A Motorola foi comprada pela Lenovo em 2014 por cerca de 2.91 mil milhões de dólares, um preço consideravelmente baixo se tivermos em conta que apenas 3 anos antes, a Google havia pago 12.5 mil milhões quando comprou a mítica Motorola.
Na altura, em 2014, o CEO da Lenovo Yang Yuanqing prometeu trazer a Motorola de novo para a ribalta, para junto das principais construtoras mundiais. Uma posição que a marca bem merecia mas que se tem revelado bastante ilusória.
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Depois de concluído o negócio, o CEO da Lenovo dirigiu-se aos funcionários da Motorola, na sua sede em Chicago, e prometeu-lhe que juntos iriam alcançar o domínio do mercado dos dispositivos móveis. Durante algum tempo, a massa de ambas as empresas foi suficiente para alcançarem o terceiro lugar no ranking das maiores construtoras, atrás da Samsung (2º) e da Apple (1º).
O que correu mal na compra da Motorola?
O ímpeto inicial rapidamente se desfez e dois anos após a compra da Motorola, a Lenovo já teve que despedir pelo menos 2000 funcionários nos Estados Unidos da América. A nível de ranking, de 3º lugar caíram para 8º lugar.
Em maio de 2016 a Lenovo apresentou um relatório fiscal negativo, a primeira vez desde 2009 que a marca teve prejuízo. A culpa, segundo o CEO, deveu-se aos custos de re-estruturação da Motorola, uma marca com demasiada tradição para se adaptar ao modelo de negócio da Lenovo.
A Lenovo tinha todos os motivos para acreditar que a aquisição da Motorola fosse um ótimo investimento. Dez anos antes, em 1999, a Lenovo adquiriu a International Business Machines Corp, uma marca que certamente conhecerão como IBM. Na altura estava em declínio e agora a maior construtora de computadores.
Diferenças culturais e no modelo de negócios da Lenovo e Motorola
"Subestimamos as diferenças na cultura e no modelo de negócios" - Yang Yuanqing, CEO da Lenovo numa das suas últimas entrevistas.
A situação que a Lenovo tem em mãos representa o perigo que muitas empresas chinesas enfrentam quando se tentam implementar em mercados estrangeiros.
Investindo desenfreadamente em aquisições por toda a Europa e nos USA, uma boa parte destes negócios acaba em sérios prejuízos para as empresas chinesas por inadaptação ou incompreensão dos mercados locais.
Relativamente aos dispositivos móveis, a própria Lenovo está com problemas em casa. Isto é, na China sentiram uma quebra de 85% na venda de smartphones e tablets, ao passo que a venda dos Motorola's e restantes produtos da marca nos USA "não foi bem sucedida", fazendo uso das palavras do CEO da marca. A sua abordagem ao mercado chinês foi remodelada, bem como no resto do mundo, investindo dois novos Vice-Presidentes e cortando umas boas centenas de funcionários em diversos sectores de atividade.
A Motorola é a favorita no Brasil
Segundo o próprio CEO da Lenovo, os resultados fiscais não foram piores porque a Motorola continua a ser muito bem recebida no Brasil.
O Motorola Moto G, nas suas respetivas versões e variantes, continua a ser um dos nomes mais populares num mercado com mais de 240 milhões de potenciais consumidores.
É de louvar o empenho da Lenovo nos seus Motorola's, uma vez que até a Xiaomi já cedeu perante a pesada carga fiscal imposta, um fator que encarece bastante os smartphones para o público geral. A Xiaomi quebrou a promessa e até o Hugo Barra deixou a marca.
No mercado brasileiro, os Moto E, Moto G e Moto X começaram a subir gradualmente os seus preços, de forma subtil para que o público não perdesse o gosto e preferencia pelos icónicos Motorola's. Uma estratégia que tem dado frutos, sendo a segunda maior vendedora de smartphones, atrás da Samsung.
Um jogo a dois: Motorola e Asus
Apesar dos maus resultados a nível mundial, que certamente deixaram os funcionários da Motorola com saudades da administração Google, a marca continua a ganhar terreno no mercado brasileiro e agora sem a Xiaomi apenas tem que se preocupar com a Asus.
Verdade seja dita, os ZenFone's têm ganho ímpeto neste mercado e vemos, cada vez mais, uma luta entre dois grandes nomes, Motorola vs Asus.
Quem sabe, pode ser que a Huawei entre em força neste mercado emergente onde, nem mesmo a pesada carga tributária impede o lucro a quem souber investir com cautela e dedicação.
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