A jornada da Google no mundo dos smartwatches tem sido uma maratona de evolução sustentada. Depois de algumas gerações com promessas e alguns "quases", o novo Pixel Watch 4 chega ao mercado para provar que a Google não só sabe fazer um bom relógio, como pode fazer o melhor relógio para o ecossistema Android. Passei a última semana com ele no pulso para descobrir se, desta vez, a promessa foi cumprida.
Característica | Detalhe |
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Tamanhos | 41 mm ou 45 mm |
Conetividade | Bluetooth/Wi-fi e/ou 4G LTE |
Ecrã | AMOLED LTPO, 1-60 Hz, 1-3000 nits |
Bateria | 325 mAh (41 mm) ou 455 mAh (45 mm) |
Processador | Qualcomm Snapdragon W5 Gen 2 |
Um design familiar, mas agora mais refinado e confortável
Ao tirares o Pixel Watch 4 da caixa, a primeira impressão é de familiaridade, mas com um toque de luxo. O design redondo e minimalista mantém-se, mas agora com um perfil mais fino e um novo ecrã "Actua 360" que é, sem dúvida, a estrela do espetáculo que é este produto.
As margens estão 16% mais pequenas, o que dá 10% mais área de ecrã útil, e a diferença nota-se. Tudo parece maior e mais imersivo. A Google aumentou também o brilho em 50%, atingindo uns impressionantes 3000 nits. Na prática, isto significa que consegues ver perfeitamente o ecrã, mesmo sob a luz solar mais intensa de um dia bem claro. Quando passamos muito tempo fora de portas essa diferença nota-se.
O conforto é outro ponto forte. Apesar de ser um utilizador com um pulso que se pode considerar fino, a versão de 45 mm nunca foi desconfortável, mesmo para dormir. E o facto de a caixa trazer duas braceletes de tamanhos diferentes é um pormenor de atenção que faz a diferença.
E a fechar, uma novidade importante para quem valoriza a longevidade de um produto que acaba por ser um investimento avultado para muitos utilizadores. Este é o primeiro Pixel Watch desenhado para ser reparável. Segundo a Google a bateria e o ecrã a podem ser substituídos. É algo que ao longo dos anos foi uma miragem e agora agradecemos.
A bateria que finalmente te deixa respirar e carregador mais intuitivo
A autonomia do Pixel Watch 3 de 45 mm já podia ser considerada boa. E a Google não abriu mão disso nesta geração. A marca promete uma autonomia entre 40 horas (com o ecrã sempre ligado) a 72 horas em poupança de energia. E nos meus testes, a promessa foi cumprida como era desejado.
Consegui, consistentemente, dois dias de utilização normal (sem a função de ecrã sempre ligado, a que não dou valor). Isto a receber notificações constantemente, com localização ligada, a monitorizar o sono e a fazer umas boas caminhadas pelo meio, sem me preocupar com o carregador. Esta paz de espírito é uma das melhores características que os mais ansiosos com a autonomia vão precisar.
E quando a bateria acaba, o carregamento está 25% mais rápido. Em cerca de 15 minutos, tens 50% de bateria. É o tempo de um duche rápido antes de sair de casa. O novo carregador magnético é também mais conveniente, pois coloca o relógio de lado e mostra informações úteis enquanto carrega. Acabou-se o carregador com pins bem menos conveniente.
Wear OS 6 e Gemini no pulso: a inteligência que faltava
O novo Wear OS 6.0, aliado ao processador atualizado, torna a experiência de utilização bastante fluida. A nova interface Material 3 Expressive foi transportada para este produto e é mais colorida e dinâmica. Adapta-se finalmente à cor do mostrador que escolhes, o que traz uma nova vida à personalização. Mas a verdadeira revolução é a integração do Gemini.
A nova função "Levantar para falar" é bastante útil. Basta levantares o pulso na direção da boca e podes começar a falar com o assistente, sem dizer "Hey Google". Podemos usá-lo para um vasto conjunto de ações, como perguntar pelo tempo, definir temporizadores enquanto cozinhamos, controlar as luzes de casa ou pedir direções no Maps. Ainda tem margem para melhorar, mas o gesto funciona grande parte das vezes que o tentamos.
É também aqui que encontramos uma das apostas mais fortes e, ao mesmo tempo, um dos pontos a ter em conta no relógio. A Google introduziu as Smart Replies, respostas inteligentes a mensagens que são processadas por um modelo de linguagem no próprio relógio, tornando-as mais contextuais e personalizadas.

O que deves ter em conta é que esta funcionalidade, uma das mais úteis para o dia a dia, só funciona se tiveres o relógio emparelhado com um telemóvel Google Pixel recente (a partir da série 8). É uma forma de a Google reforçar o seu ecossistema que deixa um sabor amargo para quem tem um smartphone Android de outra marca.
Um personal trainer e médico de pulso, agora mais preciso
A integração com a Fitbit continua a ser um dos pontos fortes, e o Pixel Watch 4 ficou ainda melhor nesta área. O GPS de dupla frequência torna o registo de corridas e passeios de bicicleta muito mais preciso, especialmente em zonas urbanas com prédios altos ou trilhos no meio de florestas. Para alguém como eu que por vezes gosta de levar o relógio e deixar o smartphone em casa, fica assim mais descansado.
A monitorização de sono também ficou 18% mais precisa graças a novos modelos de IA. Não podemos afirmar que é 100% precisa, mas é provavelmente a que melhor acertou nos meus hábitos de sono entre todos os relógios inteligentes que já testei. Diretamente no relógio ou na app, tens uma análise detalhada das tuas noites e da qualidade do teu sono.
A deteção automática de atividade também está mais inteligente. Se te esqueceres de iniciar um treino, o relógio deteta que estás a caminhar ou a correr e pergunta-te se queres registar a atividade retroativamente. Funções de saúde mais sérias, como a possibilidade de fazer um ECG ou a deteção de ritmo cardíaco irregular, continuam presentes e reforçam a posição como um relógio também focado no teu bem-estar.
Ainda neste campo é importante destacar a compatibilidade de Satélite SOS, que poderá fazer a diferença se tiveres de ligar para serviços de emergência em locais remotos, onde não existe Wi-Fi.
Para quem é este smartwatch?
- Para utilizadores de smartphones Android (especialmente da linha Pixel) que procuram a melhor e mais integrada experiência possível;
- Quem valoriza uma autonomia de bateria que aguente dois dias e acaba com a ansiedade diária do carregador;
- Para quem quer um balanço equilibrado entre um smartwatch "inteligente" para o dia a dia (notificações, assistente, pagamentos) e um monitor de fitness e saúde avançado (Fitbit).
- Utilizadores que apreciam um design minimalista e premium e estão dispostos a pagar por isso.
- Para quem já vive no ecossistema Google e quer tirar o máximo partido de serviços como o Gemini, Maps e Wallet diretamente no pulso.
Conclusão
O Pixel Watch 4 é, sem rodeios, o melhor smartwatch que a Google já fez e o novo padrão a bater no mundo Android. Resolve de forma exemplar o maior pecado deste tipo de produtos: a autonomia. Traz uma experiência de utilização aprimorada com um software mais polido, um ecrã de luxo e uma integração com o ecossistema Google que simplesmente funciona.
O preço é premium, mas, há que dizê-lo, a experiência que recebes em troca também o é. Se procuras o "smartwatch de referência do mundo Android", esta é, finalmente, a resposta que andavas à espera.