O Facebook não pede permissão...Pede desculpa! Mais polémica à vista?

António Guimarães
António Guimarães
Tempo de leitura: 3 min.

Ainda agora começámos 2019 e já temos uma tonelada de polémicas no mundo tecnológico. Temos a Huawei a enfrentar suspeitas de meio mundo e agora o Facebook.

A rede social está a enfrentar alguns problemas na Alemanha por causa da sua política de recolha de dados. Não só pelo Facebook mas também pelo WhatsApp e Instagram.

A Alemanha instituiu uma regra hoje que limita essa recolha por parte da empresa de Mark Zuckerberg. A mesma não está nada satisfeita com esta decisão.

Para o Facebook, 60% de fatia de mercado não é um monopólio

O Bundeskartellamt ou regulador nacional de concorrência alemão declarou que o Facebook já não pode recolher dados através das suas plataformas. Terá que pedir explicita permissão aos seus utilizadores.

Anteriormente, utilizadores no país não tinham opção se não partilhar dados entre Instagram, WhatsApp e Facebook. Adicionalmente, aplicações de terceiros relacionadas com essas aplicações.

"A prática de combinar dados numa única conta de Facebook sem restrições será agora sujeita a aprovação dos utilizadores" - Andreas Mundt, presidente do Bundeskartellamt.

Em primeiro lugar, a reguladora alemã salientou que não tem problemas com a recolha de dados. O problema é apenas uma empresa agregar tudo, alegando ser "anti-competitivo" e um símbolo de monopólio.

A verdade é que o Facebook tem uma posição muito forte no país. São cerca de 23 milhões de utilizadores diários, o que se traduz numa fatia de mercado de 95% para o Facebook, segundo o Bundeskartellamt.

Em segundo lugar, Mundt acrescentou que o término do Google+ é um factor importante. Adicionalmente concorrência como Snapchat, Youtube ou Twitter oferecem apenas "fragmentos" dos serviços que o Facebook oferece.

Em resposta o Facebook afirma que as coisas não são bem dessa forma e que existe competição no país. A empresa declarou que mais do que 40% de utilizadores de redes sociais na Alemanha não utilizam a rede social.

Contudo, caso seja verdade, isso continua a significar que 60% dos utilizadores fazem uso do Facebook. Uma percentagem mais do que suficiente para se considerar um monopólio.

O Facebook diz que recolhe tantos dados "para o nosso bem"

A empresa emitiu uma declaração oficial sobre o sucedido esta manhã. Abordou a questão da recolha de dados embora com a típica linguagem corporativa e deu uma justificação bastante caricata

"A utilização de informação através de todos os nossos serviços ajuda-nos a proteger a segurança e privacidade das pessoas. Por exemplo, identificação de comportamento abusivo e eliminação de contas ligadas ao terrorismo, interferência em eleições ou abuso infantil."

Todavia, no final da sua declaração, o Facebook dá um ênfase a outro aspecto da situação.

"Todos os dias as pessoas interagem com empresas que recolhem dados de forma semelhante. Algo que devia ser foco para reguladores por todo o mundo. Contudo, o Bundeskartellamt insiste em implementar regras para uma única empresa."

Basicamente, se todos o fazem, porque não nós? Foi esta a mensagem final que o Facebook transmitiu nesta declaração.

Em suma, temos aqui mais um exemplo de um governo a colocar travões numa empresa gigantesca. Por um lado temos grandes empresas a querer recolher dados. Por outro lado temos grandes governos a tentar impedir essa recolha.

O Facebook tem passado por vários escândalos de invasão de privacidade nos últimos meses. Cambridge Analytica, a colocação de spyware em smartphones para "pesquisa", entre outros.

A verdade é que mal entramos na internet estamos a abdicar de muita privacidade. Resta-nos a nós, utilizadores decidir o que queremos partilhar e o que não queremos. O Facebook é uma rede social gratuita onde o produto somos nós. Quem não gostar da ideia, pode simplesmente eliminar a sua conta.

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António Guimarães
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Juntamente com os seus atuais companheiros Mi A2 e Surface Go, batalha para elucidar as massas sobre todos os acontecimentos da esfera tecnológica. "Informação é poder" é a frase que o acompanha diariamente. Talvez um dia a coloque numa t-shirt.