
Segundo um novo relatório publicado pela Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM), mesmo com a grande expansão dos smartphones e do serviço de internet móvel, o telefone fixo ainda tem 4,5 milhões de clientes em Portugal. E uma operadora ainda detém quase metade desses clientes: a MEO.
Segundo os dados referentes ao 1.º trimestre de 2025, a MEO lidera com 41,9% de quota de mercado em acessos diretos, seguida pela NOS (34,1%), pela Vodafone (21,2%) e pelo grupo DIGI/NOWO (2,3%). Face ao mesmo período do ano anterior, a MEO cresceu 0,1 pontos percentuais, a Vodafone ganhou 0,2 p.p. e a NOS caiu 0,1 p.p.
Crescimento estagna e acessos recuam pela primeira vez desde 2014
De acordo com os dados da ANACOM, o número total de clientes com acesso direto ao serviço telefónico fixo foi de cerca de 4,5 milhões. Ao todo, foram registados mais 4,7 mil utilizadores do que há um ano, o que representa um aumento de apenas 0,1%, o crescimento mais baixo desde 2008.
No total, o parque de acessos principais atingiu os 5,5 milhões, mas com uma quebra de 3,4 mil acessos em comparação com o 1.º trimestre de 2024. É a primeira vez desde 2014 que se regista uma descida neste indicador (-0,1%).
A taxa de penetração dos acessos telefónicos principais situou-se nos 51,7 por 100 habitantes. Já a taxa de penetração nos agregados familiares foi de 90,4 acessos por 100 agregados privados, um valor ainda elevado, que mostra que muitos lares continuam a manter o telefone fixo ativo.
Menos minutos ao telefone
O tráfego de chamadas na rede fixa também está a cair. No 1.º trimestre de 2025, o volume total de minutos originado nesta rede caiu 10,6% face ao mesmo período do ano anterior.
As maiores quebras foram nas chamadas fixo-fixo (-17,5%), seguidas pelas chamadas fixo-móvel (-7,7%), chamadas para números curtos e não geográficos (-15,9%) e chamadas internacionais de saída (-11,8%).
Em média, cada acesso consumiu 35 minutos de chamadas por mês, dos quais 20 minutos foram chamadas fixo-fixo, 8 minutos fixo-móvel e 1 minuto para destinos internacionais. São menos 4 minutos por acesso em comparação com o 1.º trimestre de 2024 — uma queda de 10,7%.
Redes modernas dominam — analógicos estão em desuso
A modernização da infraestrutura também se reflete no tipo de rede usada. No primeiro trimestre deste ano, 94,2% dos acessos telefónicos estavam suportados em redes de nova geração, como FTTH, TV por cabo ou redes móveis em local fixo. Isso representa um aumento de 1,6 pontos percentuais face ao período homólogo.
Já os acessos analógicos perderam ainda mais espaço: caíram 27,7% e representam agora apenas 3,1% do total de acessos. O fim das linhas fixas tradicionais é cada vez mais evidente.
Cabines públicas em queda livre
Outro dado que o relatório destacou é que as cabines telefónicas continuam a desaparecer. No total, existiam apenas 6,3 mil postos públicos no final de março, menos 31,9% do que um ano antes. E a tendência é clara: o uso também está em declínio.
O tráfego gerado nestes postos caiu 23,5% só no último trimestre. Desde o 2.º trimestre de 2016, a queda acumulada chega aos 88,4%.
A explicação para todo este cenário? A substituição por chamadas móveis e por comunicações via internet.
O telefone fixo ainda tem peso em Portugal, mas os sinais de declínio são cada vez mais visíveis. A MEO lidera um segmento que resiste, embora com uma base cada vez menor e um uso em constante retração. A era da mobilidade já ditou o rumo — agora, é apenas uma questão de tempo.