WhatsApp tece duras críticas à encriptação de dados usada no Telegram

Carlos Oliveira
Carlos Oliveira
Tempo de leitura: 3 min.

Will Cathcart, responsável máximo pelo WhatsApp, foi a voz de uma das mais duras críticas já tecidas à plataforma Telegram. Em causa, a tecnologia de encriptação de dados utilizada por este serviço, ou melhor dizendo, a falta dela.

O CEO do WhatsApp afirma que o Telegram carece de uma real tecnologia de encriptação de dados, embora passe a mensagem inversa para o mercado. Este executivo aponta ainda outras falhas que, segundo ele, devem afugentar os utilizadores desta plataforma.

Telegram is not end-to-end encrypted by default and offers no e2ee for groups. From the article: “Telegram has the capacity to share nearly any confidential information a government requests”

— Will Cathcart (@wcathcart) 10 de fevereiro de 2023

Encriptação de dados do Telegram colocada em causa por um dos seus maiores rivais

As afirmações que Will Cathcart proferiu na rede social fundamentam-se num novo relatório publicado pela Wired. Neste documento, a revista atenta às relações desta plataforma de comunicações com a Rússia e detalha algumas práticas que classifica duvidosas.

O CEO do WhatsApp vem assim dar voz a este relatório que poderia passar despercebido a muitos. Em síntese, ambos apontam o dedo à encriptação de dados utilizada no Telegram e classificam-no como um engodo aos seus utilizadores e ao mercado em geral.

É referido que o Telegram não possui a sua encriptação de dados ativa por defeito, nem sequer a oferece nos seus grupos. O último ponto é uma factualidade e a própria plataforma justifica-o com a dificuldade que a mesma causaria às suas cópias de segurança.

Their e2ee protocols lack independent verification: “most disturbingly, some activists have found their “secret chats”—Telegram’s purportedly ironclad, end-to-end encrypted feature—behaving strangely, in ways that suggest an unwelcome third party might be eavesdropping.”

— Will Cathcart (@wcathcart) 10 de fevereiro de 2023

Aponta-se ainda a falta de transparência e verificação independente dos protocolos de encriptação de dados utilizados no Telegram. Citando o relatório da Wired "... o mais perturbador é que alguns ativistas descobriram os seus "chats secretos" - o recurso supostamente rígido e criptografado de ponta a ponta do Telegram - comportando-se de maneira estranha, de maneiras que sugerem que um terceiro indesejado pode estar a espiar".

É aqui que entram na equação as duvidosas relações entre esta plataforma com agentes do Kremlin. Coloca-se a possibilidade de os seus informantes socorrerem-se de um spyware para aceder às conversas dos utilizadores desta plataforma.

Localização dos utilizadores terá sido comprometida

Outra acusação grave dá conta de que a localização terá escapado com uma precisão alarmente. Devido a uma falha na API de localização do Telegram, este terá fornecido dados com uma precisão de um raio de 3 km.

In addition to not securing people’s messages, Telegram’s blunders have put people at risk: “At the start of the war…it was possible to spoof Telegram’s locations API to pinpoint any user within a 2-mile radius if they had recently turned on their location.”

— Will Cathcart (@wcathcart) 10 de fevereiro de 2023

Tais informações podiam ser recolhidas sempre que um utilizador ativasse os dados de localização no seu smartphone. Apesar de o Telegram negar fornecer informações a entidades governamentais, os mais recentes relatórios apontam para o contrário.

Para finalizar, Will Cathcart cita o jornalista Andrei Soldatov que questiona o porquê das pessoas continuarem a usar o Telegram. Aproveitando a deixa, o CEO do WhatsApp incita à procura de uma alternativa ao Telegram, mesmo que a escolha não recaia sobre a plataforma da Meta.

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Carlos Oliveira
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No 4gnews desde 2015, escreve e acompanha as últimas tendências, sobretudo smartphones, para que os leitores estejam sempre bem informados.