
A guerra contra a pirataria do futebol (IPTV pirata) em Portugal está a entrar numa nova fase, muito mais agressiva, e tem também como alvo o consumidor final. Os líderes da Sport TV, da Polícia Judiciária (PJ) e da comissão parlamentar para a comunicação social deixaram claro que a era do "consentimento social" para o consumo de streams ilegais está a chegar ao fim.
A declaração mais vincada chegou de Nuno Ferreira Pires, CEO da Sport TV. O responsável afirmou que "o futebol não pode continuar a ser roubado" e exigiu uma mudança radical na lei. Para o executivo, não basta prender os piratas. É preciso tornar públicas as suas listas de clientes e começar a punir quem consome.
Piratas presos e clientes punidos é vontade do CEO da Sport TV
"A lei não nos ajuda. Preciso que os piratas sejam presos e depois as listas de clientela sejam tornadas públicas e se faça como em Itália ou outros países e que as pessoas sejam punidas", referiu Nuno Ferreira Pires no Portugal Football Summit.
A ideia é que se possa seguir o modelo já implementado em Itália. Para o CEO, enquanto não houver punição para o utilizador, a perceção de que ver um jogo sem pagar "é normal" irá continuar a lesar os clubes e a indústria.
Esta possível mudança ganha peso com as declarações de Luís Neves, Diretor Nacional da PJ. O líder da polícia criminal anunciou uma mudança de paradigma na forma como o fenómeno é encarado, passando a classificá-lo como "crime organizado" e "branqueamento de capitais".
O poder político sinalizou que está recetivo a criar as ferramentas legais que faltam. Paulo Cavaleiro, presidente da comissão parlamentar da Cultura e Desporto, admitiu que o Governo está a ponderar a criação de um sistema de "aviso e sanções" direcionado ao consumidor. A ideia seria começar com um aviso a quem é apanhado a consumir conteúdos pirata, que poderia evoluir para uma sanção monetária, numa lógica semelhante à de um parquímetro.
Estima-se que quase 300 mil lares em Portugal acedam a estes serviços ilegais todos os meses, causando um prejuízo que ascende aos 250 milhões de euros anuais.