First Man (2018) a imersiva história de Neil Armstrong

Ricardo Magalhães
Tempo de leitura: 5 min.

First Man é o terceiro grande trabalho de Damien Chazelle. Após o enorme sucesso de Whiplash e La La Land, Chazelle volta a dirigir uma grande produção de Hollywood e apesar do desvio do seu estilo habitual, o resultado foi o mesmo, um filme sensacional!

First Man é um filme biográfico de Neil Armstrong e da sua caminhada até à famosa aterragem na lua. Acima de tudo, o filme apresenta-nos Neil Armstrong, o marido, pai, amigo que começou uma família, sofreu, teve um sonho, lutou por ele e conquistou. Contudo Neil Armstrong, o primeiro homem a pisar a lua, não é esquecido pelo filme, obviamente.

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First Man tem como protagonista Ryan Gosling, e um elenco recheado de nomes fortes como Claire Foy, Jason Clarke, Kyle Chandler, Corey Stoll e Ciarán Hinds. Ademais, First Man marca também o primeiro filme dirigido por Chazelle cujo guião não foi escrito por este, sendo que desta vez o responsável foi Josh Singer.

Sem dúvida que realizar um filme focado numa personalidade tão conhecida por todos não é tarefa fácil. Por isso, era espectável que houvesse algum tipo de criticismo ou revolta sobre algum aspeto abordado. Seja como for, todo o criticismo deve ser considerado bem-vindo, se for construtivo e tiver uma base de lógica… Acredite-se ou não, várias pessoas levantaram polémica visto não ter existido uma cena em que a bandeira americana foi plantada.

First Man mostra-nos um lado diferente de Neil Armstrong!

Isto é, ninguém consegue dissociar Neil Armstrong da conquista da aterragem na lua. Mas, First Man, não dissociando os dois (pois é impossível), deixa bem claro que o seu objectivo é contar a história de Neil Armstrong, em que a aterragem na lua é um capítulo desta, mas não o total da mesma.

First Man faz das cenas filmadas da perspectiva interior dos foguetões espaciais a sua maior força. Dessa forma, estas são extensas em duração de forma a imergir o espectador dentro da mesma. E rapidamente nos apercebemos disto quando a primeira cena aplica tão bem este conceito, mesmo até antes de percebermos o contexto, estamos inseridos numa experiência sensorial com tudo aquilo a que tem direito.

First Man vai fazer-te sentir como um personagem no filme!

Assim sendo, são raros os filmes que me conseguem imergir tanto nas suas cenas (se bem que o foco nem sempre é esse por parte dos diretores). No entanto, em First Man, nestas cenas senti-me como um dos astronautas.

De maneira idêntica, quando é dado o primeiro passo na lua, este é filmado em perspectiva, mais uma vez para nós, os espectadores, sentirmos também este “pequeno passo”, como se fossemos nós a dá-lo.

Contudo, First Man também mostra um outro lado do que é ser um astronauta. Com todo o sonho e conquista que acompanha a profissão, também um perigo constante se faz sempre presente. E aqui também conseguimos ver bem esta situação, como uma possibilidade sempre bem real. Desse modo, esta incerteza em cada missão tem um impacto grande nestas famílias.

E aqui, o drama na família de Neil e na dos seus amigos é realisticamente "contado". Só para ilustrar existe uma sequência no filme bem poderosa em que Neil tem de ser frontal para com os seus filhos e com a sua mulher antes de partir para a missão mais importante da sua vida.

Damien Chazelle e Ryan Gosling voltam a trabalhar juntos após La La Land

Chazelle pela primeira vez realiza um guião que não da sua autoria. Ainda assim, mais uma vez provou toda a sua qualidade e versatilidade como diretor. Com toda a certeza Chazelle é simultaneamente um dos mais promissores directores da sua geração e um dos melhores.

Ryan Gosling retorna para trabalhar com Chazelle após La La Land. Da mesma forma, a sua interpretação foi sensacional, tal como nos tem habituado. Já que o grande foco do filme é Armstrong, todas as outras personagens são exploradas bem mais esporadicamente. No entanto, dentro do tempo que cada papel lhes deu, as interpretações foram bem positivas.

A cinematografia esteve também em destaque. A iluminação é algo com que muitos directores encontram problemas, os quais acabam por resolver ao iluminar o mais artificialmente possível as cenas. Assim, as cenas perdem muita da realidade que os filmes lhe pretendem incutir. É de notar que em First Man, esta foi tratada da melhor maneira, e ajudou bastante no fator imersivo que o filme alcança.

Os efeitos especiais foram bem utilizados e em contraste com a maioria dos filmes dentro do género, não foram o foco do filme mas um complemento a este.

Para a banda sonora, Chazelle juntou-se mais uma vez ao seu compositor habitual, Justin Hurwitz. Igualmente aos seus trabalhos passados, a banda sonora foi excelente, apesar de pessoalmente ter preferido os ‘scores’ de Whiplash e La La Land. Ainda assim, há tracks espectaculares, com o destaque a cair na cena da aterragem na lua.

First Man é uma magnifica experiência imersiva que não podes perder!

First Man é um filme que se demarca dos demais dentro do género. Aqui o foco não é em exuberantes efeitos especiais mas sim na experiência em si. Nesse sentido todas as cenas filmadas da perspectiva interior dos foguetões são extensas e pretendem imergir o espectador.

Por fim, Damien Chazelle, jovem director de 33 anos, volta a apresentar um espectacular filme. Após os sensacionais sucessos de Whiplash e La La Land, que lhe valeu o prémio de melhor director, e já agora o mais novo de sempre, First Man revela-se um desafio bem diferente, mas ultrapassado com a mesma maestria que já lhe vem a ser habitual e que me deixa entusiasmado pelos seus próximos trabalhos!

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