Este ano, a Xiaomi trouxe para a Europa, Portugal incluído, o seu primeiro smartphone dobrável concha. O Mix Flip vem fazer sombra ao já muito conhecido Galaxy Z Flip da Samsung e coloca a marca chinesa em confronto direto com a líder do mercado dos smartphones dobráveis.
Mas será o Mix Flip capaz de se afirmar neste segmento de dobráveis compactos? Conseguirá igualar ou mesmo superar o rival que conta já com vários anos de experiência?
Nas duas últimas semanas, o Mix Flip acompanhou-me para todo o lado e agora chegou o momento de contar-te toda essa experiência com o novo dobrável compacto.
Unboxing
Na elegante caixa negra, estão à nossa espera o Xiaomi Mix Flip terminal, assim como o cabo de carregamento USB-C e o adaptador para carregamento rápido de 67 watts.
Remexemos mais um pouco e encontramos também o ejetor para cartões SIM, mas a surpresa não se faz esperar e eis que temos na mão uma capa protetora rígida, especialmente concebida para o design concha e compacto do terminal.
Com todos estes acessórios incluídos, a Xiaomi mostra aos utilizadores que percebe que o investimento superior a 1000 € merece uns “mimos” e este é um ponto extra que ganha. Sobretudo porque a sua arquirrival não inclui tanta coisa na embalagem do seu Flip.
Design elegante e compacto
O Xiaomi Mix Flip tem o formato concha habitualmente adotado por este tipo de equipamentos. A grande vantagem é que temos um smartphone bastante compacto no modo dobrado e um ecrã generoso em modo aberto.
Mas a Xiaomi mostrou cuidado com a estética deste modelo que se caracteriza pela sua elegância, mesmo na variante Purple que é um pouco mais exótica e menos discreta que a versão em preto.
Um dos painéis é ocupado na totalidade pelo ecrã exterior e pelos sensores de câmara enquanto a segunda metade do painel tem um revestimento fosco e com alguma textura que não só é bastante confortável de manusear, como também é totalmente imune a dedadas.
O tamanho compacto é uma mais-valia e vai conquistar os utilizadores que preferem transportar o smartphone no bolso. No entanto, os seus 192 gramas vão fazer-se sentir, já que quando pousado na mão, o Mix Flip confere a sensação de peso.
O mecanismo de dobradiça é ligeiramente saliente e exibe a participação da Leica neste modelo. Este mesmo mecanismo mostra-se robusto e, muito possivelmente, capaz de aguentar as 500 mil aberturas anunciadas pela marca. Permite também que o smartphone seja posicionado em vários ângulos entre os 45 e 120 graus.
Mas atenção o Mix Flip da Xiaomi não conta com certificação para resistência à água, por isso é recomendável todo o cuidado para evitar qualquer tipo de contacto com este líquido. É uma ausência estranha, mas que provavelmente será resolvida pela marca numa próxima iteração.
Em resumo, estamos perante um design elegante e que fornece conforto na sua utilização. O tamanho compacto é uma mais-valia, mas conseguimos sentir na mão cada grama dos seus 192 gramas de peso. O mecanismo de dobradiça é robusto e dá a sensação de resistência e resiliência; parece ser capaz de aguentar os milhares de dobras anunciados.
No Mix Flip nota-se o cuidado que a Xiaomi teve com a estética e conforto de utilização no seu primeiro dobrável concha. Para primeira tentativa, estamos perante um verdadeiro sucesso.
Ecrã externo é a verdadeira estrela
Ambos os ecrãs do Mix Flip contam com taxa de atualização de 120 Hz e suporte para Dolby Vision e HDR10+, mas diferem em tamanho, resolução e brilho. O painel principal de 6,86 polegadas tem uma resolução de 2912 por 1224 pixéis e um brilho máximo de 3000 nits.
Já o ecrã exterior com 4 polegadas fornece uma resolução de 1392 por 1208 pixéis e um pico de brilho de 1600 nits. E este painel é uma verdadeira estrela neste equipamento.
Não só pelo seu tamanho confortável para os olhos do utilizador, mas também porque dá acesso a algumas funções muito usadas, tornando desnecessário abrir o telefone. Podemos fazer chamadas, usar a câmara, definir alarmes na app relógio, usar a calculadora, ter informações meteorológicas e até controlar a nossa playlist no Spotify.
Esta é uma funcionalidade muito bem-vinda que não só facilita a navegação ao utilizador, como também contribui para uma maior longevidade deste terminal no tempo, afinal não precisamos de abrir o Mix Flip para operações mais corriqueiras.
Agora o ecrã principal. Já o disse muitas vezes e o Mix Flip “obriga-me” a dizer mais uma vez: a Xiaomi sabe fazer bons ecrãs. Este painel de quase sete polegadas mostra todo o know-how da marca nesta área e funciona às mil maravilhas na parte de entretenimento, mas também naqueles momentos em que precisamos de despachar trabalho.
Um ponto muito importante. O vinco no meio do ecrã é praticamente impercetível, mesmo quando passamos com o dedo na zona. Através do tato, conseguimos perceber um declive bastante subtil, mas quando estamos a visualizar conteúdos multimédia ou navegamos pelas apps, o vinco é completamente invisível.
As marcas têm feito um bom trabalho de dissimulação, mas neste primeiro Mix Flip a Xiaomi foi incrivelmente bem-sucedida.
Desempenho à altura do processador integrado
O Mix Flip é alimentado pelo processador Snapdragon 8 Gen 3 que conta com a ajuda de 12 GB de memória RAM e 512 GB de armazenamento interno. Ora, pela minha experiência o Mix Flip fornece um desempenho à altura do processador integrado.
Até há poucas semanas, o Snapdragon 8 Gen 3 era o chip de topo da Qualcomm. Ainda que agora tenha já um sucessor (Snapdragon 8 Elite), não perde qualidade e permite que o Mix Flip lide bem com qualquer tarefa.
Também consegue responder a alguns jogos mais exigentes, mas não foi desenvolvido com a característica gaming em mente e por isso não é o ideal para ser usado nessa área. Em tudo o resto, é bastante bom.
O sistema de refrigeração integrado também ajuda a que não atinja temperaturas escaldantes que afetem a sua performance. Contas feitas, em desempenho coloca-se lado a lado com o seu rival Galaxy Z Flip6 da Samsung que está equipado exatamente com o mesmo processador.
O Mix Flip não vai defraudar quem dá prioridade ao desempenho e até justifica em parte o elevado investimento que é necessário fazer para ser o orgulhoso proprietário de um exemplar.
O Mix Flip executa HyperOS, baseada em Android 14. A experiência de navegação é boa e bastante familiar para quem já usou outros terminais da marca. Um ponto relevante: este dobrável traz consigo muito menos bloatware; é notório o esforço da Xiaomi em reduzir o que é desnecessário, provando que ouve os seus seguidores.
Câmara dá cartas
A câmara do Xiaomi Mix Flip dá cartas e das boas. O sensor primário de 50 megapixéis com estabilização ótica de imagem aliado ao sensor telefoto também com 50 megapixéis e estabilização ótica de imagem fornecem resultados surpreendentemente bons.
E sim, a configuração de câmara conta apenas com estes dois sensores, com um ultra grande angular a ser a grande ausência. Ainda assim, o Mix Flip consegue funcionar bem a captar paisagens, mas pelo investimento aqui feito, podia muito bem incluir este sensor.
Recorde-se que o Samsung Galaxy Z Flip6 inclui um ultra grande angular, mas que peca pela ausência de sensor telefoto. Ora no Mix Flip, a Xiaomi optou por fazer o contrário. Pessoalmente, prefiro a integração de um sensor telefoto, mas se houvesse também um ultra grande angular ganhava mais pontos.
Em modo retrato, não lhe falha nada, como podemos ver no exemplo captado com o felino adormecido, e em paisagem ao cair do sol também mostrou que sabe lidar com as condições de luminosidade desafiantes dessa altura do dia.
Em modo noturno, apresenta cores vivas, reais e precisas, no entanto debate-se um pouco com a focagem nítida de todos os objetos retratados. Mas nada de especial, será preciso aumentar as imagens para lhe apanhar esta “gafe”.
Em modo de resumo, a câmara porta-se mesmo muito bem com qualquer tipo de cenário, objeto ou sujeito a retratar, apresentando resultados de qualidade, nítidos, com detalhe e com cores precisas e vivas. Não há ultra grande angular, o que é uma pena.
Ainda assim, o Mix Flip será uma escolha boa e segura para captar os momentos daquela viagem de sonho ou os primeiros passos do bebé lá de casa. Sim, é bom a esse ponto.
Que grande bateria, Mix Flip
O Xiaomi Mix Flip tem uma bateria com 4780 mAh de capacidade, uma das maiores em modelos com este formato. Graças a isso, aguenta um dia de utilização considerada normal. O processador Snapdragon 8 Gen 3 “ajuda à festa”, fazendo uma boa gestão energética.
Já o disse, o modelo vem com cabo de carregamento e adaptador de 67 watts para carregamento rápido sem fios, o que é fantástico. Em 15 minutos leva a bateria aos 40% e em menos de uma hora carrega na totalidade. Não é tão rápido como modelos Xiaomi não-dobráveis com o mesmo tipo de carregamento, mas também não fica nada mal na fotografia.
Mas o Mix Flip não tem suporte para carregamento sem fios. Esta é uma ausência que pode não afetar todos os utilizadores, no entanto, tendo em conta o investimento que é necessário fazer, gostava de ver aqui esse suporte.
É preciso ter em conta que quando os smartphones se posicionam numa determinada faixa de preço, as expetativas e exigências aumentam. Afinal, vamos desembolsar mais de 1.200 € e por isso todos os “pormenores” contam.
Notas finais
Comecemos logo por dizer que para primeiro Flip da marca, a Xiaomi foi surpreendentemente bem-sucedida. O Mix Flip fornece um bom desempenho, graças ao processador Qualcomm e aos seus generosos 12 GB de RAM e 512 GB de armazenamento interno.
Os ecrãs refletem a mestria da Xiaomi nesta área, oferecendo uma experiência de visualização fantástica em qualquer tipo de conteúdo. O painel exterior é a estrela do par, com um tamanho muito bom de 4 polegadas e ao dar acesso a uma mão-cheia de apps, como o relógio, câmara, entre outros.
A embalagem traz carregador e capa protetora, o que atualmente é uma raridade. A configuração de câmara dupla surpreende pela qualidade dos resultados apresentados.
Do outro lado da “moeda”, não há carregamento sem fios, não há um sensor ultra grande angular e não tem classificação para resistência à água. Confesso que fiquei perdida com estas ausências não conseguindo perceber a razão para tal acontecer. Mas acredito que o (possível e desejável) Mix Flip 2 colmate todas estas gafes.
No geral, o Xiaomi Mix Flip é um smartphone dobrável francamente bastante bom. Consegue inclusive igualar-se em alguns pontos ao seu rival Galaxy Z Flip6 da Samsung, o que é dizer muito sobre o primeiro dobrável concha da marca chinesa. Sim, a Xiaomi tem neste Mix Flip uma primeira tentativa efetivamente muito bem-sucedida.
Xiaomi Mix Flip
12 GB de RAM
512 GB no armazenamento interno