iPhone: afinal o telemóvel não é tão seguro como diz a Apple

Rui Bacelar
Rui Bacelar
Tempo de leitura: 3 min.

A última semana trouxe-nos alguns relatos preocupantes para com a aparente invulnerabilidade dos Apple iPhone aos olhares indiscretos e sistemas de rastreio do utilizador. Agora, temos mais informações apontando nesse mesmo sentido, levando-nos mais uma vez a questionar o quão privado, afinal, é o nosso iPhone.

Em causa está a investigação feita pelos peritos de segurança Tommy Mysk e Talal Haj Bakry que continuam a acrescentar novos capítulos à sua saga de Privacidade do iPhone. Centrando as suas investigações nos dados passíveis de identificar um utilizador específico e como é que esta informação é salvaguardada, ou não, pelo software e hardware da Apple.

Privacidade no Apple iPhone é forte, mas não perfeita

Apple iPhone Privacidade

O estudo desde duo de investigadores de segurança versou, sobretudo, sobre o parâmetro "dsId", os identificadores de serviço, com dados que podem chegar também ao utilizador. A propósito, esta sigla significa Directory Services Identifier, ou "dsid".

Tal como demos a conhecer na 4gnews em ocasião anterior, as conclusões prévias já apontavam para alguns lapsos e lacunas na inviolabilidade da privacidade no iPhone. Agora, à medida que os investigadores aprofundam a questão, as suas conclusões vêm levantar ainda mais o véu da privacidade no iPhone.

O pior de tudo? Os investigadores descobriram que ao ser gerado um dsId específico para cada conta de iCloud, é possível fazer a ligação a cada utilizador específico.

Ou seja, o Apple iPhone pode, afinal de contas, revelar dados como o nome, data de nascimento, email, e informação adicional associada ao serviço iCloud.

Dados sensíveis podem ser rastreados até ao utilizador final a partir do iCloud

🚨 New Findings:🧵 1/6Apple’s analytics data include an ID called “dsId”. We were able to verify that “dsId” is the “Directory Services Identifier”, an ID that uniquely identifies an iCloud account. Meaning, Apple’s analytics can personally identify you 👇 pic.twitter.com/3DSUFwX3nV

— Mysk 🇨🇦🇩🇪 (@mysk_co) 21 de novembro de 2022

As conclusões do estudo estão já divididas em mais de 5 publicações que podem consultar, na íntegra, através do Fio de Twitter acima. Face à natureza dos dados que podem ser recolhidos sobre o utilizador, o assunto atraiu grandes atenções dos media.

Por outro lado, na página oficial da Apple dedicada às informações de estatísticas e de privacidade, bem como o seu enquadramento legal, a gigante de Cupertino afirma que nenhuma informação colhida a partir do dispositivo para efeitos estatísticos pode ser encaminhada até ao utilizador final.

Apple mantém-se pétrea na defesa da privacidade do utilizador

To find out which apps may be tracking your activities on your iPhone, go to-settings-privacy & security > trackingThis will display all apps that are tracking you. If you don’t need them, you can turn them Off.

— LinkinForLife (@ForLinkin) 25 de novembro de 2022

Mais concretamente, a Apple afirma que todas as métricas colhidas para fins de estudo e estatísticas nunca revelariam o utilizador final. Porém, o estudo em questão, acima publicado através do Twitter, vem colocar em cheque estas afirmações.

Mais concretamente, a Apple afirma que as métricas colhidas para fins de melhoria do serviço e estatística podem incluir detalhes sobre o hardware e sistema operativo. Ademais, colhem também estatísticas de desempenho e informação sobre como é que os dispositivos usam as aplicações. Por fim, a Apple reitera que nenhuma informação colhida pode identificar pessoalmente o utilizador.

A Apple tem, historicamente, uma posição fincada na defesa da privacidade do utilizador. Porém, o estudo em questão vem trazer luz à necessidade da gigante de Cupertino reforçar as garantias de proteção dada aos seus utilizadores.

Pese embora a empresa possa, efetivamente, não recolher e analisar certas métricas que possam identificar o utilizador, o estudo vem mostrar que tal é possível.

Em suma, é algo que, na nossa modesta opinião, é fundamente que baste para um reforço das políticas de privacidade aplicadas aos Apple iPhone e demais dispositivos de Cupertino.

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Rui Bacelar
Rui Bacelar
O Rui ajudou a fundar o 4gnews em 2014 e desde então tornou-se especialista em Android. Para além de já contar com mais de 12 mil conteúdos escritos, também espalhou o seu conhecimento em mais de 300 podcasts e dezenas de vídeos e reviews no canal do YouTube.