Incrível! Artista com IA recria na perfeição pintura destruída há 300 anos

Sabryna Esmeraldo
Sabryna Esmeraldo
Tempo de leitura: 3 min.

Durante um terrível incêndio de 4 dias no palácio espanhol Real Alcázar de Madrid, em 1734, cerca de 500 pinturas históricas foram destruídas. Entre elas estava a icónica "Expulsão dos Moriscos", pintada por Diego Velázquez em 1627. Agora, quase três séculos depois, um artista conseguiu recriar perfeitamente a obra com a utilização de Inteligência Artificial.

A primeira etapa foi reunir informações históricas sobre a obra

releitura de Fernando Sánchez Castillo
A releitura da obra Expulsão dos Moriscos, pintada por Diego Velázquez em 1627, por Fernando Sánchez Castillo (Imagem: Divulgação / reprodução Instagram)

Radicado em Madrid, o artista Fernando Sánchez Castillo é conhecido pelo seu trabalho multimédia que procura interrogar a história e o poder. No início deste ano, Castillo expôs um vídeo no qual recria a pintura perdida de Velázquez. Durante os 4 minutos do vídeo, um quadro branco transforma-se na obra, da qual, até então, restavam apenas descrições e esboços.

"Com base em textos e pesquisa de Antonio Palomino e William Jordan, o artista recria a sua versão da obra "A expulsão dos mouros" de Velázquez. Queimado no incêndio de 1734 no Alcázar Real de Madrid, restam apenas algumas descrições e um esboço do retrato de Felipe III recentemente encontrado. Os seus protagonistas habitam entre nós como fantasmas do imaginário velazquiano", descreve a legenda que acompanha o vídeo numa publicação no Instagram.

Conforme citado acima, além da IA, Castillo precisou recorrer a recursos históricos, como a descrição detalhada da pintura que o historiador e artista Antonio Palomino escreveu antes do incêndio. A essa descrição, o artista uniu um esboço preliminar que Velázquez fez para a Expulsão dos Moriscos, encontrado numa casa de leilões de Londres em 1988 pelo historiador de arte espanhol William Jordan.

O Midjourney foi a primeira IA utilizada

“Expulsão dos Moriscos”, pintada por Diego Velázquez releitura
Processo para recriação da obra Expulsão dos Moriscos, pintada por Diego Velázquez em 1627, por Fernando Sánchez Castillo (Imagem: Divulgação / reprodução Instagram)

A partir daí, Castillo uniu-se a Paula García, uma estudiosa de IA que trabalha com design de videojogos. Eles utilizaram todo o material apurado e outras pinturas barrocas para construir um prompt detalhado para a ferramenta de IA Midjourney, conforme noticiado pelo El País. Mesmo após todo o trabalho pré-IA, alcançar o resultado final ainda exigiu grande dedicação dos dois artistas.

“Quanto mais preciso for o prompt, melhor funcionará. Se fores vago, como dizer 'alegoria de Espanha' para a nossa pintura, verás bandeiras espanholas aparecerem na tela. É um trabalho demorado que requer paciência. Avanças, voltas, verificas as imagens da internet e depois avanças novamente”, disse García ao El País, descrevendo a experiência com a IA como “ter um exército de aprendizes”.

A ferramenta de IA do Photoshop finalizou a obra

recriação da obra Expulsão dos Moriscos, pintada por Diego Velázquez
Parte do vídeo da recriação da obra Expulsão dos Moriscos, pintada por Diego Velázquez em 1627, por Fernando Sánchez Castillo (Imagem: Divulgação / reprodução Instagram)

Com o trabalho no Midjourney, Castillo e García obtiveram os blocos de construção para sua interpretação. O passo seguinte foi utilizar o recurso de IA de preenchimento generativo do Adobe Photoshop para concluir o trabalho. Para a dupla, a obra de arte resultante é cerca de 80% de “criação artística” e 20% de IA, conforme disseram ao El País.

Parte da última exposição individual do artista Contra-informações, a obra de Velázquez retrata a ordem de Filipe III de expulsar da Espanha os Moriscos, muçulmanos que se converteram ao cristianismo.

Há alguns meses, milhares de artistas levantaram preocupações sobre a utilização dos seus trabalhos para treinar o Midjourney. Na mesma época, a IA foi utilizada para "completar" a obra Pintura Inacabada (1989) de Keith Haring, iniciativa amplamente criticada, uma vez que o artista deixou o quadro inacabado como comentário sobre a epidemia de HIV.

Contudo, a IA vem sendo utilizada também para reimaginar e recriar obras perdidas ou danificadas. A existência das duas situações põe em discussão novamente a necessidade de leis específicas para a utilização da IA nos mais diferentes campos.

Sabryna Esmeraldo
Sabryna Esmeraldo
Sabryna trabalha com comunicação há mais de dez anos e especializou-se a produzir conteúdos e tutoriais sobre aplicações e tecnologia. Consumidora de streamings e redes sociais, adora descobrir as novidades do mundo.