Além do entretenimento, os videojogos podem trazer benefícios cognitivos diretos para o cérebro humano, conforme revelou um estudo recente da revista Nature Communications em que os investigadores examinaram os dados cerebrais de 1.400 pessoas criativas envolvidas com atividades como dança, música, artes e jogadores de jogos de estratégia.
Uma das principais descobertas deste estudo foi a de que jogadores e artistas experientes têm cérebros de 4 a 7 anos mais jovens do que pessoas que não praticam atividades relacionadas aos jogos ou artes. No entanto, foi observado que novos jogadores também tiveram benefícios cognitivos em poucas semanas ao aprenderem a jogar títulos de estratégia.
Jogos de estratégia são elixir da juventude cerebral?
Para analisar o desempenho do cérebro em relação aos jogos, o estudo reuniu pessoas não gamers para aprender a jogar StarCraft II, um jogo de estratégia que exige criatividade para pensar em táticas, resolver problemas e lidar com diferentes estilos de jogo.
Durante 3 a 4 semanas, os participantes jogaram 30 horas no total. Após isso, os investigadores avaliaram as capacidades cognitivas dos cérebros destes participantes utilizando registos EEG (Eletroencefalograma). O resultado disso foi uma desaceleração do envelhecimento cerebral e aumento na eficiência cognitiva do cérebro (via Decrypt).
No entanto, o estudo indica que não são todos os jogos que trazem benefícios ao cérebro. O grupo de participantes que jogou StarCraft II apresentou registos cognitivos mais significativos do que os participantes que aprenderam a jogar Hearthstone, um jogo de cartas por turnos. Isso sugere que a complexidade do jogo e títulos de atividade em tempo real são as melhores opções para retardar o envelhecimento cerebral.
Os jogos trazem benefícios cognitivos, mas é importante continuar desafiando o cérebro
A pesquisa também indica que jogos de ação, como títulos de tiro em primeira ou terceira pessoa, oferecem ainda mais benefícios cognitivos. Isto porque esses jogos geralmente exigem que os jogadores tomem decisões rápidas continuamente, o que fortalece os sistemas de atenção do cérebro.
Aaron Seitz, professor de psicologia e diretor do Centro de Jogos Cerebrais para Aptidão Mental e Bem-estar da Northeastern University explicou ao The Washington Post que não é possível afirmar que passar longos períodos de gameplay são bons para a saúde do cérebro.
O especialista recomenda sessões médias, entre 30 e 60 minutos, além de experimentar jogos diferentes que irão desafiar o cérebro.
"Quando começas a ficar bom, não adianta mais. Precisas de enfrentar os desafios irritantes e difíceis.”
Outro ponto importante apontado pelos investigadores é que, apesar das melhorias cognitivas, os jogos eletrónicos não são capazes de fornecer os mesmos benefícios para a saúde mental associados à prática de exercício físico, como redução da ansiedade ou depressão.
