nos seus altifalantes estéreo. Mas ainda não está ao nível da qualidade de um topo de gama. Tomo como exemplo o meu iPhone 13 Pro.
Não tem ainda o nível de graves que se pede, e existe alguma distorção em volume mais elevado. Além disso, nota-se alguma diferença entre a coluna inferior e o som que sai pela parte de cima. Embora seja menos notório que no Phone (1).
Nota-se a evolução da marca neste campo, com o Phone (2) a produzir melhor desempenho de áudio que o antecessor. Mas é um ponto onde certamente a marca tem de trabalhar no futuro para continuar a evoluir.
Desempenho de topo, mas não é o processador mais recente
Sente-se desde a primeira vez que tocas no Phone (2) que este é um smartphone mais rápido em qualquer ação. Afinal passamos de um Snapdragon 778G+ para um Snapdragon 8+ Gen 1, que lhe confere um incremento de desempenho de 80%, com abertura de apps duas vezes mais rápida.
Este processador mais potente também lhe fornece boa gestão de energia, e ajuda a potenciar a qualidade das câmaras. Mas como é que isso se transporta para o mundo real? É uma experiência topo de gama.
Este não é o processador mais recente da Qualcomm, e nem é preciso. As animações são muito rápidas, e navegar em qualquer ação neste smartphone é um deleite sem quaisquer engasgos ou sinais de lentidão.
É um smartphone com que podemos contar para tarefas mais pesadas, onde se incluem obviamente jogos. A gestão de calor pareceu-me ser satisfatória durante os dias de uso, e vais poder jogar qualquer título da Google Play Store sem problemas. A questão que se coloca é se não faria sentido ter aqui o mais recente Snapdragon 8 Gen 2.
Interface mais personalizável sem fugir ao Android puro
A interface é um dos destaques do Nothing Phone (2). Como te contei no artigo de primeiras impressões, a Nothing OS 2.0 traz um conjunto de novidades ao aparelho que oferece mais possibilidade de personalização muito bem-vindas ao utilizador.
Temos mais widgets dedicados com a assinatura estética da Nothing, e há mais atalhos e personalização no ecrã de bloqueio e no ecrã principal. A possibilidade de usar ícones monocromáticos também fornece uma estética que pode interessar.
Mas claro, existem muitas apps que ainda não aderiram aos ícones monocromáticos, mas será uma questão de tempo. E alguns widgets ainda precisam de acerto no tamanho, como é o caso da meteorologia que não consigo pôr a ocupar o espaço da esquerda à direita no topo.
Tirando isso, a Nothing OS 2.0 ainda fornece uma experiência muito semelhante ao Android puro. Com a sua personalização e identidade e alguns bugs naturais pelo meio, é das melhores e mais limpas experiências do mundo Android.
Câmara deu salto qualitativo, mas ainda falta a telefoto
A câmara não era propriamente um dos pontos fortes do Phone (1): pode dizer-se apenas que cumpria. Mas no caso do Phone (2), embora não o destaque assim tanto, a Nothing fez um belo trabalho ao combinar este sensor principal Sony IMX890 com o processador Snapdragon 8+ Gen 1 e o seu algoritmo.
Embora ainda vejamos imagens com, por vezes um pós-processamento exagerado, os resultados fotográficos surpreendem pela positiva. Tive oportunidade de o testar diariamente e de o levar numa viagem a Paris, e os resultados são os que podes ver nos exemplos abaixo.
No geral, temos bons contrastes e fotografias que agradam muito ao olhar. No campo do vídeo, a marca também faz um bom trabalho na estabilização, e agora tens a possibilidade de gravar até 4K a 60 frames por segundo. Deixo-te um exemplo abaixo.
Os resultados com a câmara frontal também não desiludem. Seja em retratos individuais ou com várias pessoas, são registos que seguramente não te vão envergonhar nas redes sociais ou simplesmente para mais tarde recordar.
É claro, existe aqui uma curva de aprendizagem e nota-se que algumas fotografias perdem qualidade quando existem bastante luz a incidir num objeto. Além disso, seria ótimo termos aqui um sensor telefoto para algum zoom ótico mais mais profundo.
Bateria não desilude e carregamento é mais rápido
A bateria é um ponto onde o Nothing Phone (2) não desilude mas também não impressiona. Temos mais capacidade face ao modelo anterior, tendo agora 4700 mAh. Mas também temos um processador de topo mais comilão.
O resultado é um smartphone que te dará facilmente para um dia de utilização regular ou um dia e meio de utilização leve. Se fizeres utilização mais intensiva com alguns jogos pelo meio, poderás ter de procurar o carregador antes do final do dia.
No entanto, o carregamento passa de 33 W para 45 W neste modelo. Isto significa que consegues 50% em apenas 20 minutos com o smartphone ligado à corrente. E mantém-se a possibilidade de carregamento sem fios universal até 15 W e carregamento reverso de 5 W para carregares, por exemplo, os teus auriculares na traseira do equipamento.
Conclusão sobre o Nothing Phone (2)
O Nothing Phone (2) tem um design único na indústria, que foi refinado nesta segunda geração. A Glyph Interface pretende ser mais útil ao utilizador, evitando distrações quando este está a fazer coisas mais importantes.
Mantém-se o ecrã plano de boa qualidade, que agora é uma painel LTPO, e por isso mais eficiente. Além disso, o salto de brilho para 1600 nits fornece muito melhor legibilidade sob luz solar. A bateria também se revela consistente, com carregamento rápido e suporte para carregamento sem fios.
A Nothing OS 2.0 proporciona mais personalização, sem que perca a base do Android puro. E com o Snapdragon 8+ Gen 1, mesmo não sendo o processador mais recente, sentimos que estamos a usar um topo de gama no que ao desempenho diz respeito.
É claro, continuamos a sentir falta uma lente telefoto que complementaria na perfeição este setup de câmaras traseiro de boa qualidade. Sente-se, na qualidade de áudio dos altifalantes, que a coluna superior tem menos potência e que não temos a mesma qualidade geral que um topo de gama neste campo. Mas nada que não satisfaça no dia a dia.
Tendo tudo isso em conta, o Phone (2) proporciona uma experiência bastante completa a começar nos 679 €. Temos um design distintivo, excelente construção, ecrã e desempenho. A interface tem bastante personalização e está perto do Android puro. As câmaras evoluíram bastante e a bateria continua a satisfazer. Por este preço, é o smartphone com mais estilo que podes comprar.
Design | 5 |
Construção | 4,5 |
Ecrã | 4,5 |
Áudio | 3,5 |
Desempenho | 4,5 |
Interface | 4 |
Câmara | 4 |
Bateria | 4 |
Qualidade-preço | 4 |
Pontuação | 4,2 - Muito bom |
Pontos fortes do Nothing Phone (2)
- Design único na indústria com uma Glyph Interface cada vez mais útil
- Ecrã plano de boa qualidade com margens simétricas, bom brilho e legibilidade
- Bateria consistente com carregamento rápido e carregamento sem fios
- Nothing OS tem bastante personalização sem perder a base do Android puro
- Sente-se o desempenho de topo de gama
Pontos a melhorar do Nothing Phone (2)
- Continuamos a sentir falta de uma lente telefoto
- Qualidade de áudio das colunas podia ser melhor
- Certificação de apenas IP54
A ter em conta: a versão que testámos do Nothing Phone (2) foi cedida pela marca antes do lançamento oficial do smartphone. Por isso, é normal que algumas das funcionalidades, como as câmaras, interface e outros possíveis bugs melhorem com atualizações.
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