Em fevereiro deste ano, a Xiaomi lançou a sua primeira geração de smartwatches com o sistema operativo WearOS que incluía um modelo Pro e um modelo base. Depois de termos vivido uma aventura com o Xiaomi Watch 2 Pro, agora foi a vez de experienciarmos o modelo menos avançado Watch 2. Ambos os modelos possuem o universo Google, mas obviamente são distintos entre si. Será que esta versão base é ofuscada pelo seu “irmão” mais avançado? E quais os argumentos que tem para se afirmar como uma opção a comprar?
Ao longo das últimas semanas, vivi (literalmente) 24 horas com o Watch 2 para responder a estas e outras perguntas. Agora chega o momento de partilhar a experiência contigo.
Unboxing em modo déjà-vu
A experiência de unboxing do Xiaomi Watch 2 é exatamente a mesma do Xiaomi Watch 2 Pro. Tudo porque ambos os smartwatches apresentam os mesmos elementos na sua caixa de compra: o relógio, claro, e um carregador circular que funciona através do sistema magnético.
As caixas são, inclusive, exatamente iguais, à exceção da fotografia que mostram na sua zona frontal.
Após esta experiência em modo déjà-vu é tempo de emparelhar o Xiaomi Watch 2 com o smartphone. Fi-lo através da aplicação Mi Fitness e, seguindo as instruções nos ecrãs do smartphone e do smarwatch, tudo correu bem e num período de tempo curto.
Design discreto num modelo enorme
O modelo testado exibe um mostrador e aro negro com braceletes em silicone do mesmo tom. Nesta opção de cor, o Xiaomi Watch 2 faz boa figura em qualquer ocasião, formal ou informal, assim como vai combinar com qualquer estilo ou roupa.
As linhas são sóbrias e discretas… até que chegamos ao seu tamanho. Este modelo não é para todos os pulsos. Nos braços menos encorpados – como é o meu caso–, o pulso fica completamente tapado e o Xiaomi Watch 2 salta à vista de todos, quando consegue libertar-se das camadas de roupa.
Sim, o seu tamanho, digamos que generoso, muito facilmente prende na camisola e todos sabemos que o inverno não é amigo desta tecnologia vestível. Mas mesmo quando está por baixo de uma camisola e de um casaco, deixa antever a sua presença pelo alto redondo que surge no pulso. Tudo porque a moldura em alumínio é também um pouco alta.
Contas feitas, o Xiaomi Watch 2 é indicado para pulsos maiores e braços mais masculinos. À semelhança do que acontece com o modelo Pro. Ambos os smartwatches contam com um tamanho que não pode ser considerado unissexo.
Sim, tem um design discreto e linhas sóbrias que lhe conferem estilo e versatilidade, mas o tamanho retira-lhe alguma beleza quando colocado num pulso mais pequeno que não favorece (muito pelo contrário) a sua beleza.
Este modelo conta também com dois botões físicos na lateral direita para acesso ao menu principal, com o botão superior, e acesso a várias watchfaces com o botão inferior. Ambos são responsivos e não “beliscam” o design do modelo, uma vez que não são tão salientes como seria de esperar.
Bracelete confortável com mecanismos caprichosos
O Xiaomi Watch 2 aqui testado está equipado com uma bracelete em silicone. Esta destaca-se pelo conforto que proporciona. Seja a dormir ou em plena atividade física, a bracelete fornece um conforto tal que quase não damos por este smartwatch.
Mas lidar com a bracelete pode ser desafiante, tanto quando estamos a trocar por outra, como quando estamos a colocar ou a tirar o relógio. Neste último caso, começo por explicar que a parte excedente da bracelete fica engenhosamente guardada entre o pulso e o relógio.
Este sistema é genial, uma vez que evita pontas soltas e que previne a degradação da bracelete. No entanto, quando queremos tirar o relógio torna-se desafiante. Tudo porque a bracelete adere mesmo à pele e, ainda que não cause desconforto algum, fica mesmo presa. É preciso algum jeito e um truque: puxar ligeiramente para fora a ponta para que seja mais fácil de empurrar e começar a libertar-se da fivela.
Para a troca de bracelete, a Xiaomi incluiu uma pequena patilha que com um toque a liberta. Tirar é fácil, já voltar a colocar é caprichoso. É preciso um determinado jeito e timing para conseguir colocar a patilha na posição certa para o encaixe rápido e fixo. Esta operação poderá necessitar de algumas tentativas, mas assim que se apanha o jeito, fixa bem.
Ainda que tenha estes caprichos, o Xiaomi Watch 2 é bastante confortável de utilizar e o seu tamanho generoso não é um problema nem nos períodos de descanso, nem em sessões de plena atividade física. Aqui, a Xiaomi conseguiu o impensável e acredito que seja graças ao pormenor da bracelete deste smartwatch adaptar-se perfeitamente ao braço, parecendo mesmo uma segunda pele.
O tamanho generoso favorece o ecrã
Tal como o modelo Pro, também o Xiaomi Watch 2 está equipado com um ecrã AMOLED de 1,43 polegadas que fornece uma resolução de 466 por 466 pixéis e um brilho máximo de 600 nits.
Neste caso específico, o tamanho do mostrador funciona como uma vantagem, com a área de visualização a ter espaço suficiente para mostrar, com nitidez, toda a informação. Conseguimos ver, na perfeição e sem óculos, todas as métricas registadas por este smartwatch, assim como as notificações que recebemos do mail, aplicações, entre outras.
Aqui, o tamanho importa e num sentido positivo. Por ser grande, é também mais fácil perceber a mestria da Xiaomi a fazer ecrãs em equipamentos móveis. A marca chinesa tem essa boa reputação e a cada terminal que lança consolida essa mesma reputação, elevando-a inclusive em alguns equipamentos.
Bom desempenho e a maravilha do universo Google
O Watch 2 está equipado com o processador W5+ Gen 1. Por essa razão e tal como o modelo Pro, fornece um desempenho sólido. Não se esperava menos e o modelo cumpre com as expetativas.
Está equipado com GPS, por isso, dispensa a companhia do smartphone quando o utilizador sai para praticar uma atividade física fora de portas. Conta também com Bluetooth 5.2, mas sendo um modelo base, também não esperamos mais.
Sem dúvida alguma, o destaque vai diretamente para o sistema operativo WearOS integrado. Este coloca todo o universo Google no nosso pulso, à distância de um clique e pouco bate este argumento nos dias de hoje. Esta será sempre uma das razões mais fortes (se não mesmo a principal) para a compra deste modelo.
Uma palavra ainda para a receção de notificações. Neste ponto, o Xiaomi Watch 2 cumpriu à risca, exibindo todas as notificações recebidas do mail, aplicações e até de eletrodomésticos inteligentes emparelhados com o mesmo smartphone. Não falhou uma! Para quem não quer perder nenhuma notificação, este é o smartwatch a comprar.
Autonomia melhor do que esperado
Um dos pontos a melhorar do Xiaomi Watch 2 Pro é a autonomia fornecida. O modelo mais avançado debate-se, tal como comprovando na nossa review, para fornecer 48 horas de vida útil de bateria.
Por esta razão, era esperado que o modelo base assinalasse a mesma questão. Contudo, com uma utilização moderada e pouco recurso ao GPS, o Xiaomi Watch 2 aguentou as 48 horas e mais um pouco. Claro que um uso mais intensivo, reduz este tempo, mas ainda assim foi surpreendente conseguir um pouco mais que o congénere Pro.
Mas tal como o modelo mais avançado, também o Xiaomi Watch 2 carrega de forma bastante rápida. Especialmente se for utilizado um adaptador da Xiaomi de 120 watts. Neste caso, o carregamento total não excede uns parcos 15 minutos. Esta é uma vantagem relevante num dispositivo que pode (e deve) ser utilizado sete dias por semana, durante as 24 horas do dia.
Por sua vez, o sistema magnético com pinos para carregamento é também simples e eficaz. Basta assentar a base no círculo, sem qualquer tipo de ginástica ou “jeitinho”, para ambos acoplarem e o carregamento iniciar de imediato.
Muitos modos de desporto com muita motivação à mistura
O Xiaomi Watch 2 conta com mais de 100 modos para a prática de atividade física e até menos física – tem um modo dedicado a jogos de cartas e de tabuleiro. Opções dentro e fora de portas não faltam e até tem toda uma área dedicada aos mais específicos desportos de inverno.
As métricas, graças ao GPS integrado, são precisas. Depois esses dados são exibidos na aplicação Mi Fitness que apresenta gráficos simples e práticos de ler e perceber.
Motivação também não falta e eu que o diga. Em cada caminhada feita com o Xiaomi Watch 2, não faltaram comunicações sonoras, sobretudo na primeira utilização. A cada meta emblemática alcançada (por exemplo quando cumprimos 1 km), surge uma voz que não só assinala o feito, como motiva a continuar.
A princípio funciona muito bem. Mas à medida que cumprimos as metas, aumenta o cansaço e diminui a tolerância a tamanha motivação. Para quem gosta de ouvir apenas a sua música ou não precisa de um coach eletrónico, recomendamos que desliguem estas notificações.
Monitorização da saúde quase sempre
Nos recursos de saúde, o Xiaomi Watch 2 faz monitorização do batimento cardíaco, níveis de oxigénio no sangue e também dos níveis diários de stress. Basta acionar a funcionalidade de monitorização 24 horas por dia.
No entanto, a determinada altura desta análise, por algum motivo desconhecido, este smartwatch deixou de mostrar os registos destes três recursos em forma de gráfico no mostrador. Para saber o batimento cardíaco, tive de iniciar o modo de monitorização pontual e o mesmo aconteceu com as restantes opções.
Recorri ao habitual truque de desligar tudo e voltar a ligar. Resultou. Mas fiquei intrigada com o que terá levado o Watch 2 a desistir da monitorização, sem ter sido solicitado para o fazer.
Este smartwatch também monitoriza a qualidade do sono e, tal como o modelo mais avançado, também associa um animal do sono ao utilizador, ao fim de sete dias de análise ao período de descanso.
Esta funcionalidade, ainda que não seja crucial, é muito engraçada e capaz de conquistar alguns utilizadores mais céticos a usar o smartwatch durante a noite.
Notas finais
O Xiaomi Watch 2 é um modelo que fornece um desempenho sólido, graças ao processador W5+ Gen 1 integrado. O ecrã tem a qualidade a que a Xiaomi já nos habituou e exibe em cada equipamento móvel que lança. Aqui não se diferencia do modelo mais avançado.
Mas o principal argumento de compra para este smartwatch é o sistema operativo WearOS que coloca o universo Google no nosso pulso e facilita o acesso a todas as aplicações a si associadas. Mais: tendo um preço mais acessível que o modelo Pro, pode ganhar pontos junto de utilizadores com orçamentos mais limitados.
Este modelo carrega de forma bastante célere e até mostrou uma autonomia mais sólida que o modelo Pro, de forma surpreendente. Ainda assim, ambos os modelos têm espaço para melhorar.
Pelo lado menos positivo, o tamanho deste mostrador não é adequado a todos os pulsos e, definitivamente, não lhe serve o rótulo de unissexo. O mostrador de dimensões generosas só vai ficar bem em pulsos mais robustos.
A bracelete é uma das mais confortáveis de usar, funcionando quase como uma segunda pele. Mas o mecanismo de troca e de tirar o relógio do pulso é um tanto desafiante por a bracelete ter os seus caprichosos.