Há vários anos que a Motorola estava ausente do mercado de smartwatches. Agora regressou com o Moto Watch Fit. Não resistimos e testámos o modelo deste regresso.
Será que a marca, agora detida pela Lenovo, consegue impor-se num mercado com muitas e boas opções disponíveis? Quais os argumentos do novo Moto Watch Fit? Nas duas últimas semanas, usei-o no pulso, durante o dia e a noite, e agora partilho contigo as possíveis respostas a estas questões.
Unboxing
Como é habitual nos smartwatches, também este unboxing é rápido e simples. Na caixa há o Moto Watch Fit juntamente com um cabo de carregamento por pinos com USB-C.
Não há aqui mais nenhum acessório incluído e, na realidade, também não é preciso mais nenhum elemento físico para começares a usar este prático Moto Watch Fit da Motorola.
Design e conforto na utilização
O design do Moto Watch Fit é simples. Mas quando olhamos, por breves instantes, percebemos qual foi a inspiração; a semelhança com o Apple Watch é notória, com a Motorola a seguir o mesmo formato quadrado de cantos arredondados. Mas há uma grande diferença, o Moto Watch Fit não conta com coroa giratória. Tem apenas um botão na lateral que dá acesso ao menu de funcionalidades.
Inspirações à parte estamos perante um modelo muito leve; quase que não o sentimos no pulso. A estrutura em alumínio deve ser o componente mais pesado, mas o painel traseiro em plástico e a bracelete em tecido compensam tudo.
Este smartwatch pesa singelos 25 gramas e isso é uma virtude. Quer seja durante a atividade física ou à noite a dormir, o Moto Watch Fit não vai incomodar nada. É tão leve que, muitas vezes, nos esquecemos que o temos no pulso. Nesse sentido, é um smartwatch muito confortável de usar.
Falemos mais um pouco sobre o design. Neste caso específico, a Motorola não beneficiou da sua parceria com a Pantone, assim a estrutura do modelo apenas está disponível em cinzento-escuro, com a cor a ser dada pela bracelete verde.
O sistema de substituir a bracelete é prático e simples, basta carregar num botão do painel traseiro. Por sua vez, a pulseira é original no sentido em que é uma única fita com velcro na extremidade.
Desta forma, a marca assegura que o Moto Watch Fit vai adaptar-se a todos os pulsos, independentemente do seu tamanho. Este é um atributo muito bem-vindo para pulsos mais finos (como o meu). O Moto Watch Fit conta com certificação IP68 e 5 ATM para resistência a poeira e água.
Mas este smartwatch, sobretudo por assinalar o regresso ao mercado de wearables, merecia ter um estilo mais sedutor. A sua estética é simples, prática e funcional e apreciamos isso, mas falta aqui o fator X que nos leva à paixão.
Ecrã
O Moto Watch Fit está equipado com um ecrã OLED de 1,9 polegadas. Este painel fornece uma resolução de 442 por 348 pixéis e um brilho máximo de 1.000 nits. Acrescente-se ainda proteção Corning Gorilla Glass 3.
Na prática, estas especificações traduzem-se numa boa visualização dos dados que são exibidos no ecrã. Mesmo no exterior, o Moto Watch Fit fornece uma boa leitura das métricas, provando que mesmo tendo um brilho inferior a alguma da sua concorrência consegue o que é necessário.
O formato quadrado ajuda a que o tamanho de 1,9 polegadas pareça maior do que realmente é. Mesmo quando estamos em plena atividade física, conseguimos seguir os dados neste OLED. Para modelo de entrada de gama, o ecrã excede as expetativas.
Interface e app
A interface do Moto Watch Fit é intuitiva e simples, com o botão lateral a comandar as operações. Tudo porque é este botão que dá acesso imediato ao menu de funcionalidades. Com apenas um toque é exibida a lista de todos os recursos aqui disponíveis na saúde e desporto.
Deslizar o ecrã do relógio para baixo dá acesso a funções mais de utilidade, como lanterna, bloqueio de água, modo não incomodar, entre outros. Já fazer deslizar o ecrã para cima mostra as notificações recebidas. Com estes gestos simples e habituais, a interface é intuitiva de usar quer para quem é estreante em smartwatches ou é já um Pro neste tipo de equipamento.
Por sua vez, a app Moto Watch não só regista as métricas de saúde e de desporto, como permite personalizar o watchface. Existem oito opções à escolha, ainda que todas num estilo mais desportivo e menos premium.
A app está bem organizada e permite consultar todas as métricas recolhidas em cada dia, semana, mês ou ano. Os dados em tempo real são apresentados sob a forma de número enquanto os dados semanais, mensais e anuais estão representados em gráfico. Este é um atributo muito útil, para os utilizadores interessados em verificar as alterações no seu estado de saúde e prática do exercício físico.
Resta acrescentar que este smartwatch executa o sistema operativo RTOS e que é compatível com smartphones Android e iOS; esta compatibilidade universal é sempre bem-vinda, sobretudo se tivermos em conta que algumas marcas têm recursos que só funcionam dentro do ecossistema – ou seja, smartphone e smartwatch têm de ser da mesma marca para todos os recursos estarem disponíveis.
Mas atenção, pelo lado menos positivo, o Moto Watch Fit não integra microfones. O que significa que não atende chamadas telefónicas. E esta é uma funcionalidade muito útil que faz aqui falta.
Saúde e desporto
Para fazer justiça ao seu estilo mais desportivo, o Moto Watch Fit inclui 100 modos de desporto para atividades no exterior, mas também num ginásio. Reconhece automaticamente algumas das atividades – por exemplo, caminhada e corrida – e informa sobre as calorias queimadas, distância percorrida e duração do treino.
Um ponto bastante positivo é que o Moto Watch Fit está equipado com GPS. Por essa razão, as métricas recolhidas primam por ser mais precisas.
Conta também com anéis de atividade que informam sobre o tempo que estamos de pé, passos dados e calorias queimadas. E, periodicamente, emite um lembrete, avisando o utilizador de que precisa “de se mexer”.
Nos recursos de saúde faz a monitorização do batimento cardíaco, níveis de oxigénio no sangue, níveis de stress e monitorização do sono. Não dispõe de nenhum recurso mais complexo de saúde (como por exemplo, ECG), mas estamos a falar de um smartwatch que se posiciona no segmento de entrada de gama.
Ainda que esteja equipado com recursos mais básicos, o Moto Watch Fit é bastante competente na recolha de métricas, apresentando resultados fiáveis e dentro do intervalo de precisão desejável.
Autonomia
O Moto Watch Fit carrega através de um sistema magnético de pinos. Basta encostar a zona do cabo de carregamento com estes ditos pinos no painel traseiro para o dispositivo começar a carregar.
E, neste caso, não é necessário fazer grande ginástica para que os pinos “colem” ao painel, o que é muito bom. Um carregamento completo demora aproximadamente duas horas.
É anunciada uma autonomia de 16 dias para o Moto Watch Fit. Se ativares o modo de poupança de bateria, consegues chegar a esta autonomia campeã.
Se, como eu, tiveres tudo ativado e usares diariamente a monitorização dos parâmetros de saúde, sono incluído, com duas a três sessões de caminhada com a duração de 30 a 40 minutos, tens autonomia para uma semana inteira.
Para quem é o Motorola Moto Watch Fit
Este smartwatch acaba por ter um público-alvo bem definido que se divide em três grupos:
- Utilizadores que estão a usar, pela primeira vez, um smartwatch: pela sua interface simples e muito intuitiva de usar que não esconde os recursos disponíveis;
- Utilizadores que dão prioridade à autonomia: em modo poupança, o Moto Watch Fit consegue ter vida útil durante 16 adias;
- Utilizadores com um orçamento menos generoso: o preço abaixo dos 100 € é bastante apelativo e é conveniente para as carteiras. À altura de produção deste artigo, o Moto Watch Fit estava inclusive com um desconto de 30% que coloca o seu preço nos 69,99 €.
Este não é um smartwatch para utilizadores que procuram recursos de saúde mais avançados, como por exemplo ECG e monitorização de variabilidade de frequência cardíaca.
Conclusão
O Moto Watch Fit é, no geral, um bom, mas modesto regresso da Motorola ao mercado de smartwatches. Estamos perante um modelo de entrada de gama com um preço bastante acessível e com uma interface muito fácil de utilizar.
O seu peso-pluma de 25 gramas aliado a uma bracelete capaz de se adaptar a todos os pulsos fazem com que este wearable proporcione imenso conforto na utilização. Em plena atividade física ou até mesmo a dormir, quase que não damos conta de que o temos no pulso.
A autonomia, em modo poupança, chega a 16 dias; já numa utilização dita normal, há bateria para uma semana. Todos estes pontos pelo lado positivo.
Mas estamos perante um smartwatch modesto, que inclui os recursos de saúde mais básicos. Para os fãs de atividade física, dispõe de recursos mais apetecíveis, com 100 modos de desporto e GPS integrado. O ecrã também funciona bem dentro e fora de portas, graças ao ajuste automático de brilho.
O preço é em tudo sedutor, mas falta-lhe o fator X e recursos de saúde mais avançados para dizermos que o regresso da Motorola ao mundo dos smartwatches foi um perfeito sucesso.
