A quarta geração do melhor smartphone dobrável da Samsung, o Samsung Galaxy Z Fold4 continua a ser a referência na sua categoria. Mas bastarão os incrementos aqui implementados para justificar, só por si, um upgrade face ao modelo anterior?
A resposta rápida é um rotundo não e isso é positivo - a Samsung tem feito um excelente trabalho no quesito das atualizações aos seus smartphones existentes.
Há, contudo, melhorias dignas de nota face ao Galaxy Z Fold3, para além de todos os aspetos básicos do smartphone estarem aprimorados, ou a funcionar justamente como esperamos num topo de gama.
O preço? É alto, desde 1 859 € em Portugal, mas não há ninguém que desafie atualmente a gigante sul-coreana neste que é já o seu novo bastião, os smartphones dobráveis.
O novo dobrável topo de gama chegou recentemente ao mercado acompanhado pelo Galaxy Z Flip4, novos relógios Galaxy Watch 5, bem como os auriculares TWS de gama alta, os Galaxy Buds 2 Pro.
É uma renovação plena para o portefólio da marca, com produtos apresentados a 10 de agosto durante o último evento Galaxy Unpacked.
Razões para comprar:
- O melhor smartphone dobrável no mercado até à data
- Ligeiramente mais alto para melhor rácio de ecrã e apresentação de conteúdos
- Barra de tarefas inferior é prática e expande a produtividade no smartphone
- Câmara sólida, melhorias notáveis face ao antecessor (Galaxy Z Fold3)
- O ecrã exterior é visualmente delicioso e ótimo de usar
- Altifalantes pujantes com excelente qualidade de áudio e palco sonoro alargado
Razões para não comprar:
- Despido de acessórios, na caixa só temos o cabo USB-C / USB-A
- Discreta, mas omnipresente, a vinca no ecrã pode irritar alguns utilizadores
- S-Pen vendida à parte, seria a coroa para este smartphone caso viesse incluída
- Câmara interna frontal (sob o ecrã) deixa muito a desejar
- Alguma refletividade do ecrã é inevitável no ecrã principal dobrável
Entre as razões para não comprar cogitei referir o seu preço de venda ao público recomendado de 1 859 €. Porém, este é um produto estrela da Samsung, um bastião de inovação até ao momento sem rival no mercado.
Por isso, a marca até poderia colocar uma etiqueta bem mais pesada face ao excelente produto que apresenta. Os dobráveis são seus (segmento) e nenhuma fabricante se compara à Samsung à data de redação deste artigo.
Primeiras impressões do Samsung Galaxy Z Fold4
Em primeiro lugar temos o design que, de imediato nas primeiras impressões, se revela praticamente inalterado face à geração anterior do telefone. Nada de errado aí, a mistura perfeita entre metal e vidro que equilibram o ecrã interior, ousado e dobrável.
Temos a sensação de possuir dois smartphones - um externo de caráter alto, estreito, mas grosso - bem como um interno - um autêntico tablet compacto de 8 polegadas. A sensação de os usar (os dois smartphones num só) é fantástica.
Senti, em todos estes primeiros dias, uma renovada descoberta sempre que o abria. A este Samsung Galaxy Z Fold4 cabe o mérito de me cativar a atenção, tendo já experimentado os mais variados smartphones e tablets desde 2014 (e antes mesmo disso).
Quiçá uma das comparações mais rebuscadas, mas que acompanharam nos últimos dias, são os paralelismos entre o Samsung Galaxy Z Fold4 e a Nokia de outrora. Recordem, se passaram por isso é claro, os telemóveis Nokia que ousavam quebrar padrões de forma, dobra, feito e funcionalidade. Pensem, exorto-vos, nos melhores Nokia N95 e N97 - não nos N Gage.
Tudo isto para ilustrar um ponto. Há nos dobráveis Samsung e sobretudo neste Samsung Galaxy Z Fold4, um mesmo espírito de desafio perante o status quo.
E, realmente, nenhum telefone se compara ao Z Fold4 (a não ser os seus antecessores), na experiência de utilização proporcionada aos seus utilizadores.
Tanto temos um telefone compacto, alto e estreito (mas grosso q.b. e pesado na mesma medida), com um ecrã fantástico, como temos um iPad mini nas mãos.
O resultado? Um telefone extremamente versátil que tanto pode acatar as necessidades mais básicas, como os caprichos mais recônditos ao passar de um telefone e ecrã pragmático (o exterior), para um deleite visual com o interior.
Design conservador num smartphone ousado
Entre as mudanças de design principais cumpre aqui mencionar a largura do ecrã exterior. Está agora mais utilizável graças ao formato 23.1:9 que torna mais fácil escrever neste ecrã estreito. Certo é que continua a parecer muito estreito para usar o teclado e consoante o tamanho dos dedos do utilizador pode revelar-se problemático mesmo assim.
Porém, ao abrir o Samsung Galaxy Z Fold4 temos um ecrã de 7,6 polegadas (mentalmente fazemos a associação com um tablet de 8 polegadas), com formato 21.8:18 e de imediato se abre um novo mundo de possibilidades. Ler documentos não só é natural como prazeroso, ver filmes e séries, seja na Netflix ou no Youtube é um exercício de gula visual e a vinca...está lá. Vive-se com ela.
O Samsung Galaxy Z Fold4 é um smartphone que atrai muitas atenções. Sejam demonstrações de surpresa ou preocupação para com a durabilidade dos ecrãs dobráveis, este é um telefone que dá muito nas vistas. A Samsung afirma que o ecrã sobrevive a pelo menos 200 mil movimentos de abertura e fecho, ou seja, de flexão do ecrã.
Qualidade de construção digna da marca Samsung
O mais surpreendente? O facto de um smartphone dobrável ter alguma resistência à água, mais concretamente a salpicos - IPX8. Temos também uma estrutura robusta em alumínio que se mostrou inspirador de confiança ao pegar no telefone. Para além disso, a sua porção exterior é revestida pelo vidro Gorilla Glass Victus+, tanto no ecrã exterior como na traseira do telefone.
É, contudo, pesado com 263 gramas, mas fino quando aberto - 6,3 mm. Já quando o fechamos temos um telefone compacto e grosso com 15,8 mm. De acordo com a marca, o Samsung Galaxy Z Fold4 é 8 gramas mais leve e 0,2 mm mais fino que o antecessor.
Encontramos botões metálicos com bom feedback para o seletor de volume, bem como um botão On / Off ligeiramente convexo para acomodar o leitor de impressões digitais. Tudo funciona como seria de esperar, transmitindo uma sensação de qualidade e ótima qualidade de construção. A melhor surpresa, devo dizer, foi a experiência de áudio, com altifalantes excelentes e áudio envolvente.
Ecrãs pragmáticos e envolventes neste smartphone dobrável
O destaque central deste Samsung Galaxy Z Fold4 é o ecrã interior de 7,6 polegadas, um display QXGA+ LTPO AMOLED. Tem taxa de atualização variável entre o 1 Hz e os 120 Hz para melhor eficiência energética, bem como um brilho máximo de 1 200 nits. Há ainda o suporte para HDR10+ e a experiência de utilização foi muito boa, mesmo com os reflexos e a vinca que continua lá.
Há ainda o ecrã (pragmático) exterior de 6,2 polegadas de diagonal, um AMOLED com alta taxa de atualização até 120 Hz. O que mais impressiona é o brilho máximo de ambos os ecrãs, com excelente resolução em ambos, o que facilita o seu uso mesmo com a luz solar a incidir diretamente, virtualmente sem reflexos no ecrã exterior.
Desempenho de nível superior com o Snapdragon 8+ Gen 1 da Qualcomm
O desempenho é igualmente de excelência. Sem compromissos de qualquer tipo. O Samsung Galaxy Z Fold4 usa o processador Snapdragon 8+ Gen 1 da Qualcomm, o melhor SoC disponível para smartphones Android e isso nota-se no quotidiano. É poderoso em qualquer tarefa, voa em qualquer jogo e mostra-se bastante eficiente na gestão energética.
O processador é auxiliado por 12 GB de memória LPDDR5 RAM e até 1 TB de armazenamento interno UFS 3.1. Trata-se de um dos smartphones mais poderosos de 2022 e isto refletiu-se também nos benchmarks. Porém, para jogar este não é de todo o telefone indicado, apesar de poderoso e com excelentes ecrãs, o formato de ambos torna-o não convidativo para vários jogos.
Há ainda um grande destaque a ser dado à qualidade de áudio neste telefone. Tem provavelmente os melhores altifalantes e experiência de som que já testei num dispositivo móvel, idêntica à qualidade que encontramos num tablet moderno.
As principais especificações técnicas do Samsung Galaxy Z Fold4
- Ecrã Principal (interior): 7,6 polegadas AMOLED (Dynamic AMOLED 2X) com resolução QXGA+ (Quad-HD+)
- Taxa de atualização: adaptativa até 120 Hz (1~120 Hz); Infinity Flex Display (2176 x 1812 pixeis, formato 21.6:18)
- Ecrã Secundário (exterior): 6,2 polegadas (Dynamic AMOLED 2X) com resolução HD+ (2316 x 904 pixeis, formato 23.1:9)
- Processador: Snapdragon 8+ Gen 1 (4 nm) da Qualcomm
- Memória RAM: 12 GB
- Armazenamento: 256 / 512 GB / 1 TB (UFS 3.1)
- Dimensões: 67,1 x 155,1 x 15,8 mm (dobrado); 130,1 x 155,1 x 6,3 mm (aberto)
- Peso: 263 gramas
- Câmara Principal: tripla com 50 MP (grande angular) com OIS + 12 MP (ultra grande angular) + 10 MP (telefoto) com OIS
- Câmara Secundária: Selfie Camera de 10 MP (f/2,4)
- Câmara Secundária interior: oculta sob o ecrã com 4 MP (f/1,8)
- Bateria: capacidade de 4 400 mAh (bateria de dupla célula); dos 0% a 50% em 30 minutos
- Carregamento: rápido a 25 W por cabo, wireless a 10 W, wireless reverso a 4,5 W
- Sistema operativo: Android 12L da Google
- Interface: One UI 4.1.1 da Samsung
- Conetividades: 5G, LTE, Wi-Fi 802.11 a/b/g/n/ac/ax, Bluetooth v5.2
- Sensores: Sensor de impressão digital (lateral), Acelerómetro, Barómetro, Sensor Giroscópio, sensor geomagnético, sensor Hall, sensor de proximidade, sensor de luz
- Resistência à água: certificação IPX8
- Cores: Graygreen, Phantom Black, Beige; Borgonha – Exclusivo Samsung.com
- Segurança: Samsung Knox, Samsung Knox Vault
- Preço: desde 1 859 € em Portugal
Câmaras fotográficas versáteis e de muito bom nível
O Samsung Galaxy Z Fold4 tem uma câmara principal tripla com sensor primário de 50 MP (f/1,8) com tetra binning. Isto significa que agrega a informação de quatro pixeis adjacentes, resultando em imagens de 12 MP.
Temos também uma câmara secundária de 12 MP (f/2,2) com objetiva ultra-grande angular, bem como uma câmara telefoto de 10 MP (f/2,4) com ampliação ótica de 3x. Esta capacidade de ampliação chega aos 30x em zoom digital, além do flash LED na traseira.
A câmara mais curiosa - pela sua implementação - é a câmara frontal no painel interior. Este sensor ótico tem 4 MP de resolução e espreita - literalmente - entre os píxeis para captar imagens e vídeo, mas nota-se que pouca luz lhe chega e a resolução é escassa.
Não obstante, esta câmara servirá para videochamadas e conferências, mas é fraca para selfies ou gravação de vídeo per se. Pode ficar quase escondida (nota-se sempre ali uma ligeira interrupção no ecrã), mas com o tempo conseguimos ignorar a sua presença, tal como ignoramos a presença da vinca no ecrã principal.
Por fim, cumpre ainda mencionar a muito boa qualidade de captação de vídeo, na maioria das condições de iluminação, com a câmara principal tripla e câmara frontal exterior. Já a câmara frontal interior permanece abaixo de mediana, ou mesmo fraca.
Experiência envolvente na captação de imagem e vídeo
Portanto, para termos uma experiência de ecrã completo temos fracas selfies e este é um compromisso que, pessoalmente, faço sem reservas. O ponto forte do Samsung Galaxy Z Fold4 é o seu ecrã, sobretudo o interior e mesmo que esta tecnologia de câmara embutida no ecrã, ou sob o ecrã, esteja ainda algo verde, não compromete a fruição do seu ecrã interior de 7,6 polegadas.
Por outro lado, temos uma segunda e boa câmara para selfies no painel exterior (no tal telefone alto e estreito). Este sensor de 10 MP está alojado na perfuração (punch-in) e é capaz de captar selfies com boa qualidade, sobretudo em boas condições de iluminação.
Fiquei francamente satisfeito com os resultados da câmara fotográfica nas captações ao lar livre e interior durante o dia. É nestas condições que o telefone brilha graças às novas câmaras, ainda que a ciência de cor possa não agradar a todos com cores tendencialmente quentes. Temos, contudo, uma boa dose de detalhes e, sobretudo, resultados consistentes nas três câmaras.
A câmara principal capta mais luz e produz imagens com menos ruído e bom intervalo dinâmico. Se necessário temos o Modo Noite que faz um trabalho muito agradável. Aliás, este conjunto de câmaras e respetivos resultados está ao nível do Samsung Galaxy S22.
Uma particularidade deste smartphone é a possibilidade de usar estas câmaras principais para captar selfies. Para tal, usando o ecrã exterior como "espelho" para enquadrar as fotos ou vídeos. Dito isto, encontrei nestas câmaras as ferramentas e resultados que esperara num telefone topo de gama, não centrado na fotografia. É, aqui, muito bom, mas não o melhor do mercado.
Autonomia de bateria para 1 (bom) dia mas falta carregamento rápido
O smartphone Samsung Galaxy Z Fold4 está equipado com uma bateria de 4 400 mAh de capacidade. A sua autonomia apresenta-se suficiente para um dia de uso intenso com ligação às redes 5G e uso misto de ambos os ecrãs, sem preocupação em poupar energia. É, portanto, um dos telefones que acabamos por carregar todos os dias, mas sabemos que durante o dia não desaponta.
Algo que efetivamente não gostei foi da sua velocidade de carregamento, ou melhor, da falta dela. Com carga a 25 W ( sem carregador incluído na caixa), este é um telefone que considero já de carga lenta face às demais soluções no mercado. Tem carregamento sem-fios a 15 W que introduz um pouco de comodidade, mas não deixa de ser um telefone que demora a carregar.
Entendo, face ao histórico da Samsung com os Note 7, a abordagem conservadora à potência máxima de carregamento, mas nem por isso deixa de ficar atrás da concorrência neste quesito. Um telefone que carrega rápido, em 30 minutos ou menos, é uma comodidade a que já me habituei em 2022.
Em suma, temos uma autonomia dentro da média, mas uma carga relativamente lente. Há pontos positivos como a carga sem-fios e a carga reversa sem-fios, mas nem sequer um carregador temos na caixa.
Android 12L é uma pérola da Google neste Galaxy Z Fold4
O smartphone Samsung Galaxy Z Fold4 é o primeiro dispositivo Samsung a usar o Android 12L da Google com a interface One UI 4.1.1 a cobrir todos os elementos do sistema. Esta é a versão especial do Android 12, concebida pela Google para tirar mais partido dos ecrãs grandes e do formato dobrável, tornando-o mais produtivo e fácil de usar.
A Samsung promete quatro grandes atualizações do sistema Android para este dispositivo, ou seja, quatro anos de updates de sistema. Em simultâneo, promete também até cinco anos de atualizações de segurança, dois pontos muito fortes a favor deste dispositivo móvel.
Atentando na interface da Samsung, esta mostra-se relativamente leve, sempre fluída e mais focada na produtividade. Na facilidade de digitar e escrever no teclado, no ajuste automático das aplicações aos dois ecrãs, à possibilidade de arrastar aplicações, ou abrir mais que uma em simultâneo.
Em suma, a experiência de software está já uma sinfonia bem orquestrada, com a abertura alegre e leve, seguida de um andante repleto de funções para todas as necessidade, com um minueto de apps que já se ajustam perfeitamente a este formato. Tudo a resultar num finale alegre e que deixará saudades pois é realmente possível fazer mais com estes dois ecrãs do que julgava possível.
Para os utilizadores mais dedicados, urge tirar partido da S-Pen suportada, a stylus da Samsung que, sem surpresa, não vem incluída.
O Galaxy Z Fold4 vem cristalizar a dominância da Samsung nos dobráveis em 2022
Em jeito de conclusão pode ser dito deste Samsung Galaxy Z Fold4 que consegue melhorar vários aspetos face ao Galaxy Z Fold3, sobretudo na câmara fotográfica. É um telefone que cumpre todos os aspetos básicos de um smartphone e fá-lo, aliás, com mestria.
Encontrei neste Galaxy Z Fold4 um smartphone ousado, que desafia não só o formato típico de telefone, mas também aquilo que podemos fazer com um. É o mais próximo que me senti de ter um telefone e um tablet num só dispositivo e gostei da experiência.
Vem pobre na caixa, mas faustoso nos seus ecrãs, brilhantemente apoiados num software que torna efetivamente prático o seu design e formato que atrai sempre olhares indiscretos.
O preço? É o que a Samsung assim define e se para já não há produto que se lhe compare em Portugal, os quase dois mil euros são reflexo dos anos de inovação subjacentes a este produto.
Deixou-me, por fim, convicto do sucesso, ou pelo menos da exequibilidade deste formato dobrável para os smartphones e isso, só por si, é extremamente meritório.
Pontuação 4gnews (de 0 a 10)
Escolha de design | 8,5 |
Qualidade de construção | 9 |
Ecrã | 9,5 |
Qualidade de som | 9,5 |
Performance/Desempenho | 9 |
Interface/UI | 8,5 |
Câmara | 8 |
Bateria | 7,5 |
Qualidade/preço | 7 |
Pontuação | 8,5 - Excelente |
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