No Mobile World Congress, o crescimento dos smartphones com Inteligência Artificial foi assunto na nossa conversa com Francisco Jerónimo, vice-presidente de Data & Analytics da IDC. Com o conservadorismo de marcas como a Samsung no hardware, são as funções de IA que estão a alavancar as fortes vendas da série Galaxy S25?
Para Francisco Jerónimo, é uma questão que tem dois lados. “Há pessoas que já querem comprar telefones com alguma capacidade (de IA) porque sabem que vai fazer parte da sua vida. Mas, por outro lado, estão a comprar essencialmente topos de gama que já vêm com as funcionalidades”.

Apple será crucial para alavancar popularidade da IA nos smartphones
É uma questão de tempo até este tipo de funcionalidades tornar-se mais popular entre os utilizadores. Para o executivo da IDC, bastará a Apple lançar a Apple Intelligence na União Europeia que “vai ajudar todas as outras marcas” nesta indústria.
Falando de números, segundo a IDC, 19% dos smartphones que foram vendidos em 2024, já possuíam funcionalidades de Inteligência Artificial. Prevê-se que as vendas (de smartphones com IA) este ano cresçam 83% e passem a representar 33% das vendas de smartphones em termos mundiais
Francisco Jerónimo revela que as vendas de smartphones com IA vão “continuar a crescer a dois dígitos até 2029”. Enquanto as vendas de smartphones sem este tipo de funções vão começar a cair, já que acabarão por chegar aos equipamentos cada vez mais acessíveis.
Neste momento ainda é difícil dizer se muitos utilizadores compram smartphones pelas funções de IA, pelo que a IDC acredita que será um misto. O vice-presidente da IDC compara um pouco esta adoção com a chegada do 5G aos smartphones, em que os utilizadores começaram a fazer essa aposta numa ótica de prova de futuro.

"O objetivo é depois vender serviços"
Quando a questão é sobre possíveis funções futuras estarem abrangidas por subscrições/pagamentos, parece ser uma inevitabilidade. “A Xiaomi ofereceu três meses de Gemini Advanced, mas quem achar que é muito útil provavelmente vai começar a pagar. E, portanto, o objetivo é depois vender serviços.”, afirma.
O objetivo das marcas agora parece ser que os utilizadores migrem para smartphones com capacidades de Inteligência Artificial. Assim que estes se encontrarem ‘agarrados’ aos mesmos, o caminho será seguramente o de cobrar pelas funções mais avançadas.