Tenho de começar esta análise com uma questão retórica: afinal o que torna um smartphone num “smartphone diferente” ou especial e distinto dos demais? Será uma câmara debaixo do ecrã? Uma dobra ao meio para estender o ecrã ou uns LEDs atrás?
A verdade é que pode ser nada disso ou isso tudo. Mas no caso do Nothing Phone (1), é inegável que não existe um smartphone com uma parte de trás igual. Na sua essência, é mais um smartphone. Mas não deixa de ser um smartphone diferente de todos os outros, e que será facilmente distinguido numa ‘multidão. E isso é deveras importante.
Nos últimos dias tive oportunidade de testar o Nothing Phone (1) em contexto diário. É nisso que se centrará esta review, tendo em conta que o tempo passado com o terminal foi curto. Esta é uma review que tentará esclarecer-te se o Nothing Phone (1) vale o hype (e o preço). Para mais detalhes sobre a interface do Glyph e comparativo de câmaras, terei artigos nos próximos dias.
Unboxing e primeiras impressões
No vídeo abaixo podes ver o unboxing ao Nothing Phone (1) em detalhe, que publicamos no nosso Instagram. A caixa presenta-se bastante fina, e com o design traseiro do smartphone em destaque. No seu interior encontramos um cabo USB-C para carregamento, peça para colocar o cartão SIM, manuais de instruções e o próprio smartphone.
Tal como se esperava, o Nothing Phone (1) não traz carregador incluído na caixa. O que para alguns utilizadores pode ser visto como um ponto negativo. O smartphone traz ainda uma película pré-colocada, mas se quiseres comprar um vidro temperado, este também terá de ser adquirido à parte.
As primeiras impressões assim que tiramos o smartphone da caixa, não refletem aquilo que o smartphone custa e o segmento onde se insere. Fazendo referência ao título, o Nothing Phone (1) tem um design de topo de gama, a preço de gama-média
Escolhas de design
O design vai ser sempre uma questão de opinião. O que é bonito para mim, pode não ser bonito para ti. No meu entender, não existe nenhum smartphone tão bonito e verdadeiramente diferente lançado recentemente na faixa de preço deste Nothing Phone (1).
Mas é certamente um design que, ou se adora, ou se acha aborrecido, admito-o. A grande estrela é a interface do Glyph. Esta torna-se particularmente interessante quando tens o smartphone virado para baixo.
É um complemento para as notificações ou chamadas, mas também para quando estás a carregar o smartphone. Isto porque podes ver se este ainda demora muito carregar. Além disso, avisa-te quando estás a usar o carregamento sem fios ou o carregamento reverso.
Na zona frontal a experiência dificilmente é melhor para o meu gosto. A câmara frontal está colocada num punch-hole no canto superior esquerdo que em nada interfere na tua experiência. E o ecrã é plano com todas as margens reduzidas e simétricas.
A escolha pela moldura plana é uma tendência criada pelos iPhone 12 e que, pessoalmente, me agrada bastante. A destacar ainda que a marca optou por colocar o botão de ligar e desligar do lado direito, e os botões de volume do lado esquerdo. A bandeja para os cartões SIM está na parte inferior.
Qualidade de construção
E isso leva-nos à qualidade de construção que, para o preço, é acima da média. O smartphone apresenta-se com uma parte frontal e traseira em vidro, com proteção Gorilla Glass 5. Já a moldura é em alumínio.
Quando olhamos para alguns dos seus concorrentes diretos, vemos que está acima. O Samsung Galaxy A53 5G ou o A73 5G têm moldura e traseira em plástico. E o Xiaomi 12 Lite tem também moldura em plástico.
Parece-me ser um smartphone muito bem construído. Mas claro, num equipamento onde predomina vidro, podes esperar muitas dedadas na traseira. O meu conselho é que compres uma capa de silicone transparente que vai preservar o teu equipamento e manter as suas qualidades da Glyph Interface. Esta pode ser encontra no site oficial da Nothing por 25 €.
Uma palavra importante para a qualidade dos botões. Estes parecem-me ter o tamanho certo. São relativamente grandes e bastante clicáveis, com a qualidade que se quer. A bandeja de cartões SIM é robusta, e indica-nos com facilidade onde e como colocar os dois cartões.
Ecrã
A discussão sobre ecrãs planos e curvos tem anos. Mas a verdade é que a tendência da Samsung ao longo dos anos foi diminuir a curvatura dos seus ecrãs mais populares. Enquanto que a Apple voltou a popularizar os ecrãs planos.
Gosto da abordagem de ecrã plano da Nothing, porque a vejo como mais proveitosa para a navegação diária a ler emails, notícias ou simplesmente a navegar nas redes sociais. Trata-se de um ecrã OLED com 6,55 polegadas, padrão nesta faixa de preço.
Tem resolução de 1080 por 2400 pixeis e taxa de atualização variável entre 60 e 120 Hz. O brilho típico é 500 nits, e o pico cifra-se nos 1200 nits. Mas como é que estes números se traduzem para a experiência real?
É um ecrã com um tamanho considerável, mas ótimo para as tarefas diárias e muito mais. Com os 120 Hz, torna-se um prazer navegar nas redes sociais, consumir uns vídeos no YouTube ou jogar alguns dos meus jogos favoritos.
É um pouco maior do que estou habituado, mas nunca senti desconforto ao pegá-lo. O facto de as definições rápidas serem acessíveis a partir da parte inferior do ecrã, acaba por se traduzir numa experiência bastante positiva.
As cores reproduzidas pelo ecrã são bastante vivas, não ficando nada a dever aos seus concorrentes diretos. O posicionamento do punch-hole em nada me incomodou, e o facto de as margens serem totalmente simétricas é um grande plus.
No campo da segurança, temos desbloqueio por impressões digitais e facial. O desbloqueio por impressão digital no ecrã não é o mais rápido que já testei, mas é bastante efetivo. E acabo por utilizá-lo mais que o desbloqueio facial que se revela menos efetivo.
Qualidade de som
O Nothing Phone (1) chega sem entrada para jack 3,5 mm, que em nada me afeta, visto que há muito migrei para auriculares sem fios. Embora não o seja para mim, pode ser um ponto negativo para alguns consumidores.
O smartphone chega com altifalantes estéreo, de qualidade bastante mediana. Nota-se que o som que sai da parte superior é ligeiramente inferior ao da coluna, passe o pleonasmo, inferior. Pode ser algo que te incomode se já usaste algo com melhor som estéreo. É um equipamento que apenas cumpre neste segmento.
Como chega com Bluetooth 5.2, também não terás problemas em ouvir música, ver filmes ou jogar jogos com os teus auriculares favoritos com qualidade e sem lag.
Performance / Desempenho
Um dos principais aspetos que deves ter em conta ao comprar o Nothing Phone (1), é que este não é nem pretende ser um topo de gama. E isso vai notar-se no seu desempenho quando comparado com alguns dos smartphones mais caros do mercado.
O que deves ter em conta é que vais encontrar o desempenho de um smartphone que custa em torno de 500 €. A verdade é que nestes dias não senti quaisquer engasgos, e aguentou todas as tarefas que lhe propus.
Seja isso navegar nas redes sociais, ou jogar títulos como Call of Duty Mobile ou Pokémon GO nas especificações mais altas. Além disso, transição entre aplicações é feita sem grande espera, tendo em conta que algumas menos usadas vão fechando para poupar bateria.
Fiz alguns testes no Geekbench 5 e no 3DMark, que podes conferir abaixo. É o desempenho traduzido em números do smartphone, mas que acaba por ser influenciado pelos 32/33 graus que se encontravam em casa quando fiz os testes.
Interface / UI
Este é um dos grandes trunfos do Nothing Phone (1). Uma das coisas que se nota imediatamente quando ligamos o smartphone é a simplicidade da sua interface, mas também a sua fluidez e rapidez de navegação.
Apresenta alguns toques da Nothing, como os papéis de parede e widgets próprios, ou a barra de definições rápidas com alguns os ícones de conetividade em destaque. Mas o resto é uma experiência de Android praticamente pura, como pessoalmente aprecio.
Neste equipamento só vais encontrar as aplicações necessárias, e nada de bloatware. Além das apps de câmara ou do gravador, todas as aplicações que encontras instaladas no equipamento são o padrão da Google. E isso só pode ser elogiado.
É importante referir que a marca promete 3 anos de atualizações Android e 4 anos de atualizações de segurança. Isto dá segurança a quem quer investir no equipamento, e ficar com ele a longo prazo. Chega com Android 12 de fábrica.
Câmara
A Nothing quis entregar uma experiência de fotografia e vídeo simples, sem câmaras desnecessárias. Por isso temos aqui duas câmaras de 50 MP. A principal e a Ultrawide. Temos zoom de 2x que não envergonha e zoom até 20x que serve apenas para veres algo ao longe e não necessariamente para tirares imagens de qualidade.
Como seria de esperar, esta é uma experiência de fotografia e vídeo adequada ao preço. As fotografias e vídeos captados pelo Nothing Phone (1) não deslumbram, mas cumprem bem nas mais variadas condições. Como podes ver nos exemplos abaixo, mesmo à noite não se safa nada mal, sem deslumbrar.
No vídeo temos gravação até 4K a 30 fps ou 1080p a 120fps, sendo que a câmara frontal se fica pelo 1080p a 30 fps. Vais conseguir vídeos de qualidade com a câmara principal, por conta da estabilização ótica e eletrónica de imagem. Como na ultrawide ou câmara frontal já não tens estabilização ótica, vai-se notar alguma tremideira. Diria que o desempenho destas é aceitável.
Um grande elogio, no entanto, para a simplicidade e fluidez da app da câmara. Esta encontra-se com os menus de câmara lenta, fotografia, vídeo, retrato, macro ou especialista. E é bastante rápida a navegar entre estes.
Outro toque, neste caso retro, dado pelo Nothing é a luz vermelha na parte de trás. À boa maneira das câmaras de filmar mais antigas, a luz vermelha pode piscar (se assim quiseres) quando o smartphone se encontra a gravar. O que para criadores de conteúdo pode ser interessante.
Bateria
Dado o tempo reduzido que passei com o smartphone, a autonomia é onde dá para chegar a menos conclusões com o Nothing Phone (1). Até porque o uso foi bastante intensivo, com jogos e vários testes de câmara e benchmark.
No entanto, diria que nesta fase é um smartphone para facilmente durar um dia de utilização intensiva, ou mais. Quanto aos números, são 4500 mAh de capacidade, com carregamento de 33 W com fios, que a marca promete carregar o equipamento em 50% em 30 minutos ou 100% em 70 minutos.
Embora já existam marcas com velocidades de carregamento mais elevadas, esta é mais que suficiente para a minha utilização, até porque costumo carregar o equipamento durante a noite. E o melhor são os extras que não costumas encontrar neste segmento.
O Snapdragon 778G+ da Qualcomm foi especialmente concebido para o Nothing Phone (1) ter carregamento sem fios de 15 W e carregamento reverso de 5 W. Isto significa que podes carregar o smartphone sem fios a uma velocidade aceitável, e carregar outros smartphones ou auriculares compatíveis com carregamentos sem fios, em cima do teu Nothing Phone (1).
Como referi acima, o Nothing Phone (1) não traz carregador na caixa, e isso pode ser considerado um ponto negativo por alguns utilizadores. Caso não tenhas um por casa e queiras comprar o da marca de 45 W, este é vendido no site oficial por 35 €.
Qualidade/Preço
Olhando para o Nothing Phone (1), não é exagero afirmar que é um dos smartphones com melhor qualidade/preço de 2022. O processador não é topo de gama, mas é mais que suficiente para a maioria dos utilizadores. E a versão base custa 469 €, com 8 GB de RAM e 128 GB de armazenamento.
No entanto, por mais 30 € compras a versão que testei de 8 GB de RAM e 256 GB de armazenamento. Por este valor tens ainda um smartphone com um ecrã AMOLED de 120 Hz, e uma interface sem bloatware e com promessa de atualizações até 4 anos.
Um grande bónus é que o smartphone foi ainda concebido para ter carregamento sem fios e carregamento reverso. Algo praticamente único no seu segmento, e que normalmente só encontras nesta faixa de preço em equipamentos de anos anteriores.
O Nothing Phone (1) também é um equipamento muito bem construído, em vidro e em plástico. Com linhas simples mas bastante concisas, e com um painel com margens simétricas e praticamente inexistentes.
E que dizer da interface do Glyph? A traseira que para muitos é gimmick, e para outros é um fator verdadeiramente diferenciador. É impossível não considerar esta interface e as suas potencialidades na nota alta de qualidade-preço que este equipamento merece. Falta-lhe agora alguma cor que esperamos ver numa futura geração destes LEDs.
Conclusões
O tempo com o Nothing Phone (1) foi curto mas proveitoso. Trata-se de um smartphone para quem quer algo diferente, na estética. É um equipamento que não fica indiferente quando o colocas ao lado dos outros, graças à interface do glyph.
Esta revela-se bastante útil, se tiveres o smartphone em silêncio e quiseres apenas ver as notificações, mas também se quiseres ver o nível de carregamento. E se lhe colocares uma capa transparente, ela vai continuar a pode ser desfrutada com toda a proteção.
O que há a retirar desta análise após alguns dias com o Nothing Phone (1) é que é um smartphone muito equilibrado para o preço. A performance não deslumbra, mas cumpre. E o mesmo se pode dizer das suas câmaras.
A bateria parece durar facilmente um dia de utilização intensiva, e o ecrã está perfeitamente ao nível da sua faixa de preço. O Nothing OS, que a marca colocou por cima do Android 12, dá uma experiência de praticamente Android puro que os entusiastas vão adorar.
É claro que não é perfeito. O som que sai da parte superior poderia ter mais pujança, e não traz carregador na caixa ou não tem porta para jack 3,5 mm. Mas o que realmente não me agradou, e espero que a Nothing resolva numa futura atualização, é não poder mover nem remover a barra de pesquisa da Google do ecrã principal.
Para quem é o Nothing Phone (1)
É um smartphone que pode ser perfeitamente para toda a gente. É um equipamento para quem não precisa do desempenho de um topo de gama, mas pretende ter características como carregamento sem fios ou carregamento reverso que só encontras nesses terminais.
É também para quem quer um ecrã plano, com margens simétricas e uma inferface muito próxima do Android puro. Além disso, é um smartphone muito bem construído, em vidro, e alumínio.
E é claro, é um terminal para quem não quer passar despercebido. Certamente é um smartphone vai fazer sucesso entre os teus amigos, mesmo que possam não decorar o nome da marca. “O smartphone com os LEDs atrás" eles não vão esquecer.
Se vale a pena a compra? Se te englobas no tipo de utilizador que referi acima e valorizas ter 3 anos de atualizações Android e 4 anos de atualizações de segurança prometidas, este é dos melhores equipamentos a comprar abaixo de 500 €.
Pontos fortes do Nothing Phone (1)
- Interface do Glyph única na indústria
- Carregamento sem fios
- Interface Android sem bloatware e quase pura
- Ecrã AMOLED de 120 Hz de boa qualidade e fluido
- Carregamento reverso
- Muito bem construído para o preço, em vidro e alumínio
Pontos fracos do Nothing Phone (1)
- Som na ‘coluna’ superior poderia ser melhor
- Barra de pesquisa da Google impossível de mover ou remover do ecrã principal
- Não traz carregador na caixa
Escolhas de design | 9 |
Qualidade de construção | 8,5 |
Ecrã | 8 |
Qualidade de som | 7 |
Performance/Desempenho | 7,5 |
Interface/UI | 9 |
Câmara | 8 |
Bateria | 8 |
Qualidade-Preço | 9 |
Pontuação | 8,2 - Muito bom |
Nos próximos dias partilharemos um artigo dedicado a mais fotografias e vídeos capturados com o equipamento, bem como mais detalhes sobre a interface do Glyph e autonomia. Caso queiras saber todas as especificações técnicas do smartphone, consulta o nosso artigo dedicado.
Segue os nossos guias e faz a melhor compra: