Pode a Xiaomi fazer frente à Samsung em mais mercados?

Bruno Coelho
Bruno Coelho
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Era uma questão de tempo até tal acontecer. A Xiaomi chegou ao primeiro lugar do mercado indiano de smartphones. Samsung e Xiaomi encontram-se atualmente com 23.5% de share, e a construtora chinesa está a um passo do primeiro lugar isolado. Quem o diz é o último Doogee está a preparar sensor biométrico no ecrã do smartphone

O custo-benefício da construtora chinesa é o maior elogio que se lhe pode fazer. Smartphones como o Xiaomi Mi A1 ou Redmi Note 4 são perfeitos exemplos de como a marca sabe jogar no mercado de quem quer gastar pouco e ter qualidade.

O mercado mobile indiano tem nos segmentos budget o seu maior volume de vendas. E aí a Xiaomi brilha. Oferece especificações atraentes a um preço que muitas vezes será um terço do que a Samsung cobra.

A Xiaomi apanhou a Samsung nas vendas praticamente só a vender online

Algo que torna ainda mais interessante todo este sucesso é que a Xiaomi praticamente apanhou a Samsung sem começar a vender smartphones em lojas físicas e muitas vezes em flash sales (que acontecem de quando em vez). Agora já com produtos nas lojas físicas e as flash sales no seu website, obteve-se o impulso que faltava para estar taco-a-taco com a gigante sul-coreana.

A grande questão que se impõe é se consegue a Samsung contornar este revés. Será interessante perceber até que ponto a empresa sul-coreana conseguirá competir no mercado abaixo dos 200 dólares, onde a Xiaomi reina. Foi esse mercado que a colocou quase com 25‰ da fatia do bolo.

Uma marca subsidiária à la Honor?

Esta é uma estratégia que tem trazido muitos frutos à Huawei. A gigante chinesa atraiu muitos olhares na China e Índia muito graças à Honor. Esta poderia ser uma boa estratégia a seguir pela Samsung, pois permitia que pudesse oferecer terminais com custo-benefício superior.

Neste momento é impossível a Samsung vender smartphones com tão boas especificações ao preço da Xiaomi. Porquê? O lucro da Xiaomi é pequeno nos primeiros meses. No entanto, quando o preço dos componentes desce, a empresa começa a ganhar mais por produto, uma vez que a descida de preço deste não é tão abrupta como a dos componentes.

Para além disto, a Xiaomi poupa em marketing. Como sabemos, o reconhecimento desta marca veio do passa-palavra entre as pessoas e também graças às redes sociais. Onde a empresa chinesa tende a ser pior é no suporte. Mas em mercados como o indiano a coisa tende a melhorar, com a oficialização da marca.

Otimizar o software

O software da gigante sul-coreana não é o melhor otimizado. Principalmente quando falamos dos mercados de entrada e gama média. Aqui é um ponto onde a Xiaomi ganha. E podemos alegar que dentro estão processadores mais poderosos, sim, mas o software (para quem gosta) é dos que oferece mais customização.

Não se enganem: a Samsung continua a vender bastante na Índia, daí os quase 25‰ de mercado. Isto acontece principalmente com consumidores que dão valor à marca e que valorizam o suporte. No entanto, já há um grande número de pessoas que não opta por um Galaxy de gama baixa porque há outros nessa faixa de preço com melhor performance.

É claro que não são apenas os smartphones de gama baixa da marca sul-coreana que têm problemas de performance. No entanto, colocar o software de um Galaxy S8 num desses dispositivos é estar a dar nozes a quem não tem dentes. E esta otimização de software não deve ser feita apenas pelas vendas, mas também pela experiência do utilizador.

Updates mais regulares

A Xiaomi não é conhecida por ser rápida nos seus updates de software no que toca ao Android. No entanto, a MIUI é regularmente atualizada. É aqui que a Samsung também se deve concentrar: atualizar os seus equipamentos de gama baixa e média de forma regular. Isto trará maior confiança por parte do utilizador.

Por esta altura a Samsung já deve estar a tomar providências para não permitir uma ultrapassagem sem retorno por parte da Xiaomi. Atulhar o mercado de smartphones não será a melhor estratégia. Uma marca subsidiária, melhor performance e atualizações mais regulares podem ser a chave para o regresso da marca rainha na Índia.

Para a Samsung no mercado indiano esta é a melhor altura para contra-atacar. Regresso ao trono ou correr por trás? Para a Xiaomi é uma prova de fogo e devemos perguntar-nos até que ponto a marca chinesa conseguirá repetir esta fórmula de sucesso noutros mercados. O tempo encarregar-se-á de responder a estas questões.

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Bruno Coelho
Bruno Coelho
Está na 4gnews desde 2017, onde dá asas à sua paixão por escrever sobre as novidades tecnológicas. Durante esse período já fez mais de 100 reviews e marcou presença em alguns dos grandes eventos tecnológicos, como a Mobile World Congress e IFA.