Enquanto empresas como a Figure e a Tesla correm para treinar seus robôs humanoides e lançá-los no mercado, investigadores de Stanford conseguiram ensinar um robô do género a realizar diferentes atividades de uma forma inovadora e bem mais rápida: apenas a observar.
A utilizar uma única câmara RGB, o robô conseguiu aprender a jogar ténis, praticar boxe e até a tocar piano apenas a observar e repetir os movimentos de humanos a fazer essas atividades. O novo método de aprendizagem pode ajudar a acelerar o tempo de treinamento e reduzir os custos associados ao futuro desenvolvimento de robôs humanoides.
Como o robô de Stanford foi treinado
Treinar robôs para executar movimentos que podem parecer relativamente simples para humanos geralmente é algo que envolve grandes faixas de dados de treinamento complexos. Por este motivo, o avanço alcançado pela equipa de investigadores da Universidade de Stanford, Estados Unidos, é tão significativo.
O chamado “HumanPlus” foi inicialmente treinado com 40 horas de vários dados de movimento humano a partir da utilização de um modelo de Inteligência Artificial (IA) de reforço. Com as lições básicas aprendidas e uma webcam acoplada à sua cabeça, o robô foi capaz de “seguir” os movimentos do corpo e das mãos de um operador humano e, eventualmente, imitá-los.
O processo resultou nos robôs humanoides a replicar os movimentos humanos de forma mais natural e numa aprendizagem bem mais rápida. Os testes realizados, inclusive, englobaram diferentes movimentos humanos, de destreza manual, locomoção geral, perceção visual e movimentos finos.
“Ao imitar os humanos, os humanoides podem potencialmente explorar o rico repertório de habilidades e movimentos exibidos pelos humanos, oferecendo um caminho promissor para alcançar a inteligência geral dos robôs”, escreveram os autores da pesquisa, conforme reportou a página Popular Science.
Depois de totalmente treinado, os pesquisadores afirmam que o HumanPlus teve sucesso em seus movimentos de 60 a 100% das vezes, a depender da tarefa.
Mercado de robôs humanoides pode chegar a US$ 154 mil milhões até 2035
A prioridade de inovação do HumanPlus ficou mesmo na sua forma de aprendizazem. As partes que formam o robô, por outro lado, têm diferentes origens. Os pesquisadores usaram um robô H1 da Unitree's Robotics como corpo base, mas depois anexaram mãos e pulsos mecânicos das empresas Inspire-Robots e Robotis. Nos olhos, o HumanPlus tem uma simples webcam Razer.
Ao todo, o preço final do robô chegou a aproximadamente US$ 107.945. E os pesquisadores ainda publicaram as instruções de como construí-lo neste repositório do GitHub. O valor da inovação, entretanto, está realmente na descoberta de uma nova forma mais rápida e económica de realizar o treinamentos dos robôs, algo que pode alavancar um mercado que já parece promissor.
Segundo um relatório da Goldman Sachs de 2022, a previsão é de que o mercado global de robôs humanoides poderá atingir US$ 154 mil milhões até 2035. Com esta nova forma de treinar os robôs, essa expetativa pode aumentar. A abordagem mais orgânica para a aprendizagem de movimento, inclusive, poderia aumentar a funcionalidade de um segmento crescente de robôs focados em acessibilidade, conforme apontado pela Popular Science, visando melhorar a vida de pessoas com deficiência.