Netflix e YouTube: alunos podem deixar a Internet mais lenta, alerta a NOS

Rui Bacelar
Rui Bacelar
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A Internet pode ficar mais lenta. O alerta é dado pela NOS, referindo-se à utilização para fins lúdicos como a Netflix e o YouTube da "Internet emprestada" pelo Governo aos alunos com os hotspots, não existindo distinção do tráfego, como avança o secretário de Estado para a Transição Digital.

A notícia foi avançada pelo ECO, dando conta da possível degradação de qualidade de acesso à Internet caso se mantenha este padrão de uso. Em causa está o novo Decreto-lei, já em vigor desde esta segunda-feira (15) e prevista no mais recente estado de emergência de 14 de janeiro.

A Internet não se esgota, nem tem limitações, mas pode ficar mais lenta

De acordo com a fonte supracitada, a NOS assegura que no horizonte não existe "qualquer limitação do tipo de tráfego", referindo-se aos hotspots ou pontos de acesso à Internet, gratuitamente distribuídos pelo Governo aos alunos da Ação Social Escolar.

Fica, no entanto, o alerta para o uso indevido deste mesmo acesso à Internet para atividades lúdicas como o acesso ao YouTube e à Netflix. Tendência e tipo de uso que pode vir a diminuir a qualidade geral de acesso à Internet quando for a hora das aulas.

A NOS afirma que não existe propriamente um limite no sentido de os alunos ficarem sem Internet. Mas avisa que ultrapassado um determinado valor de tráfego, a Internet ficará mais lenta e isso pode prejudicar, ou dificultar a participação nas aulas.

O Governo diz que sim, a NOS diz que não

A reportagem do ECO dá conta das respostas diametralmente opostas do Governo e da operadora.

André de Aragão Azevedo, secretário de Estado para a Transição Digital afirma existir uma “seleção do tipo de serviços que estão disponíveis” para “garantir que o consumo de dados só é elegível se for para contexto educativo”.

Por outro lado, após inquirir a NOS e a Apritel (Associação dos Operadores de Comunicações Eletrónicas) a resposta obtida veio contrariar a do Governo.

Na prática, as operadoras não têm forma de condicionar o tráfego, de impedir que o acesso à Internet seja usado para ver YouTube, ou ver filmes e séries na Netflix.

A solução da NOS passa por limitar a velocidade para todo o tipo de tráfego

"Os procedimentos definidos pelo Governo para contratação da conectividade móvel no âmbito do programa Escola Digital não preveem, à data de hoje, qualquer limitação do tipo de tráfego", aponta a NOS ao ECO.

Daqui se depreende que os beneficiários tanto podem usar o acesso que lhes é disponibilizado gratuitamente para fins educativos, como para fins lúdicos (ex. YouTube, Netflix), ou qualquer outro fim.

O aviso da NOS vai no sentido de tal uso poder colocar pressão desproporcional e injustificada sobre as redes. Algo que para a operadora nacional pode levar à degradação da qualidade dos serviços para a generalidade da população.

A qualidade do serviço da NOS pode baixar e a "culpa" é do YouTube e Netflix

Detetando já um padrão de utilização destes hotspots providenciados pelo Governo para alguns alunos, a NOS deixa o aviso à população geral, e em particular aos seus subscritores. A qualidade (velocidade) do acesso à Internet da rede NOS pode baixar.

A NOS recorda que ao abrigo das medidas excecionais previstas pelo Estado de Emergência, os operadores podem baixar ou condicionar o acesso a alguns serviços. Poderão fazê-lo para assegurar o acesso à Internet da população e dos serviços essenciais, mas, em caso de necessidade, isto pode vir a ter lugar.

O Governo prevê que até 435 mil alunos que beneficiam do escalão A e B podem receber portáteis e acesso à Internet ao abrigo do programa Escola Digital. Tal valor comportará uma carga extra para as operadoras de Portugal como é o caso da NOS.

Em síntese, se os alunos continuarem a usar a "Internet emprestada" para fins que não o de acesso às aulas, os utilizadores da rede NOS podem, no pior dos cenários, perder o acesso à Netflix e YouTube. Ao mesmo tempo, a qualidade e velocidade de acesso à Internet também pode baixar.

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Rui Bacelar
Rui Bacelar
O Rui ajudou a fundar o 4gnews em 2014 e desde então tornou-se especialista em Android. Para além de já contar com mais de 12 mil conteúdos escritos, também espalhou o seu conhecimento em mais de 300 podcasts e dezenas de vídeos e reviews no canal do YouTube.