
O setor automóvel já viveu melhores dias no velho continente. Uma prova clara disso mesmo é o facto do país que mais produz na Europa, a Alemanha, estar a sentir a necessidade de dispensar uma parte significativa da sua força de trabalho.
Tanto assim é que, na última década, nunca a indústria teve tão poucos trabalhadores, em terras germânicas. A tendência tem-se verificado nos restantes países deste continente, sendo a Alemanha a maior evidência.
O que nos dizem os números?
Esta queda do setor automóvel na Europa fica comprovada por um estudo estatístico da Destatis. Note-se que este é o gabinete federal de estatísticas do país, portanto estamos a trabalhar com dados 100% oficiais.
No final de setembro, os registos indicavam que a Alemanha tinha cerca de 721.400 trabalhadores nesta área. Ora, é preciso recuar até 2011 para encontrar um valor tão baixo. Neste caso, de 718.000 trabalhadores, há quase 15 anos.
Os números tornam-se mais preocupantes se olharmos para a comparação direta com 2024. De um ano para o outro, no mesmo período, há menos 48.700 pessoas a trabalhar com automóveis, o que representa uma queda relativa de 6,3%.
De acordo com o Destatis, é um dos setores que está em maior declínio na Alemanha, se olharmos para os setores que têm mais de 200.000 funcionários.
Face a 2024, trata-se de uma diminuição de 48 700 pessoas, ou seja, menos 6,3%, uma das maiores quedas registadas entre setores com mais de 200 mil funcionários, de acordo o Destatis.
Um setor em queda “prolongada”
Se olharmos a casos específicos, a Volkswagen, uma das gigantes mundiais no setor, viu-se obrigada a despedir 11.000 trabalhadores, nos últimos 2 anos. Os dados ficam mais alarmantes, quando as previsões são de despedir 35.000 pessoas até 2030. Alegadamente, o acordo contratual já está feito com 25.000 destes funcionários (via Razão Automóvel).
Quem reflete sobre esta queda é Cyrus de la Rubia, economista do Hamburg Commercial Bank. Em declarações à Reuters, o próprio diz que “a recessão prolongada na indústria está claramente refletida nas tendências de emprego”.
Apesar do mau momento, continua a ser o segundo setor com mais relevância no tecido empresarial germânico.
