Threads continua a perder utilizadores e interesse face ao Twitter

Rui Bacelar
Rui Bacelar
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Em apenas 5 dias a rede social Threads de Mark Zuckerberg registou mais de 100 milhões de downloads e instalações nos mercados em que está disponível - Portugal não incluído. O rival do Twitter de Elon Musk chegou indubitavelmente com grande pompa e circunstância.

Porém, o seu crescimento meteórico rapidamente estabilizaria, estando o seu acesso barrado na União Europeia perante o "apetite" desta aplicação pelos dados dos utilizadores. Com efeito, esta foi a justificativa para o seu bloqueio na Europa, com o legislador europeu a bater o pé à aplicação e à (falta) de privacidade que esta representava.

A alternativa ao Twitter registou uma quebra de 71% no tempo passado na app

Twitter

Tal como demos a conhecer na 4gnews ainda recentemente, as métricas da Threads apontam uma quebra generalizada no seu uso diário. As informações foram então avançadas pela entidade Similarweb que analisa e comparar as métricas de utilização dos mais variados websites e aplicações.

Por exemplo, entre os dias 7 a 14 de julho, a Similarweb aponta uma variação entre os 49 milhões para os 24 milhões de utilizadores da aplicação em Android. Em simultâneo, a utilização da aplicação rival, o Twitter, também caiu (-4,3%) entre os utilizadores Android.

Porém, o tempo passado no Twitter pelos utilizadores Android (25 minutos em média) continua a superar, em muito, o tempo gasto pelos utilizadores na aplicação rival do grupo Meta. Em suma, são excelentes notícias para Elon Musk e para a sua rede social.

Twitter aproveita a ocasião para mudar de rosto e marca

Ainda que expectável, o súbito crescimento da Threads do grupo Meta e posterior quebra de interesse, certo é que a queda foi abrupta. Após a primeira vaga de interessados, querendo satisfazer a curiosidade, ou expressar o seu desagrado para com o Twitter, certo é que o declínio da Threads foi grave.

Por outro lado, os responsáveis do grupo Meta afirmam que esta queda já era esperada. Em particular, Adam Mosseri, responsável máximo pelo Instagram, rede social onde se encaixa de momento a Threads, mostra-se mais tranquilo.

🎉 Threads 🎉Threads is our new app, built by the Instagram team, for text updates and joining public conversations ✨We’re hoping Threads can be great space for public conversations, and we’re very focused on the creator communities that already enjoy Instagram.Available… pic.twitter.com/aFygoAl00I

— Adam Mosseri (@mosseri) 6 de julho de 2023

Para Mosseri, esta quebra não é preocupante. "O nosso foco atual não é o engagement, que tem sido incrível, mas sim ultrapassar o pico inicial que acontece sempre com qualquer novo produto".

Falta de funções básicas pode explicar a queda da Threads

O grupo Meta colocou no mercado um produto com "os mínimos exigíveis" para que a aplicação fosse viável. Porém, e tal como apontou também Adam Mosseri, teremos cada vez mais funções a chegar de forma gradual à sua nova rede social rival do Twitter.

Em particular, funções básicas do Twitter como a pesquisa via hashtags não estavam disponíveis. Algo que foi notado pelos utilizadores, bem como pelos potenciais anunciantes, a fonte de receita para qualquer rede social que queira singrar.

Threads

O recente descalabro com a queda de utilizadores e tempo de utilização da aplicação pode assim ser atribuído à falta de funções básicas na Threads face ao Twitter. Agora, com o fim do período da lua de mel, o grupo Meta tem que reforçar as capacidades da sua mais recente criação.

"X" marca o lugar das novidades e o futuro do Twitter

Enquanto isso, Elon Musk prepara-se para reformular o próprio Twitter, privando os rivais de tempo para manter e aproveitar o "fator novidade". Mais concretamente, temos uma mudança completa do Twitter, do seu nome que passará a "X" ao seu logótipo.

Our headquarters tonight pic.twitter.com/GO6yY8R7fO

— Elon Musk (@elonmusk) 24 de julho de 2023

A rivalidade entre Mark Zuckerberg e Elon Musk atinge agora um novo patamar, com Musk a negar ao criador do Twitter o tempo necessário para manter o ímpeto na Threads. O novo "X" será sinónimo de atualidade, informação e liberdade de expressão.

Enquanto isso, a Threads que apresentar-se como lugar "seguro", com fortes regras e políticas de comunidade. Em simultâneo, a Threads mantém o apetite caraterístico do grupo Meta pelas informações e dados dos utilizadores, tal como o próprio Facebook.

Privacy nightmare. Threads on the left, Spoutible on the right. Pretty obvious which one is only concerned with getting user data. Very personalized data. pic.twitter.com/6Z9APzH4NY

— DotDotDot (@_Quittny) 21 de julho de 2023

A propósito, aponta Anthony Bartoloacci, gestor e analista online da empresa Sensor Tower, o grupo Meta necessitará de uma "proposta de valor mais cativante do que simplesmente criar um Twitter sem Elon Musk.

Ora, feita a Threads à medida do Twitter, e sendo agora o próprio Twitter reformulado pelo seu dono, como ficará a Threads sem o seu guia e inspiração?

Em suma, as próximas semanas trarão mais desenvolvimentos face a esta rivalidade crescente entre ambos os magnatas e para todo o panorama das redes sociais em 2023.

@SensorTower had a busy week as top media outlets looked to us for guidance on Threads, Twitter and what is means for the overall social media landscape. Stay tuned for more!#SensorTower #instagram #ThreadsApp #Twitter #Facebook pic.twitter.com/1Ib3kxY3mc

— Sensor Tower (@SensorTower) 18 de julho de 2023

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Rui Bacelar
Rui Bacelar
O Rui ajudou a fundar o 4gnews em 2014 e desde então tornou-se especialista em Android. Para além de já contar com mais de 12 mil conteúdos escritos, também espalhou o seu conhecimento em mais de 300 podcasts e dezenas de vídeos e reviews no canal do YouTube.