Review Huawei P60 Pro: o smartphone (quase) perfeito

Mónica Marques
Mónica Marques
Tempo de leitura: 11 min.

O Huawei P60 Pro chegou recentemente ao mercado português. Bem sei que nos últimos anos, devido às razões que sabemos, os novos smartphones da Huawei já não registam o mesmo entusiasmo de outrora… pelo menos, não registavam até este P60 Pro.

O terminal chegou com uma crítica bastante elogiosa da conhecida plataforma DxOMark, na qual chegou a ser considerado o rei da fotografia. Por outro lado, a própria marca posicionou o modelo no segmento premium de smartphones, o que eleva logo as expetativas.

Na última semana, fiz do Huawei P60 Pro a minha câmara, desculpem, o meu smartphone diário para perceber a razão pela qual este modelo voltou a chamar as atenções para a Huawei. Agora convido-te a ler a minha aventura fotográfica. Sim, é aí que reside o seu principal encanto, ainda que tenha outros bons argumentos, assim como tem outros pontos menos favoráveis.

Design premium e único em cada P60 Pro

imagem do Huawei P60 Pro e adaptador de carregamento

A caixa do Huawei P60 Pro conta com os itens habituais nesta marca. Smartphone (claro), cabo de carregamento, adaptador e uma capa protetora transparente. Esta última é um acessório muito bem-vindo porque não é desejável que um terminal de mais de 1.200 euros fique riscado nas primeiras interações.

O facto de ser transparente é também positivo porque permite que o painel traseiro da variante Rococo Pearl, a que testámos, exiba toda a sua exuberância.

imagem painel traseiro Rococo Pearl do Huawei P60 Pro

Comecemos já por este ponto, o painel traseiro Rococo Pearl apresenta uma textura de pérola, bastante sedutora, que é única em cada modelo fabricado. De acordo com a marca, cada terminal tem o seu próprio padrão de pequenos veios.

Só por esta característica, a nota premium está já assegurada. Esclarecido este ponto, há que salientar que este padrão pérola não conquista toda a gente, mas chama a atenção de todos os olhares. Por isso, os utilizadores menos dados à exuberância devem escolher a bastante discreta variante em negro.

imagem dos cantos arredondados do Huawei P60 Pro

Mas cada milímetro do modelo, desde a estrutura com cantos arredondados até ao ecrã curvo, está concebida para que o modelo seja fácil e confortável de usar e manusear.

E é fácil e confortável de manusear, apesar de o painel Rococo ser um pouco escorregadio. Mas se estiver devidamente protegido com a referida capa protetora, nada há a recear. O modelo conta também com uma construção robusta e de qualidade.

Se a intenção da Huawei era conferir charme, estilo e sensação premium ao P60 Pro foi bastante bem-sucedida na missão. Portanto, neste ponto pontuação máxima.

Bom ecrã, mas a curvatura tem um pequeno senão

imagem do ecrã do Huawei P60 Pro

A zona frontal do Huawei P60 Pro é ocupada pelo ecrã OLED de 6,67 polegadas com uma resolução de 2700x1220 pixéis e taxa de atualização variável de 1 a 120 Hz. Estes dados traduzem-se num painel com qualidade que proporciona uma boa visualização de qualquer conteúdo, exibindo bastantes detalhes e cores nítidas.

Por seu lado, o facto de as extremidades serem curvas confere a sensação de painel infinito que ajuda também a uma excelente experiência de visualização. É igualmente responsivo e atualiza os conteúdos de forma rápida e fluida.

imagem do teclado no ecrã do Huawei P60 Pro

O sensor de leitura de impressões digitais está localizado na zona inferior do ecrã e funciona razoavelmente bem. Necessita de um curto período de adaptação, especialmente da parte do utilizador que deve posicionar bem o dedo. Mas quando apanhamos o jeito, não falha e desbloqueia rapidamente o ecrã. Tirando o pormenor de a tecla Enter estar localizada numa extremidade difícil, o ecrã e funcionamento do mesmo registam um desempenho premium. Ainda assim, o posicionamento do teclado não permite que obtenha o máximo da pontuação.

Processador menos premium e ausência de comunicações 5G

No interior do P60 Pro está alojado o processador Snapdragon 8+ Gen 1 que, no caso da versão testada, está emparelhado com 8 GB de memória RAM e 256 GB de capacidade no armazenamento interno.

Comecemos por esclarecer que o terminal fornece um bom desempenho. É rápido e eficaz nas tarefas que lhe são pedidas. Não sofre do problema “mãos quentes”, mantendo sempre o seu painel pérola na temperatura adequada.

Posto isto, é aqui que este modelo é menos premium e ganha a designação de “quase perfeito”. Diria mesmo que este é o calcanhar de Aquiles do P60 Pro.

Este processador não é o mais recente do mercado. Modelo rivais com o mesmo posicionamento premium do P60 Pro estão equipados com a versão seguinte deste chip. E este ponto tem a sua relevância, sobretudo se tivermos em conta o seu custo. Se vamos fazer um investimento significativo devemos obter todos os componentes mais recentes, ou seja, o processador Snapdragon 8 Gen 2.

Mais: este processador é uma versão “especial” do Snapdragon 8+ Gen 1 que está limitada ao suporte para comunicações 4G. Neste ponto, os argumentos são exatamente os mesmos. Atualmente, um investimento maior num smartphone tem de significar comunicações 5G.

imagem do Gmail no Huawei P60 Pro

Este calcanhar de Aquiles é obviamente explicado pelas sanções de que a marca é alvo. Já nem vou falar sobre os serviços Google porque está implícito. Ambos as situações podem ser resolvidas: com uma capa Soyealink o terminal ganha comunicações 5G e, segundo a própria Huawei, com a aplicação Gbox o terminal fica com os serviços Google.

Mas teremos de acrescentar o custo da dita capa e o esforço de instalação da aplicação e respetivos passos. Mais uma vez, um investimento destes deveria dispensar estas tarefas adicionais, mas infelizmente, a Huawei não pode resolver esta questão de outra maneira.

Não fossem estes pequenos grandes detalhes e o Huawei P60 Pro conseguiria alcançar as luzes da ribalta, lado a lado, com os mais bem-sucedidos smartphones premium das marcas rivais.

Autonomia e uma surpresa no adaptador de carregamento

imagem do adaptador de carregamento do Huawei P60 Pro

Este modelo é alimentado por uma bateria de 4.815 mAh que, ainda que não seja uma das maiores do mercado, tem autonomia para acompanhar a utilização diária considerada normal num smartphone. Neste ponto não deslumbra, mas também desilude. Ou seja, sem ser um campeão de autonomia, cumpre com tudo o que é necessário.

Conta também com um adaptador de carregamento de 88 watts que leva a bateria ao máximo em aproximadamente meia hora. Fornece ainda a opção sem fios com uma velocidade de 50 watts. Este último é um ponto a favor, uma vez que o destaca entre alguns dos seus rivais mais diretos.

Mas há uma surpresa no adaptador de carregamento. O dispositivo tem uma porta USB-A e uma porta USB-C para carregar o terminal, na mesma slot. Este pequeno grande pormenor faz toda a diferença e a solução de design encontrada (ambas as portas estão localizadas na mesma slot) é simplesmente genial. São exatamente este tipo de detalhes que são esperados nos smartphones premium.

Câmara: o elemento no qual o Huawei realmente brilha

malmequeres captados pelo Huawei P60 Pro
Foto captada por Huawei P60 Pro

E eis-nos chegados ao ponto mais forte do Huawei P60 Pro. A sua configuração de câmara traseira tripla conta com um sensor primário de 48 megapixéis com abertura variável de f/1.4 a f/4.0 e estabilização de imagem, um ultra grande angular de 13 megapixéis e um sensor teleobjetiva de 48 megapixéis com zoom ótico de 3,5x e estabilização ótica de imagem.

foto de canteiro de flores captada pelo Huawei P60 Pro
Foto captada pelo Huawei P60 Pro

Cada sensor por si funciona muito bem, mas juntos operam maravilhas. As fotos captadas estão repletas de detalhe, as cores são vividas e os sensores deixam entrar a luz na quantidade suficiente para a imagem ficar brilhante.

foto de uma cerca captada pelo Huawei P60 Pro
Foto captada pelo Huawei P60 Pro

Há muitos modos à disposição. Para os mais amadores, o modo retrato e fotografia podem ser o suficiente para uma qualidade de mestre. Já o modo Pro fornece uma mão-cheia aos fotógrafos mais exigentes.

foto boneca captada pelo Huawei P60 Pro
Modo retrato em foto captada pelo Huawei P60 Pro

Tal como podemos ver nos exemplos mostrados, durante o dia o P60 Pro foi capaz de captar cada pétala de malmequer, cada nuance das flores roxas e rosas cujo nome desconheço e até conseguiu fotografar para a posteridade a textura da cerca do parque infantil. Sim, o P60 vai a este nível de pormenor.

foto boneco captada pelo Huawei P60 Pro
Modo retrato em captada pelo Huawei P60 Pro

Em modo retrato, é capaz de enquadrar o rosto na perfeição, destacando do cenário de fundo ao desfocar tudo à volta. Como é possível ver na imagem, captou cada ruga e imperfeição dos meus modelos. Aliás, estes modelos não foram escolhidos por acaso, foram fotografados exatamente pelos pormenores de rosto e de textura que pareceram perfeitos para fazer este teste.

foto zoom máximo captada pelo Huawei P60 Pro
Zoom no máximo em foto captada pelo Huawei P60 Pro

Destaque ainda para o detalhe captado das nuvens mal formadas que reinavam no céu naquele dia. Ah, e a o “pontinho” que surge na imagem é, na realidade, um helicóptero. Esta imagem foi captada com o zoom no máximo e com segundos de preparação, sem possibilidade de encontrar o melhor enquadramento. Os helicópteros voam rápido em céu aberto…

foto noturna de arbusto captada pelo Huawei P60 Pro
Modo noite em foto captada pelo Huawei P60 Pro

Como não podia deixar de ser, testei com bastante expetativa o modo noturno e foi surpreendida... pela positiva. A imagem das folhas confere a sensação de que se trata do ambiente de uma estufa, mas na verdade o objeto fotografado está na rua apenas iluminado pelas luzes urbanas.

Foto de farol captada pelo Huawei P60 Pro
Modo noite em foto captada pelo Huawei P60 Pro

O mesmo se passa com o farol do carro e nem a luz a refletir criou problemas ao P60 Pro. Mas a imagem da árvore com as flores rosas conquistou-me. Atrevo-me a dizer que este smartphone conseguiu embelezar ainda mais aquela árvore em flor. A forma como conseguiu “apanhar” a luz que surgia sorrateiramente por trás é simplesmente genial.

foto árvore captada pelo Huawei P60 Pro
Modo noite em foto captada pelo Huawei P60 Pro

E para conseguir estas fotos noturnas, o P60 Pro tem um truque. Nós, os fotógrafos curiosos, escolhemos o cenário, apontamos e carregamos no botão. O P60 demora cerca de 20 segundos a captar toda a envolvência, durante os quais é bom que estejamos quietos, e depois faz o clique. Aqueles poucos segundos conseguem perceber todas as particularidades dos ambientes noturnos e captar os melhores tudo o que é preciso com o máximo de qualidade.

foto paisagem urbana captada pelo Huawei P60 Pro
Modo noite em foto captada pelo Huawei P60 Pro

Mais uma vez, destaque para o facto de o P60 Pro ter também conseguido captar cada detalhe das nuvens durante a noite.

Este tipo de fotografia não está ao alcance de todos os smartphones. E este é o tipo de fotografia que os utilizadores procuram. Sendo apenas uma fotógrafa curiosa fiquei deslumbrada, mas acredito que mesmo os profissionais podem ser conquistados com esta qualidade e com todas as opções e funcionalidades que a super câmara deste terminal Pro oferece. Neste ponto em específico o P60 Pro merece cinco estrelas e faz esquecer o “quase” antes do perfeito.

Notas finais

A Huawei continua a fazer bons smartphones e o P60 Pro é a prova disso. Tem estilo premium, confere uma sensação premium e o design não deixa margem para dúvidas de que estamos perante um modelo do segmento premium.

A câmara é pura e simplesmente soberba. Quando a utilizamos, damos conta de todas as suas funcionalidades e potencial. Consegue que fotógrafos amadores apresentem resultados extraordinários. As fotos, captadas de dia e de noite, em qualquer cenário ou com qualquer modelo, têm sempre uma qualidade excecional.

Até aqui é perfeito. Depois somos confrontados com as sanções de que a marca é alvo. Não temos comunicações 5G no processador que, por sua vez, não é o mais recente no mercado. E, à semelhança da Huawei, somos também travados de seguir para um patamar mais elevado.

Tal como refiro nesta review, estes dois obstáculos podem ser contornados. Mas o preço deste modelo a começar nos 1.249,99 euros é incontornável. E este é um valor que não está ao alcance de todas as carteiras, ainda que seja um número standard no segmento premium em que se posiciona.

Se nos focarmos apenas na câmara, design, qualidade de construção e até no desempenho deste smartphone, o investimento de certa forma justifica-se. Mas este valor devia incluir a mais recente tecnologia de ponta disponível, o estado-de-arte da tecnologia, para combinar com a arte das fotos captadas e com o estilo de obra-de-arte único que o modelo exibe.

Mas isso seria seguir para o patamar seguinte, sem qualquer travão ou sanções no meio do caminho, não é Huawei?

4 estrelas

Design 5
Construção 5
Ecrã 4,5
Desempenho 4
Áudio 4
Interface 4,5
Câmara 5
bateria 4
Qualidade/Preço 3,5
Pontuação 4,5 - Muito Bom

Prós

Câmara soberba

Bom desempenho de uma forma geral

Ecrã com qualidade

Carrega rápido

Design premium

Qualidade de construção

Contras

Preço elevado

Ausência de comunicações 5G

Processador mais antigo

Especificações técnicas

Processador Qualcomm Snapdragon 8+ Gen 1

Memória RAM: 8 GB (variante testada) ou 12 GB

Armazenamento: 256 GB (variante testada) ou 512 GB UFS 4.0

Ecrã: 6,67 polegadas, OLED, taxa de atualização variável de 1 a 120 Hz, 2700 × 1220 pixéis

Câmaras traseiras: 48 MP f/1.4 a f/4.0 (principal), 13 MP f/2.2 (ultra grande angular), 48 MP f/2.1, zoom ótico 3,5x

Câmara frontal: 13 MP

Bateria: 4.815 mAh

Carregamento: 88 W com fios, 50 W sem fios

Tamanho: 161 x 74,5 x 8,3 mm

Peso: 200 gramas

Editores 4gnews recomendam:

Mónica Marques
Mónica Marques
Ao longo de mais de 20 anos de carreira na área da comunicação assistiu à chegada do 3G e outros eventos igualmente inovadores no mundo hi-tech. Em 2020 juntou-se à equipa do 4gnews. monicamarques@4gnews.pt