Escalada de violência na “cidade do iPhone” agrava o Natal da Apple

Rui Bacelar
Rui Bacelar
Tempo de leitura: 4 min.

A Apple é responsável pela conceção dos seus telefones iPhone, porém, a produção é delegada em parceiros como a Foxconn, firma sediada em Taiwan especializada na montagem de eletrónicos que opera sobretudo a partir da China. É esta a principal parceira da tecnológica norte-americana na produção dos Apple iPhone 14, entre outros produtos da marca.

Em particular, a Foxconn opera uma das maiores linhas de montagem do mundo. Uma fábrica que mais pode ser apelidada de "cidade" do iPhone, localizada na cidade chinesa de Zhengzhou. Aí, reúnem-se todas as condições e componentes necessários para que os produtos da Apple sejam montados e expedidos para todo o mundo.

A "cidade" do iPhone tem sido palco de violentos confrontos entre os trabalhadores e as autoridades locais devido à quarentena sanitária imposta no sentido de combater a COVID-19.

Foxconn distribui prémios e incentivos aos trabalhadores da "cidade" do iPhone

1/2 Breaking: clashes between newly recruited #Foxconn workers and #CCP police continue on Nov 24 at the hotel where the workers are quarantined. “The police are beating people!” “The police killed people!” “Why don’t you arrest those illegal agents?” Workers shout. pic.twitter.com/FCbE4TTq7r

— Jennifer Zeng 曾錚 (@jenniferzeng97) 24 de novembro de 2022

A Foxconn distribui atualmente prémios monetários aos trabalhadores que se desloquem sem provocar desacatos. Face à imposição de uma quarentena forçada pelas autoridades sanitárias da China no interior da "cidade" do iPhone, os trabalhadores foram forçados a permanecer nas instalações e respetivos dormitórios.

Porém, com o passar do tempo a paciência da massa laboral esgotou-se.

A agitação civil intensificou-se nas últimas semanas, fruto da quarentena forçada, impedimento de deslocação e, agravando o clima, uma possível falta de palavra da Foxconn para com as novas vagas de trabalhadores.

Note-se que a fabricante estaria a contratar mais colaboradores para tentar suprir a escassez galopante de novos Apple iPhone no mercado a tempo do Natal.

Escassez dos Apple iPhone 14 levou a Foxconn a contratar em massa na China

2/2 It is said those workers also demanded a compensation of 10K yuan, the amount given to those who have entered #Foxconn. But they were told that they could only get 2.4K, as they had not formally become employees. So the clash erupted. For more, watch https://t.co/WJFnKAQQpz

— Jennifer Zeng 曾錚 (@jenniferzeng97) 24 de novembro de 2022

O resultado? Centenas de trabalhadores tentam fintar o cordão sanitário imposto nas instalações da Foxconn em Zhengzhou, tentando furar a todo o custo os bloqueios.

Infelizmente, a tensão terminaria em cenas de combate campal e violência generalizada entre ambas as partes. Os relatos locais são preocupantes, ainda que seja difícil precisar a fiabilidade das (escassas) informações oficiais divulgadas pela China.

O dito por não dito, a gota de água para os trabalhadores da Foxconn

郑州富士康,天黑了。冲呀! pic.twitter.com/hHXEH1Ci38

— Hunter (@gexiaohongqq) 23 de novembro de 2022

Pior ainda, o que deveria ter aquietado os ânimos, os incentivos da Foxconn aos trabalhadores, acabou por inflamar ainda mais os ânimos. Perante uma promessa inicial de um determinado valor, a fabricante de iPhones terá posteriormente reduzido consideravelmente os bónus, alegando várias condicionantes. O clima, já delicado, acabou em plena violência.

Segundo informações avançadas pela agência Bloomberg, a Foxconn estaria a premiar em 10 000 yuan, cerca de 1 397 dólares / euros, os trabalhadores que abandonassem as instalações sem provocar desacatos. O objetivo seria acalmar os confrontos e livrar a empresa de trabalhadores insatisfeitos.

#Zhengzhou city in #CCPChina is under #lockdown (again). In order to prevent people from leaving the city, the highway to #Beijing is blocked like this. For the latest situation regarding the #CCP’s #ZeroCovid policy, watch this: https://t.co/WJFnKB8rh7#AmazingChina. pic.twitter.com/Kd9ahH7PHm

— Jennifer Zeng 曾錚 (@jenniferzeng97) 24 de novembro de 2022

A quantia seria paga em duas prestações, de modo a garantir um regresso seguro e tranquilo dos trabalhadores às respetivas casas e regiões de origem. Porém, o facto de as autoridades terem cortado os acessos à cidade, de modo a garantir o isolamento e a quarentena da população, agravou as tensões.

Em suma, de um lado temos centenas de trabalhadores retidos num complexo industrial, impedidos de sair e um "prémio" que, afinal, não chegará na quantia e / ou moldes inicialmente anunciados. As várias cenas de violência falam por si.

This is one of the most intense moments of the clashes between #Foxconn workers and #CCP police on Nov 23. For more details and analysis, watch this: https://t.co/WJFnKARof7 pic.twitter.com/sUoMkiwzmY

— Jennifer Zeng 曾錚 (@jenniferzeng97) 24 de novembro de 2022

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Rui Bacelar
Rui Bacelar
O Rui ajudou a fundar o 4gnews em 2014 e desde então tornou-se especialista em Android. Para além de já contar com mais de 12 mil conteúdos escritos, também espalhou o seu conhecimento em mais de 300 podcasts e dezenas de vídeos e reviews no canal do YouTube.