Quando o Samsung Galaxy S23 foi apresentado, e vi que a marca tinha apenas apostado num design traseiro semelhante ao Ultra como principal mudança, confesso que fiquei apreensivo.
Embora a mudança fizesse sentido, para unificar o design da linha, parecia-me uma aposta conservadora. A verdade é que, pelo menos nesse campo, não podia estar mais enganado.
Tive oportunidade de passar a última semana a testar o Samsung Galaxy S23. E pese embora o seu peso salgado (a partir de 989 € em Portugal), desde o princípio que se mantém uma ideia: que smartphone maduro que aqui está. Mas vamos por partes, até porque nem tudo são rosas e elogios.
Unboxing do Galaxy S23 é simples
O unboxing ao Samsung Galaxy S23 não podia ser mais simples, como podes conferir no nosso Instagram. A caixa é bastante pequena, algo que tem vindo a acontecer desde que a Samsung optou por não trazer carregador e auriculares na caixa.
Além do smartphone, encontras um cabo USB-C para USB-C e ferramenta para retirar o cartão SIM. E as primeiras impressões foram imediatamente positivas.
Principais especificações do Samsung Galaxy S23
- Processador Qualcomm Snapdragon 8 Gen 2
- Memória RAM: 8 GB
- Armazenamento: 128 GB (versão que testei com UFS 3.1), 256 GB ou 512 GB (UFS 4.0)
- Ecrã: 6,1 polegadas, Dynamic AMOLED 2X, 120 Hz, 1080 x 2340 pixeis e pico de brilho de 1750 nits
- Câmaras traseiras: 50 MP f/1.8 (principal), 10 MP f/2.4 com zoom ótico de 3x (telefoto) e 12 MP f/2.2 (ultrawide)
- Câmara frontal: 12 MP f/2.2
- Bateria: 3900 mAh
- Carregamento: 25 W com fios PD 3.0, 15 W sem fios e 4,5 W reverso
- Altifalantes estéreo
- Sensor de impressões digitais ultrasónico no ecrã
- Compatibilidade com Samsung DeX
- Tamanho: 146,3 x 70,9 x 7,6 mm
- Peso: 168 gramas
- Construção: Vidro à frente a atrás com Gorilla Glass Victus 2; moldura em alumínio
- Resistência à água e pó IP68
- Sistema operativo: Android 13, One UI 5.1
Design do Galaxy S23 é a minha parte preferida
Confesso que as primeiras imagens que vi S23 não me agradaram. Embora privilegiasse um acompanhamento do design da restante linha, parecia-me algo conservador.
A verdade é que mudei completamente de ideias assim que o vi ao vivo. Gostei do novo design traseiro, e aprecio a abordagem da Samsung com este modelo mais compacto.
Para alguém de que atualmente uso um iPhone 13 Pro, e é bom ver que tenho num Android topo de gama uma alternativa igualmente compacta e qualidade.
Aquilo que começou como uma preocupação, acabou por tornar-se na minha parte preferida do equipamento: o design. É um equipamento bastante confortável se ter na mão, não só pelo tamanho e peso, mas também por ter uma moldura ligeiramente curva.
Gostei da escolha por este painel e traseiro plano. E na traseira, a escolha por um vidro fosco, faz com que o smartphone não tenha problemas com dedadas se o usares sem capa. As dedadas só entram em cena na moldura em alumínio.
Construção irrepreensível do Galaxy S23
Agora que a Samsung deixou para trás a ideia de ter traseira em plástico (ou glasstic) nos seus modelos base da linha S, o S23 é um equipamento impecável a nível de construção.
Ao vidro frontal com proteção Gorilla Glass Victus 2, junta-se à traseira nas mesmas condições. A moldura, essa, é de alumínio algo espelhado.
Embora seja o modelo base da linha, nota-se o cuidado da Samsung na construção e detalhe do mesmo. Há que destacar, claro, a zona das câmaras traseiras, que além de esteticamente aprazíveis são muito bem desenhadas e concebidas.
Ecrã do Galaxy S23 tem apenas um defeito
Nem era um topo de gama da Samsung se não tivesse um ecrã de excelência ao nível da qualidade de imagem. Peca, talvez, pela resolução máxima Full HD+. Isto tendo em conta que o meu velhinho Galaxy S6 tinha um ecrã 2K.
O pico de brilho de 1750 nits faz toda a diferença quando o levas para o sol. Nesse aspeto está em linha com o irmão Ultra, e isso é um grande ponto positivo.
Ao contrário desse irmão Ultra, nesta versão (e no Plus), a Samsung opta por um ecrã plano. Esta é uma questão que vai dividir utilizadores, mas que eu pessoalmente saúdo, já que gosto mais deste tipo de ecrãs.
O seu tamanho compacto faz com que o consiga usar facilmente com uma mão, para chegar ao topo do ecrã. Algo que é cada vez mais raro nos topos de gama Android.
Quanto à fluidez, não há nada a dizer. É um topo gama e isso nota-se na sua taxa de atualização variável até 120 Hz, que faz com que nunca sintas quaisquer engasgos.
Desempenho do Galaxy S23 é de topo, mas...
Isso é por “culpa” de o Galaxy S23 ser comandado por aquele que é, à data, o melhor processador para Android do mercado. Falo, claro, do Snapdragon 8 Gen 2.
A Samsung deixou finalmente de apostar nos processadores Exynos na Europa, e em boa hora o fez. O Snapdragon 8 Gen 2 é não só um processador poderoso ao nível do Apple A16 Bionic, como é bastante eficiente.
Isso faz não só que o Galaxy S23 tenha um desempenho irrepreensível (como nunca vi num aparelho Android), mas também tenha uma autonomia surpreendente para o tamanho sua bateria. Mas disso falarei mais à frente.
Em boa verdade, o Galaxy S23 não se vai negar a qualquer tarefa a que o sujeites. Corre qualquer app da Google Play Store sem problemas ou engasgos, e com grande mestria.
Posso dizer-te que é o Android mais rápido e fluido que já testei. Seja a navegar nas redes sociais, a assistir a conteúdo, a enviar alguns emails ou a jogar o meu (ainda) adorado Pokémon GO, foi sempre um ‘avião’.
No entanto, há sempre um "mas". Pagas 989 € por um aparelho que tem 128 GB de armazenamento UFS 3.1. Mas é para versão de 256 GB (custa 1049 €) que deves olhar seriamente, já que tem UFS 4.0 para velocidades de escrita e leitura mais rápidas.
Áudio do Galaxy S23 não desilude
O áudio é outro dos parâmetros onde se nota que a Samsung melhorou nesta geração. Os altifalantes do Galaxy S23 produzem um som rico, e não te vão deixar mal para ouvires o teu podcast ou música no Spotify.
O mesmo se passa se fores assistir à tua série preferida ou a um jogo de futebol. Temos um som envolvente que, embora não esteja ao nível dos melhores do mercado, é do melhor que vais encontrar na indústria.
A OneUI ainda traz muita "tralha", mas é uma boa experiência de software
É bom dizer que a interface da Samsung, agora na OneUI 5.1, melhorou bastante ao longo dos anos. E além de implementar as funcionalidades mais recentes do Android 13, também leva até aos utilizadores outras personalizações úteis da marca.
Assumo que esta é provavelmente a área que menos me agrada no equipamento, pois não sou fã da estética geral da OneUI. E acho que, em alguns momentos, se ganhava mais em simplificar e seguir as linhas do Android puro.
Na minha opinião, continuam a ser ainda muitas as aplicações da marca (e algumas de terceiros) a chegar pré-instaladas no equipamento. E se muitas são passíveis de desinstalar, outras nem tanto.
Embora entenda a estratégia, não sou fã dessa política. Pese embora estas críticas, nota-se bastante a evolução da Samsung neste campo. Até porque a interface está bastante polida e é responsiva.
Simplesmente gostava que tivesse mais traços do Android puro, e não trouxesse tanta ‘tralha’ pré-instalada. Há que elogiar a marca por já prometer quatro anos de atualizações Android e cinco anos de atualizações na indústria. Algo sem concorrência (para já) no segmento Android.
Câmaras do Galaxy S23 são competentes e versáteis
No segmento das câmaras, a Samsung consegue entregar ao utilizador um sistema completo neste modelo base. Isto porque além do sensor principal e da ultrawide, junta-se uma lente telefoto.
Olhando para as especificações, temos assim uma câmara principal de 50 MP e telefoto de 10 MP, com zoom ótico de 3x. Ambas com estabilização ótica de imagem. Tem também a lente ultrawide com 12 MP, e a câmara frontal com 12 MP.
Como a Samsung já me habituou nos seus topos de gama, o Galaxy S23 produz das fotografias mais bonitas que um smartphone pode tirar. A escolha da marca por cores fortes acaba por resultar em imagens bastantes aprazíveis ao olhar.
Podes ver em alguns dos exemplos que partilho, que é uma câmara bastante versátil (pesa embora seja o modelo de entrada de gama). Podemos ver grande detalhe em fotografias, como as das flores ou a edifícios.
Mas também se trata de um smartphone que te vai deixar bastante satisfeito nos retratos, tanto com a câmara frontal como a traseira. O desfoque de fundo é bastante interessante e, também aqui, tens fotos com grande contraste e cores apreciáveis.
Uma das minhas partes preferidas é o zoom ótico até 3x, que acabo por usar várias vezes. Mas para certas emergências, tens neste modelo zoom digital até 30x que te permite ver tão longe quanto os exemplos atestam. Embora com a perde qualidade expectável.
Ficando obviamente aquém dos resultados fotográficos e de vídeo que podes encontrar num Galaxy S23 Ultra, a câmara do Galaxy S23 é bastante competente para o preço.
Seja em fotografia ou vídeo, é um smartphone que te dá confiança para muitos anos neste campo. Gostaria de ter zoom ótico com maior alcance, mas entendo que isso esteja guardado para o Ultra.
Autonomia de bateria do Galaxy S23 é surpreendente
Este é outro dos campos em que o smartphone me surpreendeu. Quando penso em Android e 3900 mAh, não esperava uma grande autonomia. E na altura que testei o Galaxy S22 Ultra, fiquei um pouco desiludido neste campo.
Mas a saída de cena dos processadores Exynos, e o facto de o Snapdragon 8 Gen 2 ser um processador eficiente, faz com que o Galaxy S23 tenha uma boa autonomia para o tamanho.
Pelos meus testes, é um smartphone com autonomia para um dia inteiro de uso intensivo, que pode facilmente resultar em 1 dia e meio a dois dias se fizeres um uso mais leve. Para um equipamento deste tamanho e com este processador, é algo bastante aceitável.
A minha nota ao equipamento só não é superior por conta de velocidade de carregamento. Para começar, os S23+ e S23 Ultra carregam com fios a 45 W, já bem abaixo da concorrência Android direto.
Como se tal não bastasse, este S23 carrega apenas a 25 W. Claro, se tomarmos o iPhone como comparação, a Samsung ganha. Mas por ter a Samsung noutra conta, esperava que já estivéssemos mais além.
Isto significa que um carregamento até 100% demora um pouco mais de uma hora se carregares com fios. Porque se carregares sem fios a 15 W, como podes ver na imagem abaixo, a tarefa pode chegar às 3 horas.
Se fores como eu e normalmente carregares o smartphone durante a noite, isso é um não-problema. Mas se precisares um “boost” rápido durante o dia, este não é um aparelho que to consiga entregar.
Uma grande vantagem, por exemplo, face ao iPhone 14, é que tem carregamento reverso. Isto permite-lhe carregar outros equipamentos sem fios, se houver essa necessidade, a 4,5W.
O cabo USB-C para USB-C chega incluído na caixa que, como já deves saber, não traz carregador. Isto significa que se não tiveres um carregar com saída USB-C, essa é uma despesa extra a ponderar. No meu caso, atualmente estou a usar o carregador de 45 W da Nothing.
Qualidade-preço fica a meio caminho
É difícil avaliar a qualidade-preço do Samsung Galaxy S23. Primeiro porque começa nos 989 € em Portugal com armazenamento de 128 GB UFS 3.1. Mas se quiseres a versão mais poderosa, com UFS 4.0 e 256 GB, tens de desembolsar 1049 €.
Portanto, é mais nesse sentido que o devemos avaliar. A nível de desempenho, é perfeitamente imaculado. E as câmaras são também bastante competentes, embora não se espere menos de um equipamento líder de mercado nesta faixa de preço.
A bateria, embora não seja das maiores, é adequada para um smartphone de 6,1 polegadas. E aí que se pode dizer que está um dos trunfos do S23 e que acaba por dar uma tónica positiva à qualidade-preço do equipamento: o facto de ser compacto e poderoso.
Mas claro, não podemos deixar de mencionar por exemplo o Google Pixel 7 Pro que custa menos e oferece algo mais em termos de fotografia e vídeo e software. Embora perca no desempenho.
Se olharmos para o desempenho, formato, construção e design do Galaxy S23, é um dispositivo apetecível. Mas a velocidade de carregamento ou o UFS 3.1, fazem com que existam alternativas com melhor qualidade-preço.
Conclusão
O Samsung Galaxy S23 é um excelente smartphone se queres desempenho de topo, sistema de câmaras completo para o preço e autonomia bastante adequada.
De realçar que a Samsung também promete cinco anos de atualizações de segurança (e quatro anos de atualizações Android). Este é seguramente um fator que pode pesar bastante a seu favor (e que pesaria na minha decisão de compra).
É um smartphone relativamente compacto (tamanho semelhante ao meu iPhone 13 Pro), mas com melhor pega (moldura ligeiramente curva) e um com um ecrã plano AMOLED excelente.
O facto de ter uma lente telefoto, é algo que me faz olhar para este equipamento como uma alternativa séria nesta faixa de preço no reino Android. Mas gostaria que o carregamento fosse mais rápido, tivesse menos aplicações pré-instaladas e que esta versão base já tivesse UFS 4.0.
Mas como disse no início desta análise, eu estava enganado face à minha opinião inicial sobre o Galaxy S23. Foi um smartphone que conquistou por ser tão poderoso, compacto e confortável de segurar. O facto de ter um sistema de câmaras versátil e uma bateria em que se pode confiar são ótimos bónus.
Recordo que o Galaxy S23 começa nos 989 € em Portugal na versão de 128 GB. Mas a versão que aconselho é a de 256 GB com UFS 4.0 que custa 1049 € no nosso país.
É provável que quando leres esta análise encontres preços mais atrativos se encomendares a partir da Amazon de Espanha. À data de escrita, a versão de 256 GB encontra-se a partir de 974,85 €, que é uma poupança séria face ao preço praticado em Portugal.
Design | 5 |
Construção | 5 |
Ecrã | 4,5 |
Desempenho | 4,5 |
Áudio | 4 |
Interface | 3,5 |
Câmara | 4 |
Bateria | 4 |
Qualidade-preço | 3,5 |
Pontuação | 4,22 - Muito bom |
Pontos fortes do Samsung Galaxy S23
- Ideal para quem gosta de smartphones compactos
- Ecrã AMOLED plano de grande qualidade
- Um verdadeiro topo de gama em desempenho
- Câmaras de qualidade para fotos e vídeo
- Lente telefoto com zoom ótico até 3 vezes
- Autonomia adequada para o tamanho
Pontos fracos do Samsung Galaxy S23
- Carregamento lento para esta faixa de preço
- Muitas aplicações desnecessárias pré-instaladas
- Versão base usa armazenamento UFS 3.1 ao invés de UFS 4.0
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