A Huawei continua impedida de prosseguir a sua principal atividade de produção e desenvolvimento de dispositivos móveis fruto do bloqueio comercial imposto pelos Estados Unidos da América. Como tal, depende unicamente das soluções desenvolvidas no mercado doméstico que, como ora vemos, estão particularmente desfasadas da atual tecnologia de ponta empregue pelas rivais.
Em particular apreço está o mais recente processador empregue pela Huawei no seu novo smartphone topo de gama, o Huawei Mate 60 Pro. O telefone usa um chipset com litografia de 7 nm, profundamente desatualizada se valorizam o máximo desempenho e eficiência energética para dispositivos móveis.
Huawei usa o processador Kirin 9000 no seu Mate 60 Pro
Ainda que a fabricante não tenha especificado qual é o processador empregue no novo telemóvel topo de gama - e agora percebemos o porquê de tal ocultação - certo é que a marca não tinha outra escolha.
A única opção é continuar a usar estes antigos processadores nos seus smartphones, caso queiram continuar presentes nesse mercado. Ora, é precisamente isso que a marca chinesa fez neste novo lançamento, ainda que alguns "ajustes".
O telefone foi revelado oficialmente no final de agosto e, pouco depois, uma desmontagem criteriosa do telemóvel acabou por revelar a presença deste chipset a 7 nm. Note-se ainda que o telefone deve permanecer um exclusivo do seu mercado doméstico.
Enquanto isso, o próximo smartphone iPhone 15 Pro da Apple terá já um chipset a 3 nm, uma litografia muito mais avançada, poderosa e eficiente. É este o verdadeiro busílis da questão, o fator que o torna essencialmente desatualizado em 2023.
A desmontagem em apreço foi realizada pela publicação TechInsights, dando-nos a conhecer todos os segredos do Mate 60 Pro da Huawei.
Aí encontraram o processador de 7 nanómetros foi desenvolvido pela Huawei, bem como pela chinesa Semiconductor Manufacturing International Corp. (SMIC),
Kirin 9000 pode estar a infringir as sanções aplicadas pelos EUA
Em todo o caso, este processador Kirin 9000 é o primeiro a utilizar o processo de fabrico ou tecnologia de 7 nanómetros da SMIC, atualmente o máximo que a China consegue produzir.
Aliás, existem ainda várias incertezas quanto aos reais progressos feitos pelas empresas chinesas, fruto das "listas negras" dos Estados Unidos.
Em boa verdade, este processador da Huawei e da SMIC, apesar de oficialmente não poder suportar o acesso às redes móveis 5G, entrega uma ligação 4G LTE com velocidades muito próximas do padrão 5G.
Ora, é este um sinal de alerta para potenciais infrações das fabricantes chinesas às sanções impostas pelos EUA, tal como aponta a agência Bloomberg.
Quanto menor a litografia (nm), maior o desempenho e eficiência energética
Tal como avança a publicação Taiwan Times, é improvável que a China consiga dobrar este autêntico Cabo Bojador da indústria dos semicondutores. Mas, afinal, porque importa tanto este valor dos nanómetros? Bom, nesta indústria mobile importa e bastante!
Na eventualidade de o novo telefone da Huawei conquistar a preferência dos consumidores, sobretudo no mercado doméstico, este sucesso poderia erodir a posição dominante da Qualcomm e MediaTek. Porém, como avançam os media locais, este será um fenómeno muito breve, na melhor das hipóteses.
Qualcomm e MediaTek continuarão a liderar o mercado dos Chips
É improvável que a China e respetiva indústria dos semicondutores consiga, por si, contornar as dificuldades no avanço do processo de fabrico de chipsets. Algo que colocará os smartphones e dispositivos móveis unicamente dependentes da suas soluções numa irremediável posição de desvantagem.
Ao passo que as empresas fora da China já popularizaram o padrão de 5 nm, e teremos ainda este ano novos iPhone com processadores a 3 nm no mercado, os chipsets da Huawei e da China ficam cada vez mais para trás nesta imperdoável indústria.
O Huawei Mate 60 Pro é, em suma, um telemóvel totalmente Made in China, desafiando abertamente os padrões norte-americanos. É, em si, um prodígio da tecnologia apesar de todas as restrições e condicionantes que dificilmente serão ultrapassadas pela China.
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