Desgaste. A "arma" secreta das autoridades no combate ao flagelo do IPTV Pirata que se faz sentir em todo o mundo. Sendo a maior ameaça aos detentores dos direitos de transmissão do conteúdo multimédia, os canais e listas de IPTV são a ameaça para o setor.
Pode ser dito que este tipo de serviços ilícitos não desaparecerá em 2021. Mas de acordo com fóruns da especialidade e estudos de mercado, a erosão dos utilizadores é notória. Não necessariamente uma diminuição nos utilizadores que compactua com este tipo de serviços ilegais e a eles recorrem, mas sim a insatisfação com os mesmos e a frustração com sucessivas quebras e instabilidades.
Desgaste e insatisfação, o combate passivo ao IPTV Pirata
Coloca-se assim a questão - até quando é que os utilizadores se sujeitarão a instabilidades nas transmissões, qualidade baixa e quebras no serviço? Perante o aumento expectável de obstáculos à distribuição dos conteúdos via streaming ilegal, espera-se que o setor venha gradualmente a perder utilizadores. Não será um processo expedito, mas sim gradual e moroso.
Parte desta equação depende necessariamente da ação das operadoras - algo que se aplica também a Portugal. A ação da MEO, NOS e Vodafone no sentido de baixar os preços dos pacotes de televisão poderia efetivamente atenuar o flagelo do IPTV pirata.
A probabilidade de tal acontecer é, para já, baixa. Isto apesar de não descartarmos a aplicação de preços mais competitivos no pós-pandemia, sobretudo com o renovado fôlego do regulador nacional, a ANACOM em Portugal.
Paralelamente, o IPTV pirata mantém o seu apelo perante a crescente fragmentação dos conteúdos distribuídos através das plataformas de streaming online de filmes e séries. Entre Netflix, HBO, Apple TV, Disney Plus, Amazon Prime e vários outros serviços, o utilizador que queira usufruir de todo o acervo incorrerá em vários custos mensais. É aqui que o IPTV pirata fixa clientes.
Enquanto o IPTV pirata for conveniente, o paradigma não mudará
É também a falta de regulação nos preços praticados pelas operadoras em Portugal - com alguns canais premium a custar tanto ou mais que a subscrição dos pacotes 3P mais baratos, é inevitável - compreensível até - que o utilizador procure outras vias.
Assim, consideramos que o apelo do IPTV pirata seja duplo. O preço, fator primário, aliado à unificação de vários serviços de streaming "num só serviço", fator secundário. Assim se conclui que o IPTV pirata não chegará ao fim em 2021.
Por outro lado, conforme este serviço encontra mais obstáculos legais e as forças de autoridade tomam ações que debilitam esta distribuição criminosa de conteúdo, o apelo do mesmo erodir-se-á com o tempo. A sua conveniência desaparece gradualmente.
O IPTV pirata para ver jogos de futebol em 2021
Os estádios vazios manter-se-ão assim, infelizmente, durante grande parte do ano, com as competições a realizar-se à porta fechada. Para os fãs do desporto rei não resta outra opção que não assistir a partir de casa ao futebol na televisão. Para tal, são escassas as competições transmitidas em antena aberta, com a maioria dos direitos de transmissão a pertencer a canais como a Sport TV.
Mais uma vez, o consumidor depara-se com a necessidade de subscrever os canais premium, ou procurar vias ilícitas. E, ainda que um serviço de IPTV possa não ser suficiente, do que temos apurado, não são raros os casos em que o utilizador português tem dois ou mais serviços de IPTV pirata subscritos, precavendo e contando com falhas em alguns destes.
É a partir de agora um jogo de paciência, pois enquanto o IPTV pirata for conveniente e mais barato que a subscrição dos canais detentores dos direitos de transmissão, este mercado negro continuará a singrar. Existem, contudo, meios para o travar.
O "fim" chegará com maior regulação e melhor concorrência
Internacionalmente vemos um esforço concertado de várias forças da autoridades na investigação e desmantelamento destas redes piratas. Em Portugal, concretamente, não temos ações da PGR ou do Ministério Público a apontar.
Aponta-se também o Digital Markets Act a surtir efeito na União Europeia e a melhor regular o mercado digital. Aqui subentende-se um redobrar dos esforços para não só perseguir os meios ilegais, como fomentar práticas mais vantajosas para o consumidor.
Finalizando numa nota pessoal, acredito que a partir de uma harmonização das diretivas europeias para o mercado digital, com uma ação forte do regulador nacional (ANACOM) e alguma anuência das operadoras nacionais, será possível, gradualmente, convencer os utilizadores a optar pelos serviços legais de televisão.
É, em síntese, um objetivo audaz e com muitas partes envolvidas o que necessariamente causará inércia a qualquer alteração. É um rumo e possível meio para colocar travão nos serviços de IPTV pirata.
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