Google: É demasiado caro saber se homem ganha mais do que mulher

Rui Bacelar
Rui Bacelar
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No início deste ano a gigante tecnológica Google foi acusada, nos Estados Unidos da América, de pagar menos às mulheres do que aos homens que trabalham sob a sua alçada. Estas acusações foram entretanto negadas em tribunal, tendo as autoridades norte-americanas requisitado à Google documentos e relatórios mais detalhados sobre os salários dos seus empregados.

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Perante o requerimento judicial, a Google chegou a partilhar alguma dessa informação com o tribunal. Contudo, a gigante tecnológica ter-se-á recusado a divulgar dados mais precisos sobre os salários ou remunerações dos seus funcionários. Porquê? Segundo a própria, fazê-lo ficaria demasiado dispendioso. Vamos tentar analisar e perceber este "porquê".

Demasiado caro para a Google?

No ambito deste processo em que por base estão as acusações de disparidades salariais com base no género dentro da Google. Para a gigante tecnológica seria financeiramente inexequível ou, pelo menos, demasiado custoso para a tecnológica.

Os representantes da Google foram chamados a testemunhar perante o tribunal na última sexta-feira onde alegaram que necessitariam cerca de 500 horas de trabalho e de investir perto de $100 mil dólares para satisfazer os pedidos da acusação. Relembro que as autoridades norte-americanas tinham exigido à Google um histórico detalhado com as informações gerais e respectivos salários dos funcionários da empresa. Mais ainda, segundo o DoL (Department of Labour) esta postura da Google representa uma clara intenção de não colaboração e incumprimento das obrigações legais para com o Estado.

Por ano a Google arrecada cerca de $28 mil milhões de dólares, sendo uma das empresas mais rentáveis dos Estados Unidos e do mundo. Números que terão levado o advogado de acusação, Ian Eliasoph, a dizer que a Google poderia facilmente absorver este custo, tal como uma esponja seca absorve uma única gota de água.

Na parte da defesa, uma das advogadas da Google, Lisa Barnett Sween, em declarações ao Guardian afirmou que é “obviamente moroso e dispendioso” compilar toda a informação solicitada.

O caso teve início em Abril quando deu entrada num tribunal de primeira instância em São Francisco, no estado da Califórnia. Isto aconteceu poucos meses depois de as acusações virem a público em janeiro e que terão motivado as investigações por parte do Departamento de Trabalho dos EUA.

De acordo com os representantes deste departamento do trabalho, as disparidades salariais remontam a 2015 e carecem de uma contextualização e fundamentação que terá suscitado o pedido de informações e histórico salarial. Só assim seria possível observar e compreender a existência, ou não, das ditas diferenças no pagamento ao fim do mês. A agência também alegou que necessitaria de informações pessoais sobre os funcionários para poder levar a cabo uma ronda de entrevistas confidenciais.

A posição da Google

A Google tem refutar veementemente qualquer alegação de disparidade salarial com base no sexo dos seus funcionários, alegando ainda que já eliminou qualquer diferença de remuneração com base no género à escala global e que, nos EUA, não existe qualquer disparidade com base na raça.

Para a Google, o pedido do Departamento de Trabalho dos EUA violaria a privacidade dos seus funcionários e terá fundamentado esta recusa. Por outro lado, segundo Frank Wagner em declarações ao tribunal, ele que é um dos responsáveis da tecnológica no departamento de igualdade e compensação, se as mulheres recebem menos do que os homens e ocupam a mesma posição, essas disparidades podem persistir mesmo que ambos desempenhem as suas tarefas ao mesmo nível.

Hipoteticamente falando, Wagner explicou que, se uma trabalhadora começa com um salário mais baixo do que um colega masculina, ambos com o mesmo cargo e tarefas, é provável que ela continue a receber menos, ainda que ambos brilhem no primeiro ano de trabalho na Google e passem com distinção em todas as avaliações periódicas. Contudo, com o passar do tempo os seus salários viriam a convergir, eliminando as possíveis disparidades.

O processo continuará a decorrer nos próximo meses, obedecendo aos trâmites legais. No decurso dos quais não duvido de que ficaremos a conhecer melhor a realidade salarial dentro da Google.

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Rui Bacelar
Rui Bacelar
O Rui ajudou a fundar o 4gnews em 2014 e desde então tornou-se especialista em Android. Para além de já contar com mais de 12 mil conteúdos escritos, também espalhou o seu conhecimento em mais de 300 podcasts e dezenas de vídeos e reviews no canal do YouTube.