WhatsApp vs Signal: os dados que uma recolhe e a outra não

Rui Bacelar
Rui Bacelar
Tempo de leitura: 5 min.

O WhatsApp é a aplicação de mensagens mais popular do mundo, com mais de 2 mil milhões de utilizadores a usar esta plataforma do Facebook regularmente - de acordo com dados da Statista. Por outro lado, a Signal é uma das que mais tem crescido.

A par do Telegram, a Signal coloca-se como alternativa ao WhatsApp, mas pode ser dito que a Signal é realmente a mais respeitadora dos dados do utilizador. Se não queres que os teus metadados sejam partilhados com outras empresas, opta pela Signal.

O WhatsApp é a plataforma dominante, mas há boas alternativas

WhatsApp

Consoante a importância que possam dar à recolha, partilha e tratamento de dados pelo WhatsApp e pelo grupo Facebook, podem, ou não, considerar trocar para uma das alternativas, tal como milhões de utilizadores que procuram plataformas mais comedidas.

A Signal colheu a aprovação de Edward Snowden e o elogio de Elon Musk, entre outras figuras públicas, sendo uma plataforma que, além da última data de login e data de criação de conta, pouco ou mais nada sabe sobre o utilizador, ao contrário da WhatsApp.

Importa clarificar que o WhatsApp usa encriptação de ponta a ponta - tal como a Signal - e que nenhuma das plataformas tem acesso ao conteúdo das conversas, chamadas, ou grupos. Não são esses dados que estão em questão.

As informações que o WhatsApp colhe e a Signal não

  • Número de telefone
  • ID do utilizador
  • Contactos - Lista telefónica
  • Nome da conta
  • Localização aproximada
  • Endereço de email / correio eletrónico
  • Transações e Dados de Pagamento
  • Interação com produtos
  • Informação de Estado
  • Informações de Utilização e Registo
  • Informações sobre dispositivos e ligações
  • Informações de falhas no serviço - Apoio ao Cliente e Outras Comunicações

Particularmente abrangente é a recolha de informações sobre dispositivos e ligações. O WhatsApp sabe o (1) modelo do hardware, (2) sistema operativo, (3) o nível de bateria, (4) força do sinal, (5) versão da aplicação, (6) informações sobre o browser, (7) rede móvel, (8) informação de ligação, incluindo o número de telemóvel, (9) operador móvel ou ISP, (10) o idioma e o fuso horário, (11) endereço IP, (12) operações do dispositivo e de identificadores (incluindo identificadores únicos aos Produtos das Empresas do Facebook associados ao mesmo dispositivo ou conta).

Estes são os metadados colhidos pelo WhatsApp e não colhidos pela Signal. Há uma diferença significativa na quantidade de informação que a empresa do grupo Facebook tem sobre o utilizador. A "vencedora"- no quesito privacidade - é a Signal.

WhatsApp Signal

A justificação do WhatsApp para a recolha destes dados do utilizador

"O WhatsApp tem de receber ou recolher algumas informações para que possa funcionar, fornecer, melhorar, compreender, personalizar, apoiar e publicitar os nossos Serviços, inclusive no momento em que instala, acede ou utiliza os mesmos. Os tipos de informações que recebemos e recolhemos dependem da forma como utiliza os nossos Serviços.", pode ler-se na página FAQ do WhatsApp.

A propósito desta recolha de dados, o responsável máximo global da plataforma, Will Cathcart, em entrevista recente, admitiu a partilha de metadados com o Facebook desde 2016. Justificou-o com o combate ao spam e mensagens em massa.

Pode também ser dito que o WhatsApp oferece mais recursos que a Signal, nomeadamente o suporte para mais participantes numa chamada de grupo - até 50 pessoas. O Signal também permite fazer chamadas em grupo, mas com menos participantes.

De igual modo, apenas o WhatsApp permite fazer pagamentos e, numa tónica distinta, a partilha de stickers animados para dinamizar uma conversa.

Signal
O emissor (remetente) selado na aplicação Signal nas opções avançadas.

Por outro lado, também há recursos únicos na Signal. Funções como o remetente confidencial, controlos avançados de privacidade que desativam inclusive a aprendizagem do teclado. A página FAQ da Signal detalhe o tratamento de dados.

Sem esquecer a possibilidade de apagar mensagens enviadas a partir de determinada altura. Há vários controlos granulares nas opções da Signal para quem deles necessite.

A Signal é focada na privacidade, o WhatsApp, na versatilidade e uso geral

Em ambos os casos, as conversas e conteúdo partilhado estão em segurança. Há, contudo, diferenças na interface de cada aplicação, com a Signal a ser mais focada na troca de mensagens, com recursos que tornam esta comunicação muito privada.

O WhatsApp agrega vários serviços e funções que o tornam extremamente dinâmico, fácil de usar e cativante. É a plataforma mais usada do mundo com boas razões para tal, acrescentando recursos que lhe permite ser usada por mais utilizadores.

A partilha de ficheiros multimédia é outro dos pontos fortes do WhatsApp, sendo mais intuitivo divulgar fotos, vídeos, ou clips de som e músicas. Algo que também está disponível no Signal, mas que surge de modo mais natural na empresa do grupo Facebook.

Signal
O "Teclado anónimo" na aplicação Signal é outra das opções avançadas.

Em síntese, cabe ao utilizador optar pela plataforma que melhor reflita o seu padrão de uso e dê resposta às suas necessidades. A quem procura a soluções mais respeitadora da privacidade temos que apontar a Signal.

Por outro lado, para a maioria dos utilizadores o WhatsApp continua a ser a melhor escolha. É também aí que, para já, estarão presentes a maioria dos seus contactos, fator de decisivo na hora de utilizar uma plataforma de comunicações.

Em casos específicos a Signal será a opção indicada - para comunicações mais sensíveis. Já para falar com a família e amigos, ou grandes grupos, o WhatsApp é mais envolvente, sendo igualmente seguro nas comunicações efetuadas.

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Rui Bacelar
Rui Bacelar
O Rui ajudou a fundar o 4gnews em 2014 e desde então tornou-se especialista em Android. Para além de já contar com mais de 12 mil conteúdos escritos, também espalhou o seu conhecimento em mais de 300 podcasts e dezenas de vídeos e reviews no canal do YouTube.