Não confias no DeepSeek? Vê aqui as informações que pode ir buscar sobre ti

Pedro Alves
Pedro Alves
Tempo de leitura: 3 min.

Depois de se tornar na aplicação mais transferida nas principais ‘app stores’ mundiais e de afetar diretamente o valor das ações de algumas tecnológicas, o DeepSeek está rapidamente a tornar-se num alvo a abater por muitas tecnológicas, imprensa e governos.

E uma das principais razões prende-se com as questões de privacidade que este modelo de IA generativa ‘made-in-china' já começou a levantar.

Mas há mesmo razões para temer as informações recolhidas por esta ferramenta? Podemos, ou não, confiar no DeepSeek em relação ao uso que irá fazer sobre as informações que recolhe sobre os utilizadores?

Uma questão de política... de privacidade

Não confias no DeepSeek? Vê aqui as informações que pode ir buscar sobre ti
Imagem: App DeepSeek Google Play

Como em quase todas as Apps que usamos no nosso dia-a-dia, as respostas às nossas dúvidas sobre privacidade estão nas respetivas Políticas de Privacidade – aquelas que raramente lemos e que, quando isso acontece, nos deixam muitas vezes na mesma sobre as suas reais implicações...

Adrianus Warmenhoven, especialista em cibersegurança citado pelo Mashable, verificou a política de privacidade do DeepSeek e ficou a saber que os dados dos utilizadores, incluindo as conversas e as respostas geradas, são armazenados em servidores na China.

“Isto levanta preocupações devido à recolha de dados delineada - desde informações partilhadas pelo utilizador a dados de fontes externas -, que se enquadra nos riscos potenciais associados ao armazenamento desses dados numa jurisdição com diferentes normas de privacidade e segurança”, explica este especialista.

Práticas e procedimentos que deverás conhecer

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Imagem: Pixabay e DeepSeek, com edição 4gnews

Com base no resumo efetuado pela Mashable, eis os 3 tipos de práticas contempladas pela Política de Privacidade do DeepSeek – e os 9 procedimentos que estão descritos:

1 - As informações que disponibilizas

• Nome de utilizador, data de nascimento, endereço de e-mail, número de telefone, palavra-passe;

• Textos, áudio, prompts, feedback, histórico de conversas, ficheiros e outros conteúdos partilhados;

• Informações sobre data de contacto, provas de identidade e inquéritos;

2 - Informações recolhidas automaticamente

• Informações sobre a atividade na Internet e de rede como o endereço IP, identificador do dispositivo e cookies;

• Informações sobre o modelo do dispositivo, SO, padrões e/ou ritmos das teclas, idioma do sistema, informações de diagnóstico e desempenho, bem como as IDs automáticas do dispositivo e do utilizador;

• Funcionalidades utilizadas

• Informações de pagamento auto explicativas

3 - Informações recolhidas de outras fontes

• Serviços e contas de início e fim de sessão, de inscrição, ou associados às contas Google/Apple usadas nesses procedimentos;

• Medição de publicidade e de informações partilhadas por outros parceiros com a DeepSeek, por exemplo, como o que comprou nas respetivas lojas.

Abordagem cautelosa e proativa

O artigo do Mashable deixa no ar preocupações ao nível da biometria, da possível propaganda gerada a partir da informação recolhida, bem como ao nível da ligação desta ferramenta ao governo chinês, que poderá usar esses dados para atualizar e modelar o DeepSeek.

Por essa razão, Warmenhoven sugere uma ‘abordagem proativa’ dos utilizadores, bem como "o exame minucioso dos termos e condições de qualquer plataforma com a qual se envolvam.”

O Mashable cita também F. Mario Trujillo, advogado da Electronic Frontier Foundation, ao afirmar que “quando se escreve pensamentos e perguntas íntimas a um chatbot ou motor de busca, esse conteúdo deve ser protegido e não deve ser utilizado ou partilhado desnecessariamente. A melhor maneira de fazer isso é promulgar leis fortes de privacidade de dados que se apliquem a todas as empresas, seja Google, OpenAI, TikTok ou DeepSeek”.

E é com base nas leis atualmente existentes que já começaram as queixas formais sobre o DeepSeek. No dia 28 de janeiro Itália tornou-se no primeiro país a solicitar formalmente uma investigação a este modelo de IA generativa, relativa à forma como são tratados os dados pessoais dos utilizadores.

Este pedido segue-se a um pedido da Euroconsumers – que inclui a portuguesa DECO –, no qual revela ter encontrado “múltiplas violações dos regulamentos europeus e nacionais de proteção de dados”.

Pedro Alves
Pedro Alves
À paixão da escrita juntou a da Tecnologia e fez disso profissão durante duas décadas.