Plataforma universal para reduzir custos
A Ford apresentou uma nova estratégia para o seu futuro elétrico: uma plataforma universal de veículos elétricos e um processo de fabrico inovador que promete baixar custos, aumentar a eficiência e criar modelos mais acessíveis.
O primeiro carro desta nova geração será uma pickup média de quatro portas, com preço previsto de 30 mil dólares (cerca de 28 mil e 800 euros) e lançamento marcado para 2027.
Baterias mais pequenas e químicas mais baratas
Um dos pontos principais desta mudança é a adoção de baterias 15% mais pequenas do que as usadas no BYD Atto, mantendo a química LFP (lítio-ferro-fosfato), mais barata e durável do que as atuais baterias NCM.
Isto poderá resultar numa bateria de cerca de 51 kWh, muito abaixo dos padrões atuais de autonomia acima dos 480 km.
Compensação: menos autonomia, mais aerodinâmica
A Ford admite que a autonomia será mais curta, mas aposta em melhor aerodinâmica para compensar parte dessa perda.
Alan Clarke, responsável pelo desenvolvimento avançado de EVs da marca, afirma que a nova plataforma poderá oferecer até menos 80 km de alcance comparada a modelos equivalentes, mas que será mais eficiente no consumo de energia.
“Momento Model T” para a produção de veículos elétricos
A marca descreve esta viragem na produção como um “momento Model T”, comparando-a à revolução que a linha de montagem representou há mais de 100 anos. Em vez de uma linha linear, a Ford vai usar um sistema de “árvore de montagem”, no qual três subestruturas: frente, traseira e base estrutural para a bateria, são produzidas em paralelo e unidas no final.
Menos peças, montagem mais rápida
Este novo método reduz o número de peças em 20%, corta 25% dos pontos de fixação e permite um tempo de montagem cerca de 15% mais rápido.
O design simplifica também a cablagem, com um chicote elétrico 1,3 km mais curto e 10 kg mais leve do que o do Mustang Mach-E.
Mais espaço e melhor comportamento
Ao integrar a bateria como parte estrutural do piso, a Ford cria um centro de gravidade mais baixo, melhor comportamento dinâmico e mais espaço interior mesmo antes de contar com a frente e a caixa de carga.
Desempenho pensado no utilizador
Apesar do foco na eficiência, a Ford promete veículos “divertidos de conduzir”, com aceleração de 0 a 100 km/h em cerca de 4,5 segundos, semelhante ao Mustang EcoBoost de quatro cilindros.
Não há ainda dados oficiais de autonomia, mas a arquitetura de 400 volts indica que a marca está a dar prioridade ao custo e simplicidade em vez de velocidades de carregamento de topo.
Produção mais automatizada e menos dependente de mão de obra
O novo processo de fabrico vai reduzir o número de postos de trabalho necessários.
Na fábrica do Kentucky, nos EUA, onde será montada a nova pickup, o número de trabalhadores horários passará de 2.800 para 2.200. Mais robótica e ergonomia melhorada vão reduzir movimentos repetitivos como torcer, esticar e dobrar, tornando a montagem mais eficiente e menos desgastante para os operários.
Um plano para salvar o negócio elétrico
A Ford espera perder até 5,5 mil milhões de dólares este ano nas operações de veículos elétricos e software, tornando crucial que estes novos modelos sejam rentáveis.
O desafio é competir não apenas com a Tesla e a General Motors, mas também com gigantes chineses como a BYD, enquanto enfrenta um mercado mais difícil devido ao fim previsto dos créditos fiscais para EVs e ao impacto das tarifas no mercado norte-americano.