Desde que os smartphones dobráveis começaram a ter relevância que se coloca a questão: esquecendo o seu preço alto, como é usar um smartphone dobrável no dia a dia? Será cómodo e prático? O sistema está totalmente otimizado? É isso que tentarei responder nestas linhas sobre o Samsung Galaxy Z Fold 3.
Esta não pretende ser uma análise exaustiva ao equipamento, mas pretende relatar a minha experiência de pouco mais de uma semana com um smartphone que não é certamente para todos. Primeiro porque tem um preço de 1859 € em Portugal, e depois porque o seu formato não é o mais cómodo para o utilizador comum.
Unboxing e design do Samsung Galaxy Z Fold 3
Comecemos pela experiência de unboxing e design do equipamento. Desde que o retiras da caixa, que este é um equipamento especial. É-te apresentado com um belíssimo painel de 7,6” polegadas quando desdobrado, ou 6,2” polegadas dobrado.
Na caixa vem apenas o próprio smartphone, a peça para colocar o cartão SIM e um cabo USB-C para USB-C. Nada de carregador, numa caixa bastante premium e minimalista como se espera.
Este é o dobrável mais maduro de sempre
A primeira vez que se toca no Galaxy Z Fold 3 nota-se o caminho que a Samsung percorreu para chegar aqui. É um equipamento que facilmente se desdobra para se transformar num tablet. Mas a sua robustez nota-se desde a primeira hora, e já não notamos aquela fragilidade que se verificava principalmente na primeira versão.
Este é um terminal onde encontramos três materiais principais: alumínio na moldura, vidro no ecrã exterior e traseira, e ainda plástico no ecrã interior. Este ecrã é a zona mais frágil mas também a mais interessante do terminal. Agora temos também resistência à água.
Pegar no Samsung Galaxy Z Fold 3, é pegar num dispositivo pesado. São 271 gramas, e isso nota-se principalmente quando o equipamento está dobrado com espessura máxima de 16mm, e só o usas com uma mão.
Ecrã exterior é de qualidade, mas não é o ideal para jogar ou consumir multimédia
Esse ecrã exterior de 6,2” polegadas é provavelmente aquele com que vais ter mais contacto num dia normal. E sendo um ecrã Samsung, temos aqui as melhores cores do mercado, com a fluidez que um painel de 120Hz proporciona.
No entanto, é um ecrã muito alto e pouco largo, fazendo que possa ser bom para navegação nas redes sociais, leitura ou até ouvir as tuas músicas preferidas no Spotify. Mas quando a hora for de jogar ou reproduzir vídeo, é o ecrã maior que vais querer usar.
A zona de dobragem é notável, mas facilmente te esqueces dela
Abrir e utilizar o ecrã interior de 7,6” polegadas é um verdadeiro prazer. Embora a zona de dobragem esteja lá, e a vás notar com muita luz, num ambiente de luz mais cuidado esta é plenamente impercetível. Principalmente se estiveres a consumidor vídeo na horizontal.
Confesso que esta era a minha maior preocupação, além da possível fragilidade deste ecrã. Mas a verdade é que se fores cuidadoso não vais ter problemas. Jogar, ver as tuas séries na Netflix ou usá-lo como GPS numa viagem de carro é outro nível face a um smartphone "normal", e fica mais perto da experiência de um tablet.
Um dos pormenores com que vais contar neste ecrã interior é a câmara debaixo do ecrã com 4MP. Este serve para tirares algumas selfies ocasionais ou fazeres videochamadas. A maior parte do tempo vais esquecer-te que ela está lá, já que os pixeis se apagam quando não está a ser usada.
Câmaras do Galaxy Z Fold 3 são bastante versáteis
Temos aqui um sistema de câmaras bastante versátil, como a Samsung já nos habituou. São três câmaras de 12MP, e à principal junta-se uma lente ultrawide e uma telefoto com zoom ótico de 2X.
O problema deste sistema de câmaras é que acaba por não receber mudanças face à anterior geração. Isto significa que não vais ficar desiludido, mas se câmaras são a tua prioridade, talvez o Galaxy S21 Ultra seja uma melhor opção.
Ainda assim, os resultados produzidos são de qualidade como podes ver nos exemplos partilhados. Mesmo em vídeo, este consegue reproduzir boas cores, com estabilização e focagem fiável.
Áudio está ao nível dos melhores. Autonomia pode melhorar
Ao nível do som, este também é um terminal que não te vai desiludir. Mesmo como ele desdobrado, os dois altifalantes produzem um áudio claro, com bons graves e de qualidade. Embora não deva ser comparado ao áudio de produtos como os Galaxy Tab S7 da mesma Samsung, mas sim a um smartphone. E aí está ao nível dos melhores.
Ao nível da autonomia, digamos que este não é um terminal que vai durar o dia todo a utilizadores intensivos. Principalmente se for usado em cenário de trabalho ou jogos, vai sofrer. Mas se fores um utilizador mais regular, deves chegar ao fim do dia sem ter de te ligar à corrente.
Desempenho é do melhor que vais encontrar
Deixa a parte do desempenho deste smartphone para o fim porque há pouco a dizer. Está entre os smartphones mais rápidos que vais encontrar no mercado, é tão simples quanto isso. O Snapdragon 888 combinado com 12 GB de RAM e um painel de 120Hz faz com que a experiência seja verdadeiramente premium. Durante os testes não notei quaisquer engasgos, ou problemas em correr qualquer app.
Como é afinal usar um dobrável no dia a dia?
Para o meu tipo de utilização de quem está maioritariamente em casa, este é um dispositivo realmente prazeroso de usar. Embora seja um pouco pesado e alto, dava por mim a desdobra-lo quase instintivamente.
O ecrã exterior está lá, e é o que vais usar maioritariamente nas tarefas básicas. Seja fazer uma chamada, tirar uma fotografia rápida, escolher o que tocar no Spotify ou enviar uma mensagem, será esse o ecrã a usar em grande parte do tempo.
Mas quando entra em cena o entretenimento e a produtividade, é o ecrã maior que vais querer. Para ver vídeos o ecrã menor não é o ideal pela sua proporção. Mas está lá o ecrã maior, onde a experiência de ver uma boa série na Netflix é excelente.
Para quem é o Galaxy Z Fold 3?
Se és um executivo que utiliza muito o smartphone para escrever ou enviar emails, este é provavelmente o smartphone indicado para ti. Embora não tenhamos tido oportunidade de testar a S Pen desenvolvida para este modelo, acredito que o acessório possa elevar ainda mais a experiência.
Este é um produto cujo preço de 1859 € o torna proibitivo para a maioria dos consumidores. Além disso, a sua ergonomia,e o facto de ser difícil colocá-lo no bolso também poderá ser um entrave para muitos.
Uma coisa é certa: se é um smartphone dobrável com esta ideologia que pretendes, esta é a escolha a seguir. Acima disto não há mais nada. E esse é o melhor elogio que se pode fazer a um terminal que não é para todos, mas que pretende mostrar que pode ser para cada vez mais pessoas.
Pontos fortes do Samsung Galaxy Z Fold 3:
- Dois ecrãs de 120Hz de grande qualidade
- Versatilidade e ótimo para multitasking
- Câmaras traseiras bastante versáteis
- Design robusto para um dobrável
Pontos fracos do Samsung Galaxy Z Fold 3:
- Autonomia da bateria ainda pode melhorar
- Não é o smartphone ideal para andar no bolso
- Ecrã interior de "plástico" precisa de ser tratado com cuidado
- Continua caro para a maioria dos consumidores
Obrigado à Samsung Portugal pela cedência do equipamento para testes.