Em 2018, a Huawei era uma das maiores fabricantes mundiais de smartphones. Aliás, tendo então o objetivo traçado para, até 2020, ultrapassar tanto a Apple como a Samsung e, desse modo, tornar-se líder mundial de mercado mobile.
Porém, no final desse mesmo ano começaram a surgir rumores preocupantes nos Estados Unidos da América. Com efeito, num espaço de escassos meses, as acusações de espionagem e presença de backdoors em equipamentos de redes 5G subiram de tom.
A marca que chegou a ultrapassar a Apple e Samsung
O resultado? Em maio de 2019, a Huawei passaria a integrar a Lista Negra dos Estados Unidos da América.
Como resultado, nenhuma empresa norte-americana estava autorizada a negociar com a tecnológica chinesa. Em pouco tempo a Huawei viu-se isolada do mundo, dos serviços Google e do acesso a processadores e semicondutores que usassem qualquer tipo de tecnologia desenvolvida nos EUA.
A Huawei voltar-se-ia para si mesma e tentaria, numa primeira fase, conter os danos e, em seguida, começar a desenvolver soluções próprias como os HMS ou Huawei Mobile Services.
Não obstante, os Estados Unidos da América permanecem convictos do risco representado pela Huawei e respetivos equipamentos, apertando-se o bloqueio sob a administração Biden.
EUA mantêm o garrote à Huawei firme sob a administração Biden
Esta é a situação da Huawei. Privada de componentes essenciais para poder operar à escala a que estava habituada. Não nos cabe a nós julgar se as sanções lhe foram justamente aplicadas, tão somente dar a conhecer o que a fabricante deixa perpassar para o exterior, de modo a acautelar os interesses dos consumidores e dos nossos leitores.
Volvendo a 2019, recordamos o período em que a Huawei continuou a usar o seu stock de processadores Kirin. Porém, acabaria por vender, primeiramente, a sua sub-marca Honor e, pouco depois, as reservas dos seus processadores também começariam a rarear.
A Huawei foi incapaz de criar, num curto espaço de tempo, toda uma cadeia própria de produção de componentes e desenvolvimento de software que necessitaria para continuar a vender os seus smartphones como outrora.
Inevitavelmente, marcas como a Xiaomi, OPPO e Vivo saltaram para o mercado da Europa perante a (enorme) nova janela de mercado que se abria.
Os sinais da desistência da Huawei do mercado mobile eram claros. A propósito, recordamos as palavras do homem forte do departamento mobile da marca, Yu Chengdong (Richard Yu), afirmando que a empresa não competia no mercado mobile.
Segundo o executivo, a marca queria apenas sobreviver neste mercado altamente competitivo. Bom, entre 2019 e 2022 conseguiu manter-se, de algum modo, presente, mas tudo tem um fim e agora a Huawei disse "Basta".
Huawei abandonará o mercado mobile da Europa
As ondas de choque resultantes do bloqueio da tecnologia norte-americana a empresas oriundas da China afetou especificamente a Huawei. Note-se que ao contrário de essencialmente toda a China, a Huawei usava os serviços Google, entre outra tecnologia do ocidente, nos seus dispositivos móveis, outrora extremamente populares na Europa.
Desse modo, o bloqueio dos EUA pouco ou nada abalou a China. Porém, fez ruir as bases de sustento da Huawei. Sem acesso à Google Play Store, ao Gmail, YouTube, Maps, entre outros serviços, os seus telemóveis tornaram-se exponencialmente menos cómodos de utilizar.
Assim, apesar da brava resistência dos representantes locais da Huawei, da comunidade de fãs e uma boa porção da imprensa acarinhada durante anos pela marca, o destino estava traçado. Pouco a pouco as lojas físicas da Huawei em Portugal começaram a fechar. Pouco a pouco, os seus telemóveis foram ficando nas prateleiras em detrimento de soluções da OPPO, Vivo, Xiaomi, etc.
Os últimos smartphones Huawei nem sequer nos dão acesso às redes 5G
Em desespero de causa, para colocar alguns smartphones no mercado, a Huawei começou a usar chipsets da Qualcomm, quando os seus Kirin se esgotaram, mas desprovidos de modems 5G. O resultado? Smartphones novos, que mantiveram o seu preço alto, sem tampouco nos dar acesso às redes móveis 5G.
Não bastasse a falta de serviços Google, os preços dificilmente competitivos, mas também limitados ao 4G? Em suma, dificilmente pode ser considerada uma surpresa o facto de os seus smartphones não terem vendas expressivas na Europa e no mundo.
Porém, e aqui dando uma dica à Huawei, de momento a rede 4G é essencialmente tão boa quanto a rede 5G, ainda nos seus primórdios. Algo que, sinceramente, com um pouco de bom marketing, podia ser facilmente mitigado.
Huawei reservará os seus smartphones para a China
A notícia foi primeiramente avançada pela publicação WinFuture.de, com base na peça do PoliticoEurope. Fatores como as hostilidades norte-americanas, o impacto da COVID-19 na indústria, bem como a recessão de mercado agravada pelo conflito armado entre a Rússia e a Ucrânia, foram fatores cumulativos que derrubaram a Huawei na Europa.
A marca preocupa-se agora com a própria sobrevivência, descartando qualquer plano de globalização ou grandeza. O destino está traçado para a fabricante chinesa na Europa. A Huawei está de volta ao seu mercado doméstico como prioridade absoluta.
Paris, Londres, Bruxelas, antigas esferas de influência da Huawei e centros de lobby, abandonados agora pela tecnológica que coloca todas as suas energias nos esforços de reestruturação.
A sua falta será sem dúvida sentida na Europa. Porém, este desfecho era inevitável por todas as razões acima expostas.
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