Durante quase 50 anos, o código de barras foi o padrão nas embalagens dos produtos, desempenhando um papel essencial no funcionamento do comércio de retalho. Contudo, esta era está a chegar ao fim. Impulsionados pela necessidade de maior eficiência e sustentabilidade, os códigos QR estão prontos para assumir o protagonismo nos próximos dois anos.
Liderada pelo organismo internacional de normalização GS1, esta transição promete transformar a experiência de consumidores e retalhistas.
Por que os Códigos QR?
Mas afinal, por que alterar um sistema que já funciona há tanto tempo? Por alguns motivos. Ao contrário dos tradicionais códigos de barras, os códigos QR oferecem uma capacidade muito maior de armazenar informações.
Isto significa que, para além de detalhes básicos dos produtos, como preço e identificação, os códigos QR podem incluir dados sobre o prazo de validade, ingredientes e até instruções de reciclagem.
Diferente dos códigos de barras, os códigos QR podem ser acedidos pelos clientes com um smartphone. Anne Godfrey, líder da GS1 UK, destacou que a pandemia acelerou a familiaridade do público com os códigos QR, referindo o uso frequente para aceder aos menus em restaurantes. Agora, esse hábito pode ser facilmente transferido para as compras do dia a dia.
Mas existem ainda outras vantagens claras do uso dos códigos QR, tanto para os consumidores como para os retalhistas. Por serem mais resistentes ao desgaste, por exemplo, eles funcionam melhor nas caixas registadoras, acelerando as filas e reduzindo falhas de leitura.
O seu uso pode ainda facilitar sistemas de Scan & Pay, nos quais os clientes podem registar os produtos enquanto fazem as compras e pagar o total diretamente pelo smartphone, sem filas.
Benefícios para iniciativas sustentáveis
As informações adicionais que podem ser incluídas nos Códigos QR não apenas complementam as etiquetas dos produtos, mas também abrem espaço para avanços ecológicos. Na América Latina, por exemplo, a Coca-Cola utiliza códigos QR para rastrear a reutilização de garrafas, ajudando a atingir metas de reciclagem.
Outro exemplo impressionante vem da Woolworths, na Austrália, onde o uso de códigos QR permitiu reduzir o desperdício de alimentos em 40%, graças a descontos rápidos em itens próximos da data de validade, conforme noticiou a página GizChina.
Desafios na transição
Apesar das vantagens, a mudança para os códigos QR não está isenta de desafios. Atualizar os sistemas de ponto de venda exige investimentos significativos, e alguns produtos, como velas, podem não tirar pleno proveito da tecnologia. Além disso, as cadeias de fornecimento estabelecidas precisarão ajustar-se para integrar o novo sistema, o que pode gerar interrupções temporárias.
Ainda assim, o presidente da GS1, Renaud de Barbuat, mantém uma visão otimista, prevendo que a adoção global estará concluída até 2027. No Reino Unido, quase metade dos retalhistas já está a adaptar-se à tecnologia, evidenciando que a transição está em pleno andamento, rumo a mais sustentabilidade e maior conveniência.