O organismo regulador das comunicações do Reino Unido, Ofcom, manifestou a sua preocupação quanto à utilização das redes sociais para incitar à violência no decorrer dos motins da extrema-direita em todo o país.
Numa carta aberta, a diretora de segurança online da Ofcom, Gill Whitehead, instruiu as aplicações referidas no protesto a combaterem a potencial disseminação de materiais nocivos relacionados com a discórdia em curso, salientando os poderes que a agência fiscalizadora dispõe sobre as plataformas de partilha de fotos e vídeos.
Supressão de "material nocivo"
A Ofcom está especificamente a encorajar as plataformas a abordar conteúdos que representem "ódio e desordem", que promovam a violência ou que espalhem desinformação. Os poderes existentes desta instituição reguladora permitem-lhe "suspender ou restringir" as plataformas de partilha de fotos e vídeos que não protejam o público de "material nocivo".
Este "material nocivo" inclui, potencialmente, vários conteúdos que têm proliferado online, tais como vídeos inflamatórios (muitas vezes não verificados e até mentirosos) que pretendem mostrar a violência das comunidades imigrantes.
Atualmente, estas regras não se estendem a todas empresas de redes sociais no geral, mas é provável que a Lei da Segurança Online conceda mais poderes à Ofcom quando entrar em vigor, entre o final de 2024 e o início de 2025.
Foram registados distúrbios civis em todo o Reino Unido depois de um jovem de 17 anos ter atacado crianças com uma faca numa aula de dança em Southport, que custou a vida a três raparigas com menos de 10 anos. A informação falsa de que o autor do crime era um requerente de asilo espalhou-se rapidamente pelas redes sociais, dando origem a protestos anti-imigração de extrema-direita e a atos de violência que visavam sobretudo as comunidades muçulmanas e outras comunidades estrangeiras.