Ao contrário do que se possa pensar, os portugueses não correm a trocar de telemóvel só porque saiu um modelo novo com uma câmara mais poderosa. Um novo estudo da Appinio para a refurbed, empresa especializada em recondicionados, vem mostrar que, na verdade, somos consumidores bastante pragmáticos.
As razões que nos levam a abrir os cordões à bolsa são bem mais práticas e estão ligadas ao fim de vida útil do nosso aparelho atual. O inquérito, realizado a 1000 portugueses revela as duas principais razões que nos levam a trocar de smartphone.
Lentidão e bateria são as principais razões de os portugueses trocarem de telemóvel
- O telemóvel ficou lento (37,6%)
- A bateria já não dura o suficiente (36,2%)
A vontade de ter o último grito da tecnologia (11,4%) ou uma câmara fotográfica de maior qualidade (apenas 3,2%) são fatores muito menos importantes na hora da decisão. Ou seja, os portugueses trocam mais de telemóvel por necessidade, e não por capricho.
Portugueses têm dificuldade em desfazer-se do modelo antigo
Mas o estudo revela também um hábito muito português que é a dificuldade em nos desfazermos do telemóvel antigo. Depois de comprar um novo, o aparelho velho vai parar a uma gaveta, e as "desculpas" para o mantermos lá são bem conhecidas.
- O receio de que "o novo avarie" (28,4%), deixando o antigo como um "backup" de emergência.
- A clássica justificação de que "ainda tenho fotografias importantes que não transferi" (28,3%).
Outras razões apontadas incluem o não saber como o fazer corretamente (18,1%) e a possibilidade de se precisar dos contactos antigos (16,0%).
O problema ambiental que ninguém vê
Este hábito de guardar os telemóveis antigos na gaveta agrava um problema ambiental sério. De acordo com os dados mais recentes do Eurostat, Portugal falha redondamente as metas europeias de recolha de lixo eletrónico. Em 2022, recolhemos apenas cerca de 27% do nosso lixo eletrónico, um valor que fica muito longe da meta de 65% estabelecida pela União Europeia. E estes milhões de telemóveis esquecidos nas gavetas são uma boa parte do problema.
Kilian Kaminski, cofundador da refurbed, afirma que estes dados mostram que "os consumidores portugueses são pragmáticos e valorizam a funcionalidade acima do status". O problema, segundo ele, é o "modelo linear de 'usar e descartar' que leva a que milhões de aparelhos perfeitamente recuperáveis fiquem inativos".
A solução, defende, passa por quebrar este ciclo, com alternativas como os produtos recondicionados, que respondem a esta necessidade de performance de forma mais sustentável e economicamente inteligente.