A disputa pela Warner Bros ganhou um novo capítulo. Após meses de negociações, a Netflix anunciou na semana passada a compra definitiva da Warner Bros Discovery por cerca de 83 mil milhões de dólares (71,27 mil milhões de euros). Negócio fechado, certo? Errado. Agora, a Paramount voltou à disputa. E com uma oferta de 108,4 mil milhões de dólares.
A empresa descreve a oferta rival como “inferior e incerta” e promete adquirir a totalidade do grupo por 30 dólares por ação, em dinheiro. Este movimento pode redefinir os catálogos de streaming, impactar preços e alterar a forma como acedemos a conteúdos como HBO Max e produções da Warner.
Quanto valem as ofertas: Paramount supera Netflix em mais de 17 mil milhões
A Paramount avalia a Warner Bros em 108,4 mil milhões de dólares, cerca de 93 mil milhões de euros, e coloca em cima da mesa uma compra integral, totalmente em numerário. A proposta supera a da Netflix, que ofereceu 27,75 dólares por ação, contra os 30 dólares da Paramount, num acréscimo global de 17,6 mil milhões de dólares, e inclui a compra da CNN, diferente da proposta concorrente.
Segundo o Financial Times, a nova oferta conta com financiamento da Arábia Saudita, Abu Dhabi, Qatar e da Affinity Partners, empresa de Jared Kushner, genro de Donald Trump. Ainda assim, a Paramount afirma que estes investidores não ocuparão cargos na administração, numa tentativa de afastar preocupações relacionadas com segurança nacional.
Caso a Warner mude de posição e escolha a Paramount, poderá ter de pagar à Netflix uma indemnização de 2,8 mil milhões de dólares.
Paramount critica riscos da oferta da Netflix e promete “uma Hollywood mais forte”
A Paramount publicou uma mensagem direcionada ao conselho de administração e aos acionistas da Warner, defendendo que a fusão com a Netflix criaria riscos regulatórios e combinaria dinheiro e ações de forma volátil.
No comunicado, assinado pelo seu presidente-executivo (CEO), a empresa argumenta que a sua proposta permitiria “criar uma Hollywood mais forte” e impulsionar estreias em sala, investimentos em conteúdos e maior competição, algo que a indústria considera essencial.
A crítica à Netflix surge também pela complexidade do acordo, que precisa de aprovação regulatória em múltiplas jurisdições. A Paramount alerta que o processo poderá arrastar-se e deixar os acionistas num cenário de incerteza prolongada.
O que mudaria com a Netflix a controlar a Warner Bros
Se a aquisição da Netflix fosse concluída, a gigante do streaming absorveria a HBO Max, os estúdios Warner Bros e todo o catálogo associado, incluindo Harry Potter, O Senhor dos Anéis, Game of Thrones e os super-heróis da DC como Batman e Superman.
Em termos práticos, isto criaria um portefólio de mais de 400 milhões de assinantes combinados entre Netflix e HBO Max, algo que os reguladores já consideram sensível.
A Netflix não ficaria com canais como a CNN ou Discovery, que já estavam planeados para serem integrados numa nova entidade cotada em bolsa. Esta separação está prevista para o verão de 2026.
Apoio político e críticas ao impacto na concorrência
A corrida pela Warner Bros já recebeu atenção ao mais alto nível. Donald Trump afirmou que analisará a aquisição, alertando que a Netflix tem “uma quota de mercado muito grande”. O senador republicano Mike Lee descreveu o acordo como alarmante para as autoridades da concorrência, enquanto a senadora Elizabeth Warren teme subida de preços das subscrições e redução de escolha para os consumidores.
Na Europa e em Portugal, estas preocupações são particularmente relevantes, já que um controlo ainda maior do mercado de streaming pode influenciar preços, disponibilidade de conteúdos e investimento em produções locais.
Por outro lado, como noticiamos antes, a união também poderia originar um novo pacote de assinatura combinando Netflix e HBO Max, possivelmente por um valor inferior ao dos dois serviços separados.
Estúdios, cinemas e criadores temem impacto na diversidade e no emprego
A indústria cinematográfica demonstra receio perante ambas as propostas. A aquisição pela Netflix levanta preocupação devido ao seu histórico de reduzida aposta em estreias em sala. A União Internacional de Cinemas (UIC) expressou “forte oposição”, afirmando que a redução de estúdios significa menos filmes, menos bilheteira e perda de postos de trabalho.
A atriz Jane Fonda declarou que “o negócio ameaça toda a indústria de entretenimento”, refletindo um sentimento crescente de que fusões desta escala poderão eliminar projetos, equipas e divisões inteiras.
Como a Paramount chegou aqui e por que levou a disputa ao público
A Paramount tinha iniciado este processo com propostas anteriores, todas rejeitadas pela Warner, que parecia inclinada a avançar com a Netflix. Após seis recusas em 12 semanas, a empresa decidiu levar a proposta diretamente aos acionistas e publicar os detalhes num tom quase político, destacando argumentos económicos e estratégicos para tentar reverter a decisão.
Este confronto público evidencia o peso que a Warner Bros representa na próxima década do entretenimento e reforça que a batalha entre a Paramount e a Netflix definirá não só o futuro de Hollywood, mas também a forma como consumidores em Portugal e no mundo acedem a filmes e séries.
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