Um dos efeitos das alterações climáticas é o aumento da temperatura da água dos oceanos. Os cientistas têm alertado constantemente para as consequências devastadoras desse cenário, mas agora revelam-se perplexos com o ritmo a que isso está a ocorrer.
Um relatório do The New York Times dá voz às preocupações de alguns especialistas que dedicam a sua vida a estes estudos. Segundo estes, no último ano registou-se um recorde no aquecimento das águas e isso está longe de ser ideal.
Brian McNoldy, especialista na formação de furacões da Universidade de Miami, refere ao The New York Times: "O Atlântico Norte tem estado num recorde de aquecimento há quase um ano. É simplesmente surpreendente. Tipo, não parece real."
Rob Larter, geofísico marinho britânico que estuda os níveis de gelo do ártico, dá eco as preocupações de McNoldy. "É bastante assustador, em parte porque não estou a ouvir nenhum cientista que tenha uma explicação convincente de por que nos afastamos tanto."
"Mas a impressão neste momento é que as coisas foram mais longe e mais rápido do que esperávamos. Esse é um lugar desconfortável para um cientista estar." acrescenta Rob Larter.
Importa sublinhar que nenhum dos cientistas ouvidos está surpreendido com o aquecimento dos oceanos. O que os preocupa e surpreende é a velocidade a que isso tem ocorrido, sobretudo nos últimos 18 meses.
O que terá levado a este abrupto aumento da temperatura dos oceanos?
Os cientistas ouvidos pela publicação norte-americana têm uma teoria para este cenário. Ao que tudo indica, este aumento no aquecimento da água dos oceanos deve-se ao desaparecimento da poluição por aerossóis sobre o oceano.
À primeira vista parece contraintuitivo, mas é a realidade. Os cientistas explicam que isso deve-se à legislação em vigor desde 2020 que limita a quantidade de dióxido de enxofre presente no depósito de combustível dos navios.
Antes disso, havia uma camada de aerossol sobre o oceano suficiente para impedir que parte do calor gerado pelo sol atingisse a superfície da água. Com uma diminuição dessa poluição, o calor tem agora uma "via aberta" para a superfície do oceano.
Ou seja, a intervenção humana é tamanha que a redução do nível da nossa poluição pode estar a criar ainda mais problemas. Cabe agora aos decisores políticos, em conjunto com a comunidade cientifica, tentar encontrar estratégias que possam mitigar o aquecimento global.
