Mas afinal porque razão não irão os equipamentos com Snapdragon 800 e 801 receber o Android 7.0 Nougat?

Carlos Oliveira
Carlos Oliveira
Tempo de leitura: 4 min.

A nova versão do sistema operativo móvel da Google, o Android 7.0 Nougat, começou a ser disponibilizado oficialmente para os equipamentos Nexus no inicio desta semana. Com a chegada da versão final deste popular SO, começa o habitual burburinho sobre quais equipamentos, fora da linha Nexus, irão receber esta atualização.

Algumas marcas como a Sony e a HTC já fizeram uma pronuncia oficial sobre quais dos seus produtos seriam atualizados para o Nougat, sendo que essas listas reservam algumas surpresas. Equipamentos como os Sony Xperia Z3 ou HTC One M8, com apenas dois anos de vida, não foram contemplados para este nova versão do Android. Mas porquê?

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Ora, as últimas informações relatavam que a culpa poderia ser da Qualcomm e da sua teimosia em não disponibilizar as drivers gráficas necessárias para os equipamentos com os seus processadores Snapdragon 800 e Snapdragon 801. Nesse sentido o Android Authority meteu os pés ao caminho e falou diretamene com a construtora Americana sobre o assunto e, afinal de contas, as coisas podem não ser bem assim.

Segundo a própria Qualcomm, o problema não se encontra na idade destes seus processadores de topo. O problema esse está do lado das OEM´s e na vida útil que pretendem dar aos seus equipamentos. Mas tal acaba por ser algo contraditório, senão vejamos o caso da Sony com o seu Sony Xperia Z3.

Este flagship de finais de 2014 possui então como motor o Snapdragon 801, que esteve envolvido no programa do Android N Developer Preview até à sua versão 4. A versão que foi agora disponibilizada como sendo a final é a versão 5. Houveram assim tantas modificações de uma versão para outra que a impossibilitasse de correr no Sony Xperia Z3? Pelo que se sabe, não.

Ora, a justificação da Sony para tal prende-se com aspetos tanto técnicos como legais. Certamente saberás que qualquer empresa que queira lançar para o mercado um equipamento com Android, tem de obedecer a certos parâmetros definidos pela própria Google e, pelos vistos, existem alguns que não passariam no crivo da empresa Americana.

Chegamos então a um ponto em que a culpa já não é da Qualcomm, ou das OEM´s, mas sim das imposições da Google. Dando então uma vista de olhos pelos equipamentos que sabem-se já serem legíveis para o novo Android 7.0 Nougat, constata-se que, no setor dos processadores, toda a gama da MediaTek acima do Helio P10 será suportada, bem como do lado da Qualcomm desde o seu Snapdragon 410 até ao Snapdragon 820. Quanto às gráficas, as Adreno 306, Adreno 430 e a Mali-T860 são também compatíveis.

Vê ainda: Sony divulga quais os equipamentos que receberão o novo Android 7.0 Nougat

Ao olharmos então para as especificações técnicas tanto do Snapdragon 800, como do Snapdragon 801, vemos que ambos possuem a gráfica Adreno 330, logo teoricamente compatível com o Android 7.0 Nougat. Em termos de performance, também não parece fazer muito sentido que processadores como o Snapdragon 410 ou o Helio P10, com desempenhos abaixo dos Snapdragon 800 e 801, sejam capazes de correr sem problemas a nova versão do Android e estes não. E depois há ainda o facto de, por exemplo, o Snapdragon 805, um processador de 32-bit, ser legível e os 800 e 801, que possuem arquitetura 64-bit, não o serem.

Até ao momento nada parece fazer sentido, certo? Contudo existe um último aspeto técnico que poderá ser o verdadeiro causador de toda esta controvérsia. E estou a falar nas tecnologias de encriptação de dados requeridas pela Google.

Nos requisitos para o Android 6.0 Marshmallow, a Google declara que todos os equipamentos que correrem esta versão do seu software terão de ser capazes de fazer uma encriptação total de todos os dados do smartphone. Essa encriptação terá ainda de de possuir uma certa velocidade de encriptação, no caso de 50MiB/sec.

No caso então do Android 7.0 Nougat, esta aplica uma encriptação ao nível dos dados, dispensando assim uma encriptação total de todo o disco, como acontecia na versão 6.0. Dado o facto de os documentos de requisitos para o Android 7.0 Nougat ainda não terem sido divulgados, especula-se então que o problema esteja ao nível da performance exigida pela Google para a encriptação dos dados.

Atendo ao facto de processadores como o Snapdragon 410, Helio P10 e Snapdragon 820 serem mais recentes, isso significa que já possuem técnicas de encriptação ao nível do hardware, ao passo que os Snapdragon 800 e 801 apenas as possuem ao nível do software, as quais são claramente de menor performance. Portanto, estas poderão ser as razões técnicas e legais invocadas pela Sony para que o seu Xperia Z3 não possa receber o Android 7.0 Nougat.

Em suma, não parecem haver razões técnicas para que os equipamentos com processadores Snapdragon 800 ou Snapdragon 801 não possam receber a nova versão do Android e a culpa seja realmente da Google e das velocidades de encriptação que parece estar a exigir aos seus parceiros.

Para terminar, há que referir que no fundo isto tudo não passa de uma teoria levantada pelo pessoal do Android Authrity, mas que não deixa de ser uma teoria com cabeça, tronco e membros. Tudo parece poder ficar esclarecido quando a Google libertar finalmente os seus requisitos para que as OEM´s possam adotar o novo Android 7.0 Nougat.

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Carlos Oliveira
Carlos Oliveira
No 4gnews desde 2015, escreve e acompanha as últimas tendências, sobretudo smartphones, para que os leitores estejam sempre bem informados.