Pela primeira vez, IA cria vírus que mata bactérias

Estudo em Stanford mostra que modelo de IA conseguiu desenvolver variantes capazes de matar bactérias específicas.

IA cria vírus que eliminam bactérias pela primeira vez
(Imagens: Edward Jenner/ Pexels; gerada por IA.

A inteligência artificial continua a evoluir nas suas capacidades à medida que os investigadores encontram novas formas de explorar a tecnologia. Para além de gerar imagens, resumos de textos e código, a IA tornou-se capaz de desenvolver um vírus — sim, um vírus real, e não apenas um malware para computadores.

A criação é da equipa de cientistas da Universidade de Stanford e do Instituto Arc, ambos em Palo Alto, nos Estados Unidos. No artigo Os primeiros vírus do mundo projetados por IA representam um passo em direção à vida gerada por IA, os investigadores explicam como criaram o primeiro design de vírus com DNA gerado por IA capaz de matar algumas bactérias.

Para este estudo, foi utilizado o modelo Evo, treinado especificamente com informação proveniente de milhões de genomas de bacteriófagos (um tipo de vírus que infeta bactérias), explica o Futurism. O ponto de partida foi o fago phiX174, conhecido por infetar bactérias da família E. coli.

A partir daí, os cientistas conseguiram desenvolver 302 variantes completamente originais do vírus. Para verificar a eficácia, os novos designs foram sintetizados quimicamente e misturados com E. coli.

No total, apenas 16 dos 302 vírus criados conseguiram matar as bactérias. Ainda assim, o resultado entusiasmou a equipa, que verificou que os vírus de IA foram capazes de eliminar três estirpes diferentes de E. coli, superando o desempenho do phiX174.

ia cria vírus
(Imagem gerada por IA/ ChatGPT)

Outro ponto que chama a atenção é a rapidez. De acordo com a MIT Technology Review, J. Craig Venter — um dos responsáveis pelos primeiros organismos criados em laboratório com DNA sintético — já utilizava processos manuais de IA para pesquisar literatura científica. Agora, com modelos como o Evo, é possível acelerar drasticamente este tipo de experimentação, tornando-a numa “versão mais rápida de tentativas e erros”.

Apesar do otimismo, os especialistas sublinham que esta linha de investigação exige cautela, sobretudo quando se trata de vírus que afetam humanos — o que não foi o caso deste estudo, pois o Evo não foi treinado com informações de vírus deste tipo.

“Uma área em que recomendo extrema cautela é em qualquer investigação de aprimoramento viral, especialmente quando é aleatória, de modo que não se sabe o que está a ser produzido. Se alguém aplicasse isto à varíola ou ao antraz, ficaria muito preocupado.”
— J. Craig Venter

Além disso, o recurso à IA levanta questões éticas sérias: um investigador mal-intencionado poderia usar a tecnologia para criar vírus incontroláveis ou até mesmo armas biológicas.

Logo 4gnews
Estamos a recrutar! Editor e Reviewer de Produtos Tech
Candidata-te agora
 William Schendes
William Schendes
Jornalista e criador de conteúdos, escreve sobre tecnologia, videojogos e cibersegurança desde 2022. No 4gnews, escreve sobre as novidades do mundo tech, mas anteriormente já produziu de tudo um pouco: reviews, reportagens, artigos especiais e tutoriais.