Huawei lança novo smartphone Pro já desatualizado. Entende!

Rui Bacelar
Rui Bacelar
Tempo de leitura: 4 min.

A Huawei continua impedida de prosseguir a sua principal atividade de produção e desenvolvimento de dispositivos móveis fruto do bloqueio comercial imposto pelos Estados Unidos da América. Como tal, depende unicamente das soluções desenvolvidas no mercado doméstico que, como ora vemos, estão particularmente desfasadas da atual tecnologia de ponta empregue pelas rivais.

Em particular apreço está o mais recente processador empregue pela Huawei no seu novo smartphone topo de gama, o Huawei Mate 60 Pro. O telefone usa um chipset com litografia de 7 nm, profundamente desatualizada se valorizam o máximo desempenho e eficiência energética para dispositivos móveis.

Huawei usa o processador Kirin 9000 no seu Mate 60 Pro

Huawei Mate 60 Pro imagem

Ainda que a fabricante não tenha especificado qual é o processador empregue no novo telemóvel topo de gama - e agora percebemos o porquê de tal ocultação - certo é que a marca não tinha outra escolha.

A única opção é continuar a usar estes antigos processadores nos seus smartphones, caso queiram continuar presentes nesse mercado. Ora, é precisamente isso que a marca chinesa fez neste novo lançamento, ainda que alguns "ajustes".

Huawei Mate 60 Pro
Os vários esquemas de cor para o novo smartphone Huawei Mate 60 Pro.

O telefone foi revelado oficialmente no final de agosto e, pouco depois, uma desmontagem criteriosa do telemóvel acabou por revelar a presença deste chipset a 7 nm. Note-se ainda que o telefone deve permanecer um exclusivo do seu mercado doméstico.

Enquanto isso, o próximo smartphone iPhone 15 Pro da Apple terá já um chipset a 3 nm, uma litografia muito mais avançada, poderosa e eficiente. É este o verdadeiro busílis da questão, o fator que o torna essencialmente desatualizado em 2023.

Huawei Mate 60 Pro imagem

A desmontagem em apreço foi realizada pela publicação TechInsights, dando-nos a conhecer todos os segredos do Mate 60 Pro da Huawei.

Aí encontraram o processador de 7 nanómetros foi desenvolvido pela Huawei, bem como pela chinesa Semiconductor Manufacturing International Corp. (SMIC),

Kirin 9000 pode estar a infringir as sanções aplicadas pelos EUA

The heart of the new #HuaweiMate60Pro, the SoC #Kirin9000s compared with the predecessor #Kirin9000.#huaweimobile #soc @HCNewsroom#hisilicon pic.twitter.com/6z6xxWAhVF

— Fabrizio Degni (@fabrizio_degni) 30 de agosto de 2023

Em todo o caso, este processador Kirin 9000 é o primeiro a utilizar o processo de fabrico ou tecnologia de 7 nanómetros da SMIC, atualmente o máximo que a China consegue produzir.

Aliás, existem ainda várias incertezas quanto aos reais progressos feitos pelas empresas chinesas, fruto das "listas negras" dos Estados Unidos.

Huawei Mate 60 Pro: The world's first smartphone with fully-capable satellite connection, messages, and calls. Stay connected even in the most remote areas, like the mountains or the desert.Features:6.82-inch OLED display with a 120Hz refresh rateKirin 9000 mobile processor… pic.twitter.com/LMkiGMebLv

— Luxama P Lewis. (@PLouisLuxama) 30 de agosto de 2023

Em boa verdade, este processador da Huawei e da SMIC, apesar de oficialmente não poder suportar o acesso às redes móveis 5G, entrega uma ligação 4G LTE com velocidades muito próximas do padrão 5G.

Ora, é este um sinal de alerta para potenciais infrações das fabricantes chinesas às sanções impostas pelos EUA, tal como aponta a agência Bloomberg.

Quanto menor a litografia (nm), maior o desempenho e eficiência energética

The Huawei mate60pro Internet speed is full in the subway, Huawei Mate60pro has achieved a breakthrough, with a network speed of up to 1.4Gbps! Huawei is awesome! Tianjin Mobile's network is impressive too! Only the Kirin 9000s chip from Huawei Mate6opro can surpass the Mate… pic.twitter.com/R7corVdraX

— Johannes Maria (@luo_yuehan) 2 de setembro de 2023

Tal como avança a publicação Taiwan Times, é improvável que a China consiga dobrar este autêntico Cabo Bojador da indústria dos semicondutores. Mas, afinal, porque importa tanto este valor dos nanómetros? Bom, nesta indústria mobile importa e bastante!

Na eventualidade de o novo telefone da Huawei conquistar a preferência dos consumidores, sobretudo no mercado doméstico, este sucesso poderia erodir a posição dominante da Qualcomm e MediaTek. Porém, como avançam os media locais, este será um fenómeno muito breve, na melhor das hipóteses.

Qualcomm e MediaTek continuarão a liderar o mercado dos Chips

"I'm Raimondo, this time I endorse Huawei"Chinese parody ad of Huawei Mate 60 Pro which just released with 100% Chinese made components.Mate60 debuted just as US Secretary of Commerce Gina Raimondo visited China pic.twitter.com/O7mdyESPeX

— Carl Zha (@CarlZha) 30 de agosto de 2023

É improvável que a China e respetiva indústria dos semicondutores consiga, por si, contornar as dificuldades no avanço do processo de fabrico de chipsets. Algo que colocará os smartphones e dispositivos móveis unicamente dependentes da suas soluções numa irremediável posição de desvantagem.

Ao passo que as empresas fora da China já popularizaram o padrão de 5 nm, e teremos ainda este ano novos iPhone com processadores a 3 nm no mercado, os chipsets da Huawei e da China ficam cada vez mais para trás nesta imperdoável indústria.

O Huawei Mate 60 Pro é, em suma, um telemóvel totalmente Made in China, desafiando abertamente os padrões norte-americanos. É, em si, um prodígio da tecnologia apesar de todas as restrições e condicionantes que dificilmente serão ultrapassadas pela China.

[speedtest] Huawei Mate60pro#mate60pro #HuaweiMate60Pro #Huawei pic.twitter.com/AZo2BU7cVD

— 小雨 🍥 (@404notfound_wxy) 31 de agosto de 2023

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Rui Bacelar
Rui Bacelar
O Rui ajudou a fundar o 4gnews em 2014 e desde então tornou-se especialista em Android. Para além de já contar com mais de 12 mil conteúdos escritos, também espalhou o seu conhecimento em mais de 300 podcasts e dezenas de vídeos e reviews no canal do YouTube.