Investigação na Uber revela que empresa 'esconde' casos de motoristas problemáticos

António Guimarães
António Guimarães
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De acordo com o Washington Post, a equipa de investigação interna da Uber teve os seus procedimentos expostos por Lilli Flores, uma ex-investigadora. Flores afirma que a Uber encobre casos de motoristas problemáticos, colocando em risco a qualidade do serviço e a segurança dos clientes.

A unidade SIU (Special Investigations Unit) da Uber tem uma tarefa: investigar incidentes com motoristas. No entanto os investigadores são proibidos pela Uber de dar informações às autoridades ou aconselhar clientes lesados, protegendo os interesses da empresa acima de tudo. Estes procedimentos foram confirmados por 20 investigadores entrevistados pelo Washington Post.

"O nosso trabalho é evitar que a Uber seja responsabilizada"

Lilli Flores admitiu na entrevista que a função principal dos investigadores da SIU é 'suavizar' as conversas entre o cliente e o motorista. Esta mediação tem que ser feita de forma a que a Uber não seja prejudicada nem responsabilizada pelos incidentes.

Só em Chicago, 300 casos envolveram assédios sexuais

O Washington Post recolheu dados que revelam cerca de 300 casos envolvendo assédios sexuais, na cidade de Chicago. Os motoristas envolvidos foram expulsos da Uber mas potencialmente recrutados por outras empresas como Lyft.

Num dos casos revelados, um motorista da Uber em Nova Iorque recebeu 3 queixas separadas de assédio sexual a clientes. Após investigação, a Uber permitiu ao motorista a continuação das funções. Isto até o mesmo receber uma quarta queixa mais séria, onde uma cliente alegou violação.

Supostamente, a Uber tem um sistema onde 3 incidentes resultam em expulsão do motorista da plataforma. Contudo, a Uber abriu várias excepções para manter os motoristas a trabalhar para a empresa.

Quando a Uber expulsa um motorista, a empresa não revela dados

Mesmo quando a Uber age sobre os incidentes e expulsa um motorista problemático, a empresa não partilha quaisquer dados. O correto seria alertar as autoridades sobre o indivíduo e enviar informações sobre o seu comportamento a outras empresas para que motoristas potencialmente perigosos sejam facilmente identificados.

Motoristas são trabalhadores independentes e a Uber 'lava as mãos do assunto'

A raíz do problema é que a Uber insiste em não se responsabilizar pelos seus motoristas, pois são considerados trabalhadores independentes. Caso os motoristas fossem trabalhadores sob contrato com a empresa ou mesmo por sub-contratação, as repercussões legais seriam completamente diferentes.

Na verdade, esta situação tem gerado descontentamento com os motoristas. Tanto que nos Estados Unidos, vários trabalhadores da Uber e empresas de transporte privado tem feito greves, exigindo melhores condições de trabalho como aumentos de ordenado, seguros de saúde e planos de reforma.

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António Guimarães
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Juntamente com os seus atuais companheiros Mi A2 e Surface Go, batalha para elucidar as massas sobre todos os acontecimentos da esfera tecnológica. "Informação é poder" é a frase que o acompanha diariamente. Talvez um dia a coloque numa t-shirt.