Xiaomi: Entende o problema que está a envolver as ROMs neste momento

Filipe Alves
Filipe Alves
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A Xiaomi lançou o seu primeiro smartphone em 2011 e passado sete anos está prestes a abrir a sua primeira loja no Reino Unido depois de ter colecionado múltiplas inaugurações em Espanha e ter já entrado oficialmente em vários países Europeus.

Por cá a situação continua relativamente indefinida. Porém, várias lojas de venda a retalho têm já disponíveis alguns dos mais recentes modelos da marca.

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Por cá podes encontrar equipamentos otimizados para o mercado global. Terminais com acessórios como carregador com socket Europeu e com garantia de 2 anos – como seria de esperar.

A Xiaomi quer com estas medidas proteger o utilizador e o nome da marca

Mas se muitos são os compradores que dão preferência a garantia e suporte próximo, mais ainda são os consumidores que procuram os modelos mais recentes e os preços mais apelativos do mercado online. Sobretudo das lojas online chinesas. Sim, essa que estás a pensar.

Ao que parece estalou uma polémica após uma publicação no fórum MIUI em que se anunciou os seguintes pontos:

1. Os telefones Xiaomi fabricados para o mercado chinês não são capazes de executar o MIUI Global ROM. 2. Os telefones Xiaomi fabricados para os mercados globais não são capazes de executar o MIUI China ROM.

Esta informação não é nova, de todo. Como consumidor Xiaomi desde 2015 sempre estive consciente de que comprar uma versão “China” implicava ter uma ROM que não tinha serviços Google (embora fosse possível instalar). Tinha também noção que o idioma Português de Portugal seria uma miragem.

Para este problema a solução passou, e continuará a passar, por submeter o pedido de desbloqueio do bootloader. Logo após esse processo, usando software e ROMs disponibilizadas pela própria Xiaomi, instalar a versão Global no equipamento.

Até aqui tudo normal e fácil. Mas o que mudou?

Mais recentemente a Xiaomi tomou uma posição, mal-esclarecida publicamente, que passou por implementar um sistema de anti-rollback que impede a instalação de ROM com versão anterior à previamente instalada.

O principal motivo era claro: dar mais segurança ao utilizador. Por exemplo, se um utilizador perdesse o equipamento havia a possibilidade de alguém mal-intencionado instalar “por cima” uma versão anterior que podia não ter correcções de segurança sobre as quais o verdadeiro dono trabalhava. Com isso haver o risco de serem expostos dados sensíveis do proprietário.

Este sistema e a falta de comunicação trouxeram um problema: os utilizadores que alteraram a ROM sem ter conhecimento desta novidade e usaram versões erradas das ROM e software inapropriado – o que levou a que milhares tivessem de recorrer ao fórum para pedir um desbloqueio excepcional, que foi concedido a quem fez esse pedido atempadamente.

Aqui a Xiaomi esteve mal. Primeiro deviam informar, só depois colocar em prática. E agora?

Na prática pouco ou nada mudou. Já antes estávamos habituados a ter de fazer o desbloqueio do bootloader que continua a ser obrigatório fazer para mudar a versão da ROM para Global.

O que agora é diferente é o cuidado que temos de ter em escolher a ROM adequada e efetuar o processo de forma correta com o software correto e não ser apressado e aceitar o tempo de e espera para o desbloqueio do bootloader.

O que mudou e mais diferença fez, a meu ver, foi a visibilidade da marca a consumidores tradicionais. Consumidores que cada vez mais arriscam na compra online. Infelizmente, na maior parte das vezes, compram sem estar completamente esclarecidos e, por engano, ou pela diferença de valores ou disponibilidade, compram as versões chinesas. Depois têm surpresas desagradáveis com as quais não estão preparados para lidar.

A Xiaomi cresceu a vender equipamentos na sua versão chinesa. Produtos que foram durante vários anos importados por consumidores de tecnologia. Curiosos e preparados para experimentar a nova marca. Contudo, o paradigma está a mudar. O marketing boca a boca fez a marca crescer, talvez até de uma forma não sustentada.

Então e que cuidados devo ter a comprar?

O que defendo é que só se recomende equipamentos na sua versão Global protegendo quer as expectativas do consumidor quer a imagem da marca. Não basta dizer que as especificações são boas, que a performance é boa, é preciso ser realista.

A marca aqui só pode ser responsabilizada pela má comunicação. Visto que as versões vendidas oficialmente na Europa são Globais e prontas a utilizar por qualquer consumidor. Muitas vezes a diferença de preço compensa pela disponibilidade, pela adequação da versão e pela garantia de 2 anos.

Não aceito que se diga que é uma estratégia para vender versões mais caras porque as versões Globais continuam disponíveis em inúmeras lojas online a preços por vezes ainda mais baratos.

Na minha opinião este acaba por na prática ser um não-assunto, resumido em três pontos:

1 – O consumidor avançado que compra versão chinesa pode continuar a fazer o desbloqueio do bootloader e a instalar novas e diferentes ROM.

2 – O consumidor regular e mais conservador só deve comprar versões Globais. Versões disponíveis no mercado nacional e europeu e em armazéns por exemplo de Hong Kong. dadas as limitações dos serviços Google na China.

3 – Todos os consumidores ganham em segurança.

Em suma, a marca está refém do seu sucesso na Europa. A Xiaomi cresceu a um ritmo maior do que a sua maquinaria de globalização. De certa forma, perdeu o controlo na gestão dos seus produtos lançados a pensar no mercado chinês. Produtos que sorrateiramente chegaram e invadiram a Europa. Agora a marca viu-se forçada a chamar à atenção de que há versões diferentes.

Uma vez todos esclarecidos tudo correrá bem e o consumidor já tem alternativas justas ao mercado das lojas online. Acabará por ser uma questão de pr€ferência.

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Artigo por Daniel Aparício para 4gnews

Filipe Alves
Filipe Alves
Fundador do projeto 4gnews e desde cedo apaixonado pela tecnologia. A trabalhar na área desde 2009 com passagens pela MEO, Fnac e CarphoneWarehouse (UK). Foi aí que ganhou a experiência que necessitava para entender as necessidades tecnológicas dos utilizadores.