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Meta vai a julgamento e pode ter de vender o Instagram e o WhatsApp

Sabryna Esmeraldo
Sabryna Esmeraldo
Tempo de leitura: 4 min.

A Meta está oficialmente no banco dos réus a partir desta segunda-feira, em Washington. O julgamento, que deverá prolongar-se até julho, coloca a gigante tecnológica sob forte escrutínio judicial por alegadamente ter construído um monopólio ilegal ao comprar o Instagram e o WhatsApp.

Em cima da mesa está a possibilidade de Mark Zuckerberg ser obrigado a desfazer as aquisições e separar partes do seu império digital.

Aquisições sob a mira da justiça americana

julgamento meta
Imagem: Shutterstock / Sergei Elagin

De acordo com informações da Reuters, as autoridades antitrust dos EUA, lideradas pela FTC (Comissão Federal do Comércio), alegam que a Meta gastou milhares de milhões de dólares para comprar plataformas rivais e eliminar potenciais ameaças ao seu domínio nas redes sociais.

A compra do Instagram aconteceu em 2012 e a do WhatsApp em 2014, mas o processo foi aberto apenas em 2020, durante o primeiro mandato de Donald Trump. Segundo a FTC, a Meta terá usado estas aquisições como forma de "neutralizar a concorrência", consolidando a sua posição como principal plataforma para quem quer manter contacto com amigos e familiares online.

O objetivo agora é forçar a empresa a reestruturar ou vender partes-chave do seu negócio — nomeadamente o Instagram e o WhatsApp.

Meta contra-ataca: “Caso fraco”

A resposta da Meta não demorou. A diretora jurídica da empresa, Jennifer Newstead, publicou este domingo uma declaração onde descreve o caso como “fraco” e prejudicial ao investimento tecnológico.

“É absurdo que a FTC esteja a tentar desmembrar uma grande empresa americana ao mesmo tempo que o governo tenta salvar o TikTok, de propriedade chinesa.”

Este julgamento é visto como um teste direto à determinação do novo governo Trump em lidar com o poder acumulado pelas big techs. Vale lembrar que a Meta tem feito uma série de gestos políticos nos últimos tempos — desde rejeitar políticas de moderação de conteúdos criticadas por republicanos até doar 1 milhão de dólares para a cerimónia de posse de Trump.

Mark Zuckerberg também tem sido presença assídua na Casa Branca nas últimas semanas. A FTC, por sua vez, afirma estar mais do que preparada para o embate.

Zuckerberg vai ter de responder

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Imagem: Shutterstock / mundissima

Mark Zuckerberg deverá testemunhar durante o julgamento e será confrontado com e-mails onde admitia ver o Instagram como uma ameaça direta ao Facebook — e onde sugeria que a compra poderia evitar uma concorrência futura. Também será questionado sobre declarações relacionadas com o WhatsApp e o seu potencial de se tornar uma rede social rival.

A Meta defende que estas declarações estão desatualizadas, num mercado hoje marcado pela feroz concorrência de plataformas como o TikTok (da ByteDance), o YouTube (do Google) e até serviços da Apple. A empresa alega que, ao contrário do que diz a FTC, as suas aquisições beneficiaram os consumidores e promovem a inovação.

Segundo os autos do processo aos quais a Reuters teve acesso, a Meta deverá usar o breve bloqueio do TikTok nos EUA, em janeiro, como argumento para mostrar que os utilizadores migraram rapidamente para o Facebook e o Instagram. Isso provaria que há concorrência real e que as plataformas são, de facto, intercambiáveis.

A FTC, por outro lado, quer provar que a Meta detém o monopólio das plataformas de partilha entre amigos e familiares. De acordo com a agência, os únicos concorrentes relevantes nos EUA são o Snapchat e o MeWe. Redes como o TikTok, YouTube, Reddit ou X (ex-Twitter), onde o conteúdo é voltado para um público mais amplo e não baseado em relações pessoais, não seriam concorrência direta.

Perda pode ser catastrófica para a Meta

Embora a Meta não divulgue receitas específicas por plataforma, a consultora Emarketer estima que só o Instagram deva gerar este ano cerca de 37,13 mil milhões de dólares — mais de metade da receita publicitária da empresa nos EUA. Além disso, é a plataforma que mais rende por utilizador, superando até o Facebook.

O WhatsApp, por outro lado, ainda representa apenas uma pequena parte do lucro direto, mas é o maior serviço da Meta em número de utilizadores diários e tem vindo a intensificar o investimento em ferramentas de monetização, como chatbots e serviços de mensagens para empresas. Zuckerberg já afirmou que estes serviços são os que mais provavelmente impulsionarão a próxima grande fase de crescimento da empresa — à frente até do tão falado metaverso.

Este caso é apenas um entre vários que visam as grandes tecnológicas americanas. Além da Meta, a Amazon e a Apple também estão a ser processadas, e a Alphabet (dona do Google) enfrenta dois processos, incluindo um em que o governo tenta forçar a venda do Chrome.

Por agora, todas as atenções viram-se para Washington — e para um julgamento que pode redefinir o futuro das redes sociais tal como as conhecemos.

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Sabryna Esmeraldo
Sabryna Esmeraldo
Sabryna trabalha com comunicação há mais de dez anos e especializou-se a produzir conteúdos e tutoriais sobre aplicações e tecnologia. Consumidora de streamings e redes sociais, adora descobrir as novidades do mundo.