Zuckerberg inverte a tónica e vê como positiva a política de privacidade da Apple

Rui Bacelar
Rui Bacelar
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O feudo entre Zuckerberg e Cook centrou-se na nova política de privacidade da Apple, mais concretamente na nova App Tracking Transparency. A iniciativa da gigante de Cupertino que quer mostrar ao utilizador o que cada app sabe sobre quem a usa.

A medida veio causar grande constrangimento ao Facebook que, em pouco tempo, saiu em ataque da Apple, acusando-a de querer prejudicar os pequenos programadores e negócios. Em causa estava a possibilidade de o utilizador deixar de partilhar dados.

O iOS 14.5 veio despertar a fúria de Zuckerberg e do grupo Facebook

Com a chegada do iOS 14.5 esta primavera, os utilizadores poderão negar às aplicações a colheita das suas informações e cruzamento de dados. Para que apenas as apps que o utilizador considere meritórias possam seguir o mesmo e rastrear a sua atividade.

Por definição, os utilizadores de iPhone não serão seguidos pelas apps que usam. Inicialmente, o Facebook afirmou que a maioria dos utilizadores escolheria não ser seguido pelas apps de terceiros. Algo que viria comprometer a viabilidade económica de pequenas empresas e programadores independentes.

O Facebook chegou ao extremo de pagar por publicidade em jornais, nas suas edições impressas, ocupando duas páginas com um manifesto anti-Apple. A querela entre Zuckerberg e a Apple continuou a escalar nos últimos meses.

O Facebook inverte agora a postura perante a posição da Apple

Algumas fontes foram rápidas a apontara que, possivelmente, o problema residiria no impacto negativo nas finanças da redes social. Em 2020 o grupo Facebook arrecadou mais de 84,178 mil milhões de dólares com a publicidade apresentada nas redes.

Caso a nova ferramenta de transparência e privacidade da Apple entrasse em ação, o impacto nas suas finanças podia ser sério. Esta era tida como a verdadeira preocupação de Mark Zuckerberg, e não propriamente a "saúde" dos pequenos programadores.

Agora, Mark Zuckerberg aparenta ter tido uma epifania ao mudar radicalmente de opinião. Expressando-se numa sala de Clubhouse, Zuckerberg afirmou que o Facebook pode sair reforçado com a App Tracking Transparency da Apple, assim que esta arrancar.

O responsável máximo do Facebook disse que a sua empresa estará "numa boa posição", acrescentando que "É possível que nós fiquemos ainda mais fortes se a Apple encorajar a mudança em mais negócios no sentido de efetuarem mais negócios nas nossas plataformas, isto ao dificultar a distribuição dos dados dos utilizadores, dificultando a atividade de outros comerciantes fora da esfera do Facebook".

Em síntese, o Facebook pode ser o maior beneficiado com o reforço dos controlos de privacidade da Apple. A predominância e popularidade das suas plataformas é tamanha, que os consumidores não sairão desta esfera.

O Facebook tem as suas "Shops". O Instagram também!

Introduzidas pouco após a partilha de intenção da Apple em lançar as novas ferramentas de privacidade, tanto o Facebook como o Instagram têm as suas lojas virtuais. Em ambos os locais, os utilizadores podem vender e comprar diretamente nas plataformas.

Ainda durante a entrevista via Clubhouse, Zuckerberg afirmou que estas lojas têm mais de um milhão de vendedores ativos nos seus serviços. Contam com mais de 250 milhões de utilizadores a tirar proveito ativo das suas funcionalidades de compra e venda.

O revés na opinião do homem-forte do Facebook é surpreendente. Não será, certamente, desprovido de motivos da mais diversa ordem que coloquem agora um sorriso no rosto de Mark Zuckerberg.

A nova função / etiquetas de privacidade da Apple chega aos utilizadores com o iOS 14.5 no decurso dos próximos meses.

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Rui Bacelar
Rui Bacelar
O Rui ajudou a fundar o 4gnews em 2014 e desde então tornou-se especialista em Android. Para além de já contar com mais de 12 mil conteúdos escritos, também espalhou o seu conhecimento em mais de 300 podcasts e dezenas de vídeos e reviews no canal do YouTube.