A Tesla atravessa um dos períodos mais desafiantes no mercado europeu. Em julho, as vendas da marca caíram 40% face ao ano anterior, no sétimo mês consecutivo de queda.
No mesmo período, a chinesa BYD registou um crescimento impressionante, triplicando os números e consolidando-se como uma das grandes rivais no segmento de carros elétricos na Europa.
Tesla em queda num mercado que cresce
Segundo dados da Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA), via CNBC, a Tesla contabilizou 8.837 novos registos em julho, contra os 13.503 da BYD, que avançou 225% em relação ao ano passado.
A queda é ainda mais preocupante quando se considera que, no mesmo período, as vendas gerais de carros elétricos a bateria na Europa continuaram a crescer.
A fabricante de Elon Musk enfrenta vários obstáculos no continente. A concorrência intensificou-se com novas propostas de design e tecnologia, enquanto a reputação da Tesla sofre com a retórica do próprio CEO e a sua proximidade ao governo Trump.
Além disso, a marca não tem realizado renovações significativas na sua linha de veículos, o que contribui para o declínio.
Linha envelhecida e investidores em alerta
A Tesla reconhece que precisa de novidades. Para 2025, está prometido um novo modelo mais acessível, com “produção em massa” prevista para o segundo semestre, o que poderá ser crucial para revitalizar as vendas. Ainda assim, os investidores mostram-se cautelosos.
Em entrevista ao programa “Squawk Box Europe” da CNBC, Thomas Besson, chefe de pesquisa automóvel na Kepler Cheuvreux, sublinhou que a administração tem tentado “convencer os investidores de que a Tesla não é realmente uma empresa automobilística” ao focar-se em inteligência artificial, robótica e autonomia. No entanto, acrescentou:
“Eles falam sobre quase tudo, menos sobre o carro que estão a vender num ritmo mais lento agora porque, efetivamente, a idade do veículo deles é muito maior do que a da concorrência e os produtos mais recentes não fizeram tanto sucesso quanto o esperado, principalmente o Cybertruck”.
BYD e rivais chinesas intensificam ofensiva
Enquanto a Tesla perde terreno, a BYD e outras fabricantes chinesas avançam com força no mercado europeu. A estratégia tem passado pela abertura de showrooms em vários países e pelo lançamento de modelos a preços competitivos.
O resultado é visível: no primeiro semestre, as marcas chinesas já conquistaram uma participação recorde de mais de 5% no mercado europeu, segundo dados da JATO Dynamics.
O impacto vai além da Tesla. Também a Stellantis (dona da Jeep), o Grupo Hyundai, a Toyota e a Suzuki registaram quedas anuais nos registos de novos veículos em julho.
Em contrapartida, marcas como a Volkswagen, a BMW e o Grupo Renault foram das poucas a conseguir crescer no mesmo período, reforçando as diferenças no ritmo de adaptação ao novo cenário competitivo dominado pelos carros elétricos e pelo avanço das marcas chinesas.
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