
Se John Cazale fez história em Hollywood por ser o único ator que só fez obras primas intemporais (cinco filmes, cinco nomeações para Melhor Filme (venceu três), eis que há um outro nome certamente desconhecido para a maioria dos nossos leitores mas que fez história no cinema
David O. Selznick está nos livros da história do cinema por ser o único cineasta a conquistar Óscar de Melhor Filme em dois anos seguidos. Tudo começou em 1940, com o filme "E o Vento Levou" (conquistou oito Óscares no total), que lhe valeu a estatueta. No ano seguinte, repetiu a dose com "Rebecca" (que somou dois Óscares).
Curiosamente, Selznick não realizou nenhum dos dois filmes. O primeiro teve Victor Fleming como realizador, o segundo Alfred Hitchcock.
Racismo marca cerimónia

Ainda assim, o crédito das vitórias pertenceu à Selznick International Pictures, o estúdio do próprio produtor, já que na altura os prémios eram atribuídos às produtoras e não aos indivíduos.
Ainda assim, "E o Vento Levou" – que está disponível na HBO Max – não ficou apenas marcado pelos Óscares. Isto porque foi acusado de retratar estereótipos racistas e também do tratamento discriminatório à atriz Hattie McDaniel, que foi obrigada a sentar-se longe do elenco por ser negra. De resto, Hattie foi a primeira pessoa negra a vencer uma estatueta.
A história de David O. Selznick no cinema começou anos antes com as longas-metragens "Nasce uma Estrela" (1937), "Anna Karenina" (1935) e "Uma História em Duas Cidades" (1935), abrindo assim caminho para o sucesso que chegaria em poucos anos.
A verdade é que para além de Selznick, só mais duas figuras conseguiram um feito semelhante em categorias principais: Spencer Tracy e Tom Hanks, que arrecadaram a estatueta de Melhor Ator em dois anos seguidos.